Acidente com 51 mortos em Santa Catarina traz lições que precisamos aprender

Santa Catarina foi palco há poucos dias do maior acidente com ônibus da nossa história, considerando o número de mortos em um único veículo. Nada menos que 51 pessoas morreram no local.

Infelizmente, a prática ensina que nos primeiros dias a cobertura da imprensa é grande e as pessoas ficam chocadas, acompanham o drama dos familiares das vítimas, mas quando são enterrados os primeiros corpos, seguimos em frente, quase que aceitando o que ocorreu.

No nosso entendimento, acidentes são uma fonte de ensinamento que não pode ser desperdiçada, pois custa a vida de muita gente. É preciso aprender com eles e tomar medidas para que não se repitam.

A grande lição dessa tragédia é que um acidente não ocorre apenas por um fator, e sim por uma soma de situações. No caso específico deste acidente de ônibus temos vários ingredientes: ônibus velho, sem cinto de segurança, motorista cansado, documentação irregular, excesso de passageiros, estrada perigosa, velocidade excessiva, enfim um cardápio de fatores que contribuíram para a desgraça.

Entretanto, independente da perícia do acidente, já ficou comprovado que o fator humano teve uma grande contribuição neste caso, principalmente devido ao cansaço do motorista. Ele saiu na sexta-feira de União da Vitória no Paraná e, devido a problema mecânico, parou depois de duas horas de direção e ficou a noite em claro tentando consertar o veículo. Quando chegou o ônibus reserva na tarde de sábado ele estava esgotado, mas decidiu seguir viagem mesmo assim. Essa é a primeira grande lição, o condutor tem que estar descansado, caso contrário coloca em risco a sua vida e de terceiros. E, no caso deste motorista, ele perdeu um filho que o acompanhava.

Mas o pior é que esse acidente poderia ser evitado caso não tivessem revogado a Lei do Descanso dos Motoristas Profissionais e ela fosse fiscalizada de fato. Lamentavelmente a revogação, ocorrida 11 dias antes do acidente, foi para aprovar um novo texto que podemos chamar de Lei da Fadiga, pelo número absurdo de horas de trabalho a que são submetidos os motoristas profissionais.

Fonte: Rodolfo Alberto Rizzotto | Equipe DPVAT