O impacto das cidades inteligentes no mercado segurador

Da esquerda para a direita: o CEO da VM9, Marcos Marconi; o chefe Executivo de Resiliência e Operações do Centro de Operações Rio, Alexandre Cardeman; a gerente sênior de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Bradesco Seguros, Ivani Benazzi de Andrade; e o Smart City Expert da SmartUp Consulting Firm, Renato de Castro 

De que forma o mercado de seguros será impactado pela transformação cada vez mais veloz de metrópoles em cidades inteligentes? Esse foi o tema central debatido no painel “Cidades Inteligentes e Oportunidades para o Mercado Segurador”, que aconteceu no primeiro dia do 8º Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro. Entre os participantes estavam o palestrante Renato de Castro, smart city expert da SmartUp Consulting Firm; a coordenadora de mesa Ivani Benazzi de Andrade, gerente sênior de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Bradesco Seguros, e os debatedores Alexandre Cardeman, chefe executivo de Resiliência e Operações do Centro de Operações do Rio (Cor), e Marcos Marconi, CEO da VM9. 

Renato de Castro ressaltou em sua apresentação o significado do termo "smarts cities”, que “nada mais é do que lugares onde tudo parece conspirar para fazer a vida das pessoas melhor", resumiu, explicando que recursos tecnológicos como Big Data e Internet das Coisas (IoT) estão na ponta do processo. Na opinião do especialista, a grande quantidade de informações geradas em cidades conectadas é o que vai servir como base para a estratégias do mercado de seguros no futuro.

"Não há nenhum setor mais impactado com essas transformações do que o de seguros. Em cidades cujos sistemas trocam informações de maneira adequada, é possível fazer prognósticos mais estratégicos para subscrição de riscos e previsão de eventuais sinistros", informou, acrescentando que o mundo nunca viveu um momento como este de produção tão veloz de informações e dados. "A IoT vai gerar uma infinidade de riqueza para as cidades nos próximos anos. Essa é a base das cidades inteligentes e também ferramenta fundamental para o mercado de seguros. “Não tenho dúvida de que dados são o novo petróleo".

O especialista afirmou que o desenvolvimento de cidades inteligentes só é possível com a conexão entre público, privado e pessoas. Ele acredita que as atuais Parcerias Público Privadas vão ganhar mais um P: "Teremos PPPP de Parcerias Público, Privada e de Pessoas. As cidades só se tornam inteligentes quando seus moradores são conscientes e engajados nesse propósito", disse. Ele deu como exemplo projetos como o de Juazeiro do Norte, no Ceará, que foi o primeiro município do Nordeste a aprovar a Lei de Inovações, e a cidade de Kamikatsu, no Japão, que se tornou exemplo no que diz respeito à gestão do lixo urbano com a ajuda da população.

Alexandre Cardeman falou sobre a atuação do Centro de Operações do Rio (COR), inaugurado em dezembro de 2010 como parte do projeto da cidade para as Olimpíadas de 2016, que funciona como uma quarte general de integração das operações urbanas no município. Cerca de 30 órgãos (secretarias municipais e concessionárias de serviços públicos) estão integrados no local para monitorar a operação da cidade e minimizar impactos na rotina do cidadão.

"Cidade inteligente é quando o cidadão é bem informado para tomar decisões a partir de dados fornecidos por um centro como esse", ressaltou Cardeman, que destacou também os programas de inovação desenvolvidos pelo COR para atrair stratups e engajar empresas a trabalharem no desenvolvimento de processos que contribuam para tornar a cidade mais conectada e inteligente. "Estão todos convidados a visitar o Centro de Operações para falarmos sobre parcerias", afirmou.

Marcos Marconi falou sobre o projeto da startup VM9, que desenvolveu a plataforma Smart Data Wien, com a qual é possível acessar todos os dados da cidade de Viena, na Áustria, das câmeras ao transporte público, das bicicletas de aluguel aos dados de consumo energético dos prédios da cidade. "O projeto é uma aplicação, na prática, do conceito de data laje, que é uma espécie de banco de dados que reúne diversos tipos de serviços, com dados multidisciplinares, o que é ideal para os cidadãos", explicou. Ele disse também que a qualidade da informação contribui para a mitigação de riscos em tempo real. "As informações colocadas numa base de dados com avaliação histórica reduzem o processo de incerteza e, com isso, a subscrição de riscos. 

Perguntado sobre a necessidade de proteção desses dados, Marconi foi enfático: "Quanto mais qualificada foi a informação, quanto mais digitalizada, mais exposto estamos a ataques cibernéticos. Isso precisa ser muito bem cuidado".

Para finalizar, Ivani Benazzi disse que o setor de seguros é um parceiro irremediável e protagonista nesse processo de desenvolvimento de smart cities. "O conceito de sustentabilidade de uma cidade inteligente virá por meio da mudança de mentalidade das pessoas e também através de parcerias".

Fonte: CNseg