Fenaseg entrevista: José Rubens Alonso fala sobre regulamentação

Fenaseg: Os principais órgãos reguladores do mundo discutem novas regras para o sistema financeiro. Quais as principais mudanças previstas para seguradoras nos EUA e na União Europeia?José Rubens: Os reguladores buscam identificar medidas que possam fortalecer o sistema financeiro e prevenir que crises dessa magnitude venham ocorrer. Nesse esforço, é preciso, antes de tudo, estabelecer um diagnóstico dos principais fatores que levaram à crise. Identificar os pontos fracos ou falhos da regulação, promover a equiparação das regras, além das fronteiras, fortalecer as estruturas de capital, entre outras medidas. Neste momento, no entanto, não parece haver um consenso quanto à natureza e alcance das medidas. Fenaseg:Tais mudanças podem ser exigidas pelos órgãos reguladores de todos os países? José Rubens: Uma das áreas de consenso é a necessidade de maior coesão e alinhamento entre os reguladores. Na medida em que os mercados ignoram as fronteiras se torna imprescindível que os reguladores atuem de maneira coordenada.Fenaseg: De que forma essas mudanças afetarão o Brasil? José Rubens: Os reguladores do sistema financeiro brasileiro estão comprometidos em seguir, com rigor e rapidez, as recomendações das entidades internacionais (em especial o Comitê da Basiléia e o IAIS). Acredito que assim que as propostas forem colocadas, as mudanças serão incorporadas, na dose e na medida em que fizerem sentido, consideradas as peculiaridades dos mercados locais.Fenaseg: Quais serão os segmentos mais afetados?José Rubens: As entidades representativas do mercado segurador têm procurado mostrar, no âmbito das discussões em andamento, que existem diferenças significativas entre os mercados de seguro e o mercado financeiro. Os problemas enfrentados pela AIG contribuíram para uma percepção de que o mercado segurador teve um papel importante na crise, o que não é corroborado se feita uma análise minuciosa dos fatos. Pelo contrário, o mercado segurador mostrou-se sólido. Obviamente, algumas lições da crise poderão colaborar no aperfeiçoamento das medidas a serem tomadas no escopo do projeto Solvency II. Mas é absolutamente crucial que não se submeta o mercado segurador a uma sobre-regulação desnecessária e contraproducente.Fonte: Fenaseg