Capitalização cresce e atrai R$ 8 bilhões

Títulos retomam o fôlego. Há dois anos, aplicações aumentam acima da inflação. O mercado de títulos de capitalização está atraindo um número cada vez maior de brasileiros. Desde 2007, o volume aplicado nesses papéis vem crescendo acima do índice de inflação oficial, o IPCA, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) mostram que, somente neste ano, mais de R$ 8 bilhões foram direcionados à compra de títulos, cuja principal característica é vincular a aplicação ao sorteio de uma bolada de dinheiro. Esse produto não foi afetado pela crise mundial, devido ao tipo de público a que se destina , explica o diretor executivo da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap), Hélio Portocarrero. Quem procura os títulos de capitalização tem uma certa propensão ao risco. O perfil é semelhante ao de quem joga na loteria. O diferencial é que a pessoa joga formando uma poupança, que pode ser resgatada parcial ou até integralmente no vencimento do título. É uma loteria com retorno , emenda. Portocarrero atribui o sucesso do produto a sua grande acessibilidade. Existem títulos de valores muito baixos disponíveis no mercado , afirma. Isto é, existem papéis que podem ser adquiridos por R$ 6 de única vez e outros com pagamentos mensais a partir de R$ 8. Além disso, é muito simples iniciar uma aplicação como esta , acrescenta. Nos casos mais simples, a pessoa compra o título de capitalização e concorre ao prêmio instantâneo, raspando as películas protetoras para encontrar três figuras iguais. O consumidor também se habilita a participar dos sorteios. Neste caso, depois de um ano, o comprador pode receber parte do que gastou. Há outras modalidades em que o aplicador paga parcelas mensais e também concorre a sorteios. Em alguns casos, a pessoa pode resgatar até a integralidade do que pagou. Cuidados De uma maneira geral, esses papéis são corrigidos pela Taxa Referencial de juros (TR), mas não costumam pagar rendimentos adicionais. Além disso, o diretor executivo da Fenacap observa que o aplicador pode resgatar seus recursos em até cinco anos depois do vencimento do papel. Basta que tenha o título guardado e se dirija diretamente à instituição emissora. A participação do Distrito Federal no mercado brasileiro de capitalização não é muito expressiva. Na verdade, corresponde a menos de 3% do total nacional. Durante muito tempo, o crescimento deste mercado foi vegetativo. Nos últimos anos é que tem conseguido um desempenho superior, devido ao investimento maior dos bancos neste produto , conclui o diretor executivo da Fenacap. Apesar da garantia de se receber de volta parte ou a totalidade do valor aplicado em capitalização, os compradores desses títulos devem se conscientizar de que não estão fazendo um investimento tradicional, como a caderneta de poupança e os fundos de renda fixa, que garantem ganhos além da TR. O diferencial da capitalização está nos sorteios de prêmios. Por isso, veja se realmente os títulos se encaixam no seu perfil e nas suas necessidades de caixa, pois os resgates antecipados são um péssimo negócio. A dica é não se deixar seduzir pelos gerentes de bancos, estes, sim, os maiores beneficiados pela venda dos títulos, pois garantem salários extras se cumprirem as suas metas de comercialização do produto. Xerife atento A Superintendência de Seguros Privados é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguros, previdência privada aberta, capitalização e resseguros. É ela que garante a lisura dos negócios. E tem a obrigação de defender o interesse de todos os participantes do mercado. Fonte: Correio Braziliense