Qualidade para atender a longevidade

Dona de um índice invejável de longevidade no país – 78,6 anos para quem nasce por aqui ante 73,9 no Brasil –, Blumenau tem uma pergunta a ser respondida: qual estrutura tem a oferecer a uma população que vive cada vez mais? Embora existam políticas voltadas ao atendimento dos idosos, especialistas garantem que estamos muito longe do ideal. Com 10% da população do município acima de 60 anos, cerca de 30,5 mil, segundo o IBGE, e que cresceu 130% entre 1990 e 2012, a necessidade de investimentos públicos e privados é urgente. Há quem diga que apostar em empreendimentos voltados a esta parcela de moradores é garantia de bons negócios.

Médico geriatra, Roberto Esmeraldino explica que, diferente dos países de primeiro mundo, que desde a década de 1940 já tinham uma população com mais idade, o Brasil começou a pensar em políticas para esta classe depois de 1980.

– O governo não estava preparado, mas está acordando. As cidades precisam se ajustar de maneira rápida. Hoje, o idoso tem um papel diferente na sociedade, ele quer se sentir útil, tem vontade de aprender – observa.

O comportamento do consumo da terceira idade tem mudado nos últimos anos, conforme o professor da História da Economia da Furb, Sidnei Silva. No entanto, Silva diz que o mercado ainda precisa acordar em alguns ramos, como alimentação e vestuário. Para ele, as farmácias já conhecem bem o mercado que têm em mãos, oferecem entrega em casa, descontos e benefícios exclusivos para pessoas com mais de 60 anos.

Em 2010, a primeira aluna da personal trainer Thais de Macedo Lanser tinha 68 anos. Atualmente, atende essa e outras duas senhoras. O treinamento, que ocorre na residência da pessoa, é voltado para o fortalecimento da musculatura e alongamento. A profissional já percebeu que o mercado voltado para atender a terceira idade é promissor.

– Os idosos estão sabendo mais sobre a necessidade de cuidar da saúde. Gosto muito de trabalhar com pessoas da terceira idade. São clientes fiéis, que não deixam de fazer aula por qualquer motivo. Além do mais, se tornam bons amigos – explica.

Rosane Magaly Martins, presidente do Instituto Ame Suas Rugas, vai mais longe ao afirmar que o próprio mercado de trabalho não percebeu ainda que pode absorver a mão de obra deste público, que muitas vezes deseja continuar a ter uma ocupação. Escritora de mais de cinco livros sobre o envelhecimento, Rosane comenta que não adianta o poder público dar apenas entretenimento e lazer, é preciso oferecer capacitação e inserção ao novo idoso.

– As cidades não estão preparadas, as pessoas não estão preparadas, a saúde não está preparada. A gente está vivendo mais tempo, mas o que está se fazendo com esse tempo a mais? – questiona.

Infraestrutura atrai para o Litoral

Uma das cidades mais procuradas por aposentados e idosos, Balneário Camboriú estima que cerca de 20% da população tenha mais de 60 anos. Para o secretário de Inclusão Social, Luiz Maraschin, a procura pode estar ligada à infraestrutura urbanística e de atendimento do município.

– Por ser uma cidade plana e com tudo perto, acredito que estes atrativos a mais pesem no momento da escolha por parte dessa população – avalia.

Fonte: Click RBS