Qual o impacto da taxa Selic nos planos de previdência?

Recentemente, o Banco Central anunciou redução de um ponto percentual na Selic, a taxa básica de juro. Mas, qual é o impacto dessa decisão nos planos de previdência complementar? Ao aderir a um plano de previdência complementar, as contribuições podem ser investidas em renda fixa e renda variável. A parcela de alocação para cada tipo de contribuição varia de plano para plano, podendo chegar ao máximo de 49% para renda variável. De acordo com o sócio consultor da Consultorys Consultoria, empresa especializada em previdência complementar, Dionísio Jorge da Silva, a Selic funciona como balizador, um remunerador da renda fixa. "O impacto inicial dos investidores em previdência privada com a queda da Selic é um menor rendimento dos títulos que são vinculados a essa taxa", esclarece. Selic e previdência Segundo Silva, uma parte dos fundos de pensão concentra seus investimentos em títulos públicos, que estão atrelados à Selic. "Hoje, a principal característica dos fundos de pensão é que 70% das suas aplicações são destinadas à renda fixa. E desses 70%, entre 20% e 30% são formados por títulos públicos vinculados ao CDI/Selic. Com essa queda da Selic, há uma perda patrimonial momentânea nesses investimentos nos fundos de pensão". Diante desse cenário, os gestores dos planos de previdência já começam a buscar títulos privados, com o intuito de amenizar as perdas. "A dificuldade dos gestores em investir em títulos privados é a falta de opções no mercado e a troca do perfil conservador para o moderado ou até agressivo, uma vez que não há certeza sobre a solidez das empresas privadas no longo prazo", afirma o consultor. Questionado sobre a tendência dos planos de previdência abertos com relação à queda da Selic, Silva afirmou que o comportamento é o mesmo dos fundos de pensão, já que grande parte das contribuições desses planos também é destinada aos títulos de renda fixa. Hora de investir? Com a crise econômica e a redução da taxa básica de juro, surge a indagação se este é o melhor momento para aderir um plano de previdência. Silva destaca que é sempre interessante optar por este caminho. Porém, não basta apenas assinar o contrato, mas também, acompanhar o processo de perto, avaliando qual o destino das contribuições e quais são as características da carteira de investimento. Em geral, as carteiras devem buscar uma melhor diversificação, possibilitando um retorno do capital de forma mais equilibrada. "O problema, ao fazer um plano de previdência, é criar o hábito de monitorá-lo. Geralmente, as pessoas não comparam as cotas. Por exemplo, não verificam por que sua cota não rendeu tanto quanto as cotas dos planos de previdência de outras instituições financeiras. Isso faz com que percam a oportunidade de aumentar o seu patrimônio e, consequentemente, sua renda mensal na hora da aposentadoria". Resgate Para aquelas pessoas que possuem um plano de previdência há bastante tempo e, por isso, já podem começar a utilizar essa aplicação para a aposentadoria, Silva aconselha ter cautela na hora do resgate. "O ideal é esperar para fazer o resgate do plano de previdência, principalmente se o plano for atrelado à renda variável e à renda fixa, com títulos vinculados à Selic. Nesses casos, vale a pena esperar a estratégia do gestor, do plano e a recuperação do mercado", finaliza Silva. Fonte: Infomoney