SC mantém trajetória de crescimento

Presidente do Sindicato das Seguradoras de Santa Catarina, Paulo Lückmann acredita que as seguradoras catarinenses não vão ter grandes dificuldades para obter mais um resultado positivo neste ano, apesar da piora dos indicadores econômicos. A diversificação da economia local, ao lado de taxa de expansão acima da média nacional, o mercado de trabalho aquecido e o reconhecimento da importância do seguro por parte da população são alguns dos trunfos das seguradoras. Confira a íntegra da reportagem exclusiva- a segunda da séria organizada pelo Portal da CNseg.

- No caso da região de abrangência do seu Sindicato, quais os efeitos da desaceleração (ou estagnação) econômica na venda de seguros e quais as modalidades que devem ser mais afetadas?

- A economia catarinense é bastante diversificada e está organizada em vários polos distribuídos por diferentes regiões do Estado. Como qualquer outro estado, sempre que a economia desacelera há um impacto negativo para toda região, atingindo todos os ramos. Santa Catarina, no entanto, continua superando a média brasileira de crescimento, por ser um estado bem desenvolvido, e acredito que deve continuar crescendo bem acima do PIB em todos os ramos.                                

- Também a perspectiva de redução do emprego, inflação elevada e juros altos são outros fatores prejudiciais ao crescimento das vendas? Como cada um desses fatores afeta o mercado segurador?

No dia 3 de fevereiro de 2015, o governador Raimundo Colombo, em mensagem aos deputados, destacou o bom momento econômico de Santa Catarina, com geração recorde de emprego e crescimento acima da média nacional, mas lembrou que, em 2015, será um ano com desafios diante das medidas de ajustes financeiros Existe uma camada da população que passou a entender que o seguro é importante, mas, infelizmente, o seguro não faz parte da necessidade básica. Isso é resultado da cultura brasileira. Vários fatores contribuem para a redução de crescimento. A inflação em alta, por exemplo, faz com que as famílias “cortem gastos”, já que não conhecem o princípio e a importância de repor o “bem/patrimônio” por meio do seguro, cuja compra é colocada em segundo plano.

  - Nesse cenário de crescimento pífio, é possível que haja uma concorrência predatória do mercado, ainda mais com os juros básicos mais elevados, ou o mercado vai preferir manter a cautela?

- O mercado de seguros no estado está bastante acirrado, cada seguradora buscando ampliar seu market share, dentro dos princípios básicos de cautela e redução de despesas. Acredito que este será o cenário para o ano que segue.

- Em várias regiões, a convivência com elevados indicadores de violência é também um problema grave. Na sua região, o mercado tem notado avanço da sinistralidade em quais modalidades em razão do recrudescimento da violência?

- A onda de ataques em Santa Catarina começou em novembro de 2012, com 63 casos, segundo a imprensa. Em 2013 ocorreram 121, e em 2014 foram registrados 105 ataques.  Lamentavelmente, esses índices estão acelerados em todo o País e, como mostram as estatísticas acima, Santa Catarina infelizmente contribui e muito. Recentemente, tivemos a onda de ataques incendiários a ônibus, ao lado de crescimento de furtos e roubos. E o mais preocupante são as rodovias que cortam nosso estado, em situação precária e em sua maioria com pistas simples. Responsáveis por todo o escoamento de produção do oeste do estado para os portos, estas rodovias representam desafios a mais para o tráfego de carretas e caminhões, já que apenas a BR101 é duplicada parcialmente. Em consequência dessas dificuldades, elevam-se a frequência e severidade de sinistros, principalmente no RCF, no qual temos os maiores índices do País.      

- Os fatores climáticos extremos são outra fonte de preocupação e de despesas inesperadas pelas seguradoras. Há procedimentos de subscrição de riscos para adequar valores de prêmios aos riscos provocados por catástrofes naturais. As indenizações por estes motivos já são significativos?

-  A região Sul, frequentemente, sofre com eventos climáticos, principalmente com granizo e vendavais localizados. Recentemente, o mercado indenizou valores expressivos, e cada seguradora está tomando medidas para adequação dos seus riscos.  Não podemos mais dizer que os fatores climáticos são despesas inesperadas, pois o setor de meteorologia está à disposição de qualquer segmento para contribuir com análises e previsões. O SindsegSC, desde 2008, vem trabalhando no estado, com profissionais de renome, realizando Painéis sobre Mudanças Climáticas, para em formato de contribuição alertar a sociedade.

- Em tempos de economia em marcha lenta ou em recessão, é comum o avanço da fraude. Na sua região, quais as tentativas de golpes mais comuns contra as seguradoras?

- Realmente, é um período em que é necessário redobrar os cuidados com a fraude. Em Santa Catarina lamentavelmente não é diferente das outras regiões neste quesito, as mais comuns são simulação de acidentes, troca de responsabilidade por acidentes, troca de condutores quando menores, falsa declaração de roubo ou furto, entre tantos outros.

- Considerando-se que as regiões brasileiras apresentam desempenho econômico diverso, dado o seu perfil, quais as modalidades que mais devem crescer na região e quais devem ficar com expansão abaixo do esperado.

- Acreditamos que vamos manter o crescimento do ano passado.

- No ano passado, qual foi a taxa de expansão de sua região. Ficou abaixo da expectativa inicial do mercado? Quais fatores foram mais relevantes para o resultado?

Os dados mostram que, em jan./dez. de 2014, o faturamento do mercado atingiu quase R$ 194 bilhões, o que representou aumento nominal de 8,9% sobre o volume no mesmo período de 2013, percentual que se compara desfavoravelmente com os 13,4% de acréscimo da mesma variável em jan./dez. de 2013 sobre jan./dez. de 2012. Como porcentagem do PIB, a arrecadação dos produtos regulados pela Susep foi de 3,8% em jan./dez. de 2014, com aumento de 0,1% sobre o dado correlato de 2013. Os dados atestam o impacto desfavorável da desaceleração do PIB e do aumento da inflação sobre o mercado de seguros nacional, sendo importante mencionar o fato de que o mercado como um todo, ainda assim, conseguiu manter taxa de expansão real positiva (acima da inflação) de sua receita total. Santa Catarina não ficou abaixo da expectativa, tivemos vários fatores que foram relevantes para o resultado, e não podemos esquecer que foi o ano da Copa do Mundo no Brasil, das eleições e de muitos holofotes direcionados para o nosso País e estado.

- Em 2015, qual a mediana das previsões do mercado local?

- De acordo com o relato do presidente Marco Rossi (CNSeg), mesmo trabalhando com um PIB bastante conservador, sem muita expressão, o mercado vai continuar sua rota de crescimento na casa de dois dígitos. Santa Catarina não será diferente, prevemos um crescimento entre 6 a 8%. O país registrou nos últimos dez anos um dos melhores resultados do mundo: 245,9% de crescimento consolidado. Sem sombra de dúvida, muitas coisas dependem do cenário socioeconômico, mas será um grande desafio, e acredito que os catarinenses têm força e criatividade para superar este cenário.

- Há problemas específicos de sua região que afetam o mercado segurador, como, por exemplo, a presença de associações automotivas? Pode detalhá-los.

Sim, também enfrentamos mais este problema. Algumas associações e cooperativas estão comercializando ilegalmente seguros de automóveis em Santa Catarina, principalmente na região sul do estado. O SindsegSC, em outubro de 2013, desenvolveu um flyer para o consumidor, que destaca as “Escolhas Certas Evitam Esforços”. Somos um dos segmentos mais dinâmicos e é inaceitável a venda de um produto que pode deixar o segurado sem garantia. Um dos papéis do seguro é proteger os bens adquiridos pelo ser humano, e um falso seguro lhe traz mais problemas do que garantia. Entre as prerrogativas do SindsegSC, uma delas é orientar e esclarecer os consumidores, para ter a certeza que o produto é de garantia, por este motivo a criação de flyers e chamadas de alerta para a sociedade.

- O senhor concorda que a alta dos impostos, tarifas, corrosão salarial podem reduzir o ritmo de compra de bens duráveis e, em consequência, dos seguros para protegê-los?

- Difícil prever, mas, pelas experiências passadas, concordo que teremos redução, e, neste sentido, temos de ampliar, criar, buscar novos nichos de mercado, levar a proteção para aqueles que ainda não estão protegidos. Neste momento, se vê a importância da entidade do seguro (os Sindseg’s) em multiplicar e aculturar informações sobre o seguro.

Fonte: CNseg