Poluição ambiental mata mais no mundo

As operadoras de Saúde Suplementar e as entidades de Previdência e Vida devem olhar, com atenção, o novo relatório da agência ambiental das Nações Unidas, a ONU Meio Ambiente, e identificar um inimigo oculto na curva de sinistralidade de seus planos: a poluição ambiental, responsável anualmente por quase um quarto – ou 12,6 milhões – de todas as mortes de seres humanos. O relatório, considerado o mais consistente sobre o tema, destaca 50 políticas para combater a degradação dos ecossistemas. “Nenhum de nós agora está a salvo. Logo, todos nós temos de agir”, alerta o diretor-executivo da ONU Meio Ambiente, Erik Solheim.

Segundo o estudo, em 80% dos centros urbanos a qualidade do ar não atinge os parâmetros de saúde estipulados pela ONU. E pior: mesmo fora dos grandes centros, são grandes as chances de que o indivíduo faça parte do grupo de 3,5 bilhões de pessoas que dependem de mares poluídos para se alimentar ou da parcela da população mundial que não tem acesso a banheiros adequados – 2 bilhões de pessoas.

Os 50 maiores lixões do planeta trazem riscos à vida para outros 64 milhões de indivíduos, segundo texto divulgado pela ONU. Por ano, 600 mil crianças sofrem danos cerebrais devido à presença de chumbo em tintas.

O relatório chama atenção para os riscos enfrentados pelos mais vulneráveis. Meninos e meninas podem ter seu desenvolvimento físico e mental atrofiado por conta da exposição à poluição durante os primeiros mil dias de vida. Já os segmentos mais pobres dependem de ecossistemas saudáveis, cujo equilíbrio é afetado pela poluição, ou de empregos nas ocupações mais insalubres do mundo.

O impacto ambiental da poluição também é devastador. Hoje, os oceanos possuem 500 “zonas mortas”, cuja concentração de oxigênio é tão pequena que torna inviável a presença de vida marinha. Mais de 80% do esgoto mundial é despejado no meio ambiente sem tratamento, poluindo os solos usados na agropecuária e os lagos e rios que são fonte de água para 300 milhões de pessoas. Depósitos de substâncias químicas ameaçam poluir ainda mais a natureza e colocar a vida de mais pessoas em risco.

Soluções: consumo e produção sustentáveis

Embora algumas formas de poluição tenham diminuído em anos recentes, a ONU Meio Ambiente alerta que as conquistas são frágeis, sobretudo porque o consumo e a produção não sustentáveis podem levar a retrocessos. Para enfrentar esse cenário, a agência das Nações Unidas definiu 50 políticas para mitigar a destruição da natureza. Medidas giram em torno de cinco eixos principais:

  • Liderança política e parcerias em todos os níveis, mobilizando os setores industrial e financeiro;
  • Ações contra os piores poluentes e uma aplicação mais eficaz das leis ambientais;
  • Abordagens renovadas para gerenciar as economias, através da eficiência no uso de recursos, mudanças nos estilos de vida e uma gestão de resíduos aprimorada;
  • Investimentos novos, massivos e redirecionados para tecnologia limpa e de baixo carbono, para soluções baseadas nos ecossistemas, bem como para pesquisa, monitoramento e infraestrutura para controlar a poluição;
  • E conscientização para informar e inspirar as pessoas em todo o mundo.

“O desenvolvimento sustentável é agora a única forma de desenvolvimento que faz algum sentido”, defendeu Solheim. De acordo com a ONU Meio Ambiente, se a comunidade internacional ignorar o problema da poluição, os países não conseguirão cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, os ODS.

Ligia Noronha, uma das coordenadoras do relatório, enfatizou que a produção e o consumo sustentáveis são cruciais para reduzir a poluição. “A única resposta à pergunta de como podemos todos sobreviver neste único planeta com nossa saúde e dignidade intactas é mudar radicalmente o modo como produzimos, consumimos e vivemos nossas vidas”, afirmou.

Outra recomendação da ONU Meio Ambiente é o fortalecimento da governança ambiental, com a consolidação de marcos internacionais e acordos multilaterais que englobem tanto compromissos formais, quanto engajamentos voluntários de cada ator envolvido.

A degradação do meio ambiente estará na pauta das atividades da terceira Assembleia Ambiental das Nações Unidas, que acontece do dia 4 a 6 de dezembro em Nairóbi, no Quênia. O encontro, promovido pela ONU Meio Ambiente, é a instância decisória mais elevada para deliberações sobre questões ambientais. O evento reunirá lideranças de países, do setor privado, da sociedade civil e da academia.

Acesse o relatório na íntegra clicando aqui.

Fonte: CNseg