CONSEGURO 2019: Brasil é destaque no programa da ONU sobre Princípios para Sustentabilidade em Seguros

Incêndios florestais, poluição nos mares, estiagem, enchentes, doenças provocadas por tabagismo e até a resistência a antibióticos, que pode se tornar a principal causa de mortes em 2050. São muitos os fatores que colocam em risco a saúde e a economia das nações ao redor do mundo. Atento a esse cenário, o setor de seguros no Brasil é o que mais se destaca globalmente dentro dos Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI, sigla em inglês), Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. “O PSI, que nasceu no Brasil em 2012, está moldando a agenda global de sustentabilidade em seguro”, disse o líder do programa, Butch Bacani, durante a 1 Conferencia de Sustentabilidade e Diversidade da CONSEGURO 2019.

Segundo Bacani, o problema da sustentabilidade é importante não só para a indústria, mas para os setores reguladores, governos e a própria sociedade. Nesse cenário, os compromissos assumidos pelas seguradoras podem promover grandes mudanças estruturais e trabalhar com o foco na avaliação dos riscos, reduzindo os prejuízos causados pela má gestão e pela falta de planejamento sobre os riscos futuros.

O painel que abordou a seguridade em um cenário de imprevisibilidade durante CONSEGURO 2019 também contou a participação da integrante da Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), Denise Pavarina. Ela falou pela primeira vez para o setor de seguradoras sobre as recomendações objetivas e os riscos financeiros associados aos riscos climáticos. Segundo ela, o trabalho da Task Force é fazer com que as seguradoras possam compreender o risco financeiros que as empresas correm por conta das mudanças climáticas e devido à transição mundial para uma economia de baixo carbono. 

“Nosso papel é fazer essa disseminação para que as empresas adotem as recomendações. Hoje já temos 833 empresas que aderiram às recomendações. Não existe uma meta objetiva, porque a gente quer que, quanto mais empresas puderem adotar, melhor. Porém, a ideia é que ao longo de cinco anos tenhamos um número bem expressivo de empresas que optaram por essa nova política”, diz Denise.

A diretora de Relações de Consumo e Comunicação da CNSeg, Solange Palheiros Mendes, disse estar otimista com as propostas do PSI e do TCFD, pois o setor abraçou a causa de imediato. Segundo ela, a chefe da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Solange Paiva, decidiu aderir a esses chamados e irá se aprofundar nessa participação como reguladoras.

Para a diretora da Mapfre, Fátima Lima, que produziu o relatório de sustentabilidade da CNSeg, é importante ir além e fomentar a consciência da sociedade sobre a exposição a todos os riscos ambientais. Ela acredita que focar a questão socioambiental no setor de seguros é fundamental para integrar questões na estratégia de negócio da empresa. “Não pode ser um tema à parte, e sim integrado a essa estratégia do setor”, afirmou.

Ela explicou que o relatório revelou indicadores importantes que foram coletados no setor de seguros em 2018. Um exemplo é que 60% das empresas afirmaram integrar questões Ambientais, Sociais e de Governança (ASG) em seus planejamentos estratégicos. “Isso mostra que está sendo integrado às empresas uma agenda em desenvolvimento, que vem debatendo muito esse assunto e criando uma nova visão dos riscos para que as oportunidades de negócio surjam a partir dessa nova visão socioambiental”.

Para Laurindo Anjos, gestor de riscos do Itaú Unibanco, é preciso atuar e catequizar as empresas com relação ao PSI e ao TCFD. “Iniciativas como essas são pilares necessários para que isso comece a permear de fato a cultura de cada instituição. Vejo caminho próspero. Precisamos começar a pensar coletivamente o que queremos para todos nós. Senão as empresas estarão despreparadas para o futuro. Temos que migrar cenários”.

Fernando Malta, consultor sênior da SITAWI, contou sobre o trabalho que a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) fez em 2018 para avaliar o nível de maturidade das instituições financeiras em relação ao TCFD. Segundo ele, 1/3 dos bancos mal tinham ouvido falar, e metade já tinha tinha conhecimento, porém não tinha qualquer planejamento para ingressar o TCFD internamente. Ele relatou que o material foi uma ferramenta de sensibilidade climática para fazer uma análise de como a carteira dos bancos estaria exposta a mudança do clima, e que procedimentos tinham que fazer para incorporar esse risco climático no dia a dia.

O projeto da Febrabam para 2019 é ajudar as instituições a realizar práticas de desenvolvimento de cenários climáticos tropicalizados, pois esse é um problema no Brasil, que em geral trabalha com cenários internacionais. “Quando você começa a trabalhar essa questão, pelo menos saber onde sua carteira está exposta nas mudanças climáticas, você já tem informação para saber como vai gerir esse risco”, detalhou consultor. Segundo ele, essas informações são capazes, por exemplo, de apontar os riscos provocados por estiagem na produção agrícola e de projetos de infraestruturas em hidrelétricas e melhorias urbanas, por exemplo.


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Fonte: CDN Comunicação