Oito em cada 10 brasileiros não se preparam para a aposentadoria

O Brasil está envelhecendo rapidamente. Em anos recentes, a população de idosos está ganhando participação cada vez mais significativa em relação aos mais jovens. Embora a expectativa de vida tenha aumentado nas últimas décadas, a grande maioria dos brasileiros não se planeja, no presente, para garantir sua tranquilidade financeira quando for preciso ou desejar parar de trabalhar. A pesquisa O Preparo para Aposentadoria no Brasil, realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) indica que oito em cada 10 brasileiros (78%) admitem que não estão se preparando para a hora de se aposentar enquanto apenas 19% dos não-aposentados têm se preparado, percentual que aumenta para 25% entre os homens, 26% entre os mais velhos e 30% nas classes A e B. A estimativa é de que cerca de 104,7 milhões de adultos acima de 18 anos ainda não aposentados não se preparam para esta fase da vida.

Entre os principais motivos que levaram a se planejar para a aposentadoria estão o hábito de planejar a vida a longo prazo (35%) e o exemplo de pessoas que não se prepararam e por isso tiveram problemas financeiros após a aposentadoria (29%).

Entre os que não se preparam para a aposentadoria, 47% afirmam que não sobra dinheiro no orçamento e 22% que estão desempregados. Outros 19% já começaram a guardar dinheiro com esse objetivo, porém não conseguiram continuar devido a problemas financeiros e 15% têm outros planos e prioridades.

Já entre os que começaram a se preparar, mas pararam de guardar dinheiro, os principais motivos foram os problemas financeiros (36%), desemprego (35%) e imprevistos pessoais e/ou familiares (29%). Entre estes entrevistados, 22% ainda têm o dinheiro, enquanto 77% já não têm mais - o dinheiro foi utilizado principalmente para pagamento de dívidas (52%), tratamento de saúde (17%) e compras (13%). A maioria dos que pararam de guardar dinheiro para a aposentadoria pretende voltar (92%), no entanto, 52% ainda não tem uma data definida para isso.

Para parte dos entrevistados que têm outros planos que não englobam reserva para aposentadoria, 56% priorizam a compra da casa própria, 44% os estudos e 27% a compra de um carro.

A pesquisa identificou os meios mais comuns para se preparar para a aposentadoria. São eles a aplicação em poupança (39%), INSS pago pela empresa (30%) e INSS pago por conta própria (23%).

Entre os que se preparam para a aposentadoria, 87% afirmam possuir o hábito de fazer reserva financeira para outras finalidades além da aposentadoria, sendo que 49% têm dinheiro guardado para imprevistos e 29% para fazer viagens.

Sete em cada 10 entrevistados (77%) afirmam ter uma meta de guardar dinheiro para a aposentadoria. Entre eles, 91% estão conseguindo manter essa meta de reservar uma quantia todo mês. Já entre os que poupam dinheiro para aposentadoria de forma ativa, 69% guardam dinheiro mensalmente, 18% a cada duas ou três meses e 5% aproximadamente três vezes ao ano - já 6% não têm frequência certa. Em média, o valor reservado, independentemente da frequência de reserva, é de R$ 371,38. Atualmente, o valor médio total aplicado e destinado a aposentadoria é de R$ 20.726,76.

Cerca de 28% dizem saber qual o valor que terão disponível ao se aposentar e 33% acreditam que o valor que está economizando será suficiente para a aposentadoria no futuro. Quatro em cada 10 (43%) consideram que o valor que poupam para a aposentadoria aumentou nos últimos dois anos, 41% que ele permaneceu o mesmo e apenas 10% que ele diminuiu.

De acordo com o levantamento, a idade média em que os entrevistados começaram a poupar para a aposentadoria é 28 anos. Em média, os entrevistados pretendem parar de trabalhar e se aposentar aos 61 anos, entretanto, outros 21% pretendem continuar trabalhando de forma integral ou parcial, principalmente porque querem se manter ativos (60%) ou por gostarem do seu trabalho (18%). Já entre os que pretendem parar de trabalhar quando se aposentarem, 60% pretendem ter um período de transição até a aposentadoria.

As principais atividades planejadas para o período da aposentadoria são viajar (60%), passar mais tempo com os amigos e a família (50%) e ter novos passatempos (42%).

A pesquisa também identificou como os brasileiros entendem a importância dos planos de previdência privada como complemento financeiro ou alternativa ao sistema previdenciário público ao qual todo trabalhador brasileiro tem direito (INSS). Considerando apenas os 12% dos entrevistados que se preparam para aposentadoria através de um plano de previdência privada da empresa onde trabalham, 61% receberam uma proposta direta da própria empresa, acharam interessante e resolveram fazer. Outros 39% ficaram sabendo que a empresa tinha o plano e solicitaram eles mesmos a adesão.

No caso dessas pessoas, 72% possuem um plano de coparticipação com o empregador, que paga uma parte do plano e desconta a outra na folha de pagamento, enquanto para 28% não há contribuição da empresa, pagando integralmente o plano, porém com um valor abaixo do praticado no mercado.

O valor médio de contribuição é de R$ 191,28 mensais, sendo que 38% contribuem com até R$ 150. A contribuição ao plano de previdência privada representa, em média, 5,48% do salário.

Foram entrevistados 3.818 casos em um primeiro levantamento para identificar quem não é aposentado e possui algum tipo de preparo para a aposentadoria. Em seguida, continuaram a responder o questionário somente 804 entrevistados que faziam algum tipo de preparo. Resultando, respectivamente, numa margem de erro de 1,59 pontos percentuais e 3,46 p.p. para um intervalo de confiança a 95%.

Fonte: Seg Notícias