Black Friday: os dois lados da moeda

Conhecido mundialmente como um dia de grandes liquidações, o termo Black Friday tem sua origem atribuída a diferentes origens e é difícil confirmar a verdadeira. Até na hora de escrever bate a dúvida: o ou a Black Friday?

O certo é que nesse dia, desvirtuado no Brasil para semana, é o período com maior concentração de oportunidades e de ameaças no mundo do consumo, especialmente nas transações virtuais.

A tradição da Black Friday vem dos Estados Unidos. Na última sexta-feira de novembro, que coincide com a primeira sexta-feira depois do Thanksgiving Day – o Dia de Ação de Graças –, o feriado mais importante na América do Norte, acontece a maior concentração de liquidações do ano. É tão esperada que o consumo cai nos dias que a antecedem e muitos consumidores se preparam para verdadeiras batalhas em buscas das melhores promoções. Raramente ficam abaixo de 30, 50% de desconto e chegam a atingir percentuais inacreditáveis.

O comércio costuma celebrar porque se encerra um ciclo de baixas vendas, no vermelho, e abrem-se as vendas no preto – no Black –, ou no azul, como chamamos no Brasil, inaugurando o ciclo de bons resultados esperados até o Natal. Para a população em geral, é uma oportunidade de fazer compras a preços mais acessíveis, de realizar sonhos. É também um período de ameaças ao endividamento, aos tombos que as armadilhas ou fraudes proporcionam.

Uma vez, conversando com outro especialista em educação financeira, concluímos que o terreno é realmente perigoso, pois coloca em cheque algumas máximas das finanças pessoais que valem o ano todo, mas balançam nesse período. Vejamos exemplos delas:

  • Quando a oportunidade parece boa demais, desconfie, evite. Mas como? Não é esse o espírito da Black Friday?
  • Procure comprar de fornecedores tradicionais e conhecidos. Mas a ideia não é buscar alternativas, pesquisar novos fornecedores?
  • Evite pagar adiantado, antes de receber o produto ou serviço. Mas as ofertas vão em direção oposta.
  • Não se apresse. Não tome decisões rápidas e deixe para comprar no dia seguinte. Mas muitas ofertas são instantâneas, peças únicas ou pequenos saldos. Vacilou, perdeu.
  • Compre apenas o que estiver precisando. Mas você sai para comprar um fogão e encontra uma geladeira com 70% de desconto.

Os benefícios e oportunidades que a data oferece todos sabem, e fazem questão de descobrir, até para justificar aquela ânsia de consumo, uma aliviada no cinto que vinha apertado há meses, com as compras restritas, os gastos controlados e o orçamento mandando da rotina.

Porém, a moeda tem dois lados. Antes de sair consumindo por aí, seja algo necessário ou simples desejo de consumo, ou mesmo novidades e oportunidades que balançam com o emocional consumista, fique atento a algumas dicas:

  • Faça um levantamento da sua situação financeira. Veja quanto pode ser gasto, com o quê e de que forma. Boas compras são aquelas que você compra o que precisa, por preços abaixo dos habituais, em condições de pagamento favoráveis. Compras ruins são aquelas que você compra o que não precisa, com dinheiro que não tem disponível, em condições que vão perturbar o seu sono nos próximos meses.
  • Não abaixe a guarda para os riscos de fraudes. Melhor perder uma suposta oportunidade imperdível do que cair no conto do vigário e comprar ou receber gato por lebre. Lembre-se de que, infelizmente, no Brasil, alguns aproveitam para fazer da data a Black fraude. Além dos golpes mais tradicionais, aumentam nas vésperas os preços dos produtos mais procurados e depois anunciam promoções que, matemática e financeiramente nada mais são do que a metade do dobro.

Como aproveitar as oportunidades e evitar as armadilhas? A receita é simples: educação financeira. Vale para a Black Friday e vale para o ano todo.

Boa sorte e boas compras!

Álvaro Modernell
Novembro/2017

Fonte: CNseg