As chuvas estão chegando

Texto de Antônio Penteado Mendonça publicado no jornal O Estado de São Paulo

Nos últimos anos, o Brasil tem assistido a uma série impressionante de tragédias de correntes das chuvas de verão. A mais emblemática é, sem dúvida, a catástrofe que atingiu a região serrana do Estado do Rio de Janeiro, mas Angra dos Reis e Santa Catarina também são bons exemplos, que esmaecem os estragos sofridos pelos moradores do Jardim Pantanal, em São Paulo, e as perdas que atingiram Belo Horizonte.

Qual o custo em vidas? Apesar de incerto, tanto que estão recontando os desaparecidos na região serrana do Rio de Janeiro, é alto. Ao longo dos anos, passa tranqüilamente da casa dos mil mortos. E os prejuízos materiais também atingem cifras expressivas, só com as perdas da serra carioca estimadas em mais de R$ 1 bilhão.

Ninguém tem dúvida de que este verão não será diferente. As chuvas virão e cobrarão seu preço. A única incerteza é onde ela causará mais danos, sendo certo que São Paulo e Belo Horizonte, ainda que não sendo as mais afetadas, serão atingidas com intensidade suficiente para causar prejuízos de monta.

O dado realmente péssimo desta análise é que, como a experiência vem mostrando ao longo dos anos, os mais atingidos serão os mais pobres. Nem pode ser diferente, já que são eles que ocupam as áreas mais vulneráveis, nas encostas dos morros, nas várzeas, nos ladrões das barragens…

Qual o grau da ameaça depende da região onde as chuvas se concentrarem. Não custa lembrar que, na década de 60, Caraguatatuba foi quase que apagada do mapa quando a Serra do Mar, encharcada pelas chuvas, desceu sobre a cidade. Fenômeno semelhante, mas em maior escala, ao que aconteceu em Angra dos Reis poucos anos atrás. Para não falar num deslizamento na região de Cubatão, no qual a lama parou a poucos metros da refinaria da Petrobrás.

Os três eventos aconteceram nas encostas da Serra do Mar, a mesma formação onde vivem milhares de pessoas, nos chamados “Bairros Cota”, ao longo da Rodovia Anchieta, que liga São Paulo a Santos.

Como se vê, o potencial de danos na região da Serra do Mar é muito alto, tanto em número de vidas, como em prejuízos materiais. E a situação não é diferente em vários outros cantos do Brasil. Não tem nada de novo nisto. Nem no potencial de risco, nem na letargia das autoridades que, sabendo no avesso a ameaça que paira sobre milhares de brasileiros, fazem que acontece, quando acontece alguma tragédia, mas depois simplesmente esquecem o assunto, como mostra o enorme atraso em praticamente todas as obras de recuperação da região serrana do Rio de Janeiro.

Uma parte destes riscos poderia ser “minimizada” por apólices de seguros. Não usei a palavra “protegida” de propósito. O seguro tem a capacidade de repor o patrimônio afetado, mas não tem o condão de impedir a ocorrência dos eventos. As seguradoras não podem evitar as catástrofes, podem só minorar as perdas garantindo a quem tem seguro o pagamento das indenizações decorrente dos prejuízos que sofrerem, em função dos eventos de origem climática que se abatem anualmente sobre o País.

Parte destas garantias está à disposição dos brasileiros, mesmo nos pacotes de seguros residenciais e empresariais mais simples. Diz o ditado que, em terra de cego, quem tem um olho é rei. Adaptando o ditado para a realidade nacional, pode-se dizer que, em terra onde os eventos são certos e o governo faz pouco, quem tem seguro está melhor do que os outros.

É verdade que em matéria de seguros para eventos naturais o Brasil está décadas atrás dos Estados Unidos ou da Europa. Atualmente, é quase impossível conseguir seguro para os riscos de inundação e alagamento, mas vento forte, furacão, tornado, chuva, granizo e desmoronamento são coberturas acessórias à disposição de quem quiser contratá-las. E o melhor momento para isso é agora, enquanto as chuvas ainda não vieram. No meio da tempestade é sempre mais difícil. Por isso, se você está em área de risco, não hesite, fale com um corretor de seguros. Se não tem como evitar o risco, minimizar as perdas é a melhor solução.


Fonte: Clipp-Seg | Revista Cobertura