Fenaseg entrevista Angélica Carlini, especialista em relações de consumo

A advogada Angélica Carlini, especialista em relações de consumo e sócia do escritório Carlini Advogados Associados, classifica de extremamente oportuno o conjunto de ações adotadas pela CNSeg, que serão desenvolvidas ao longo do ano, para ampliar o conhecimento das pessoas sobre o seguro. As ações miram compras mais conscientes e ocorrem no ano em que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) completa seu vigésimo aniversário. Acompanhe a entrevista. 1 - Como a senhora avalia a iniciativa da CNSeg de buscar melhor informar o segurado e a sociedade em geral sobre o seguro e sua utilização como uma das formas de mitigar os riscos? Acredito que o seguro é um poderoso instrumento de paz social. Quanto maior o número de segurados em uma sociedade e maior será a segurança para enfrentar os riscos e os desafios contemporâneos. Com esse pressuposto, só posso avaliar a iniciativa da CNSeg como extremamente oportuna, sintonizada por completo com o atual momento político, econômico e social do país, que sinaliza para um grande crescimento mas que não poderá construir esse crescimento sem alicerces fortes, um dos quais, a contratação de seguros. Os consumidores em geral e, especificamente os de seguro, precisam ser cotidianamente informados para poderem compreender melhor o ato de consumir e, consequentemente, exercê-lo com mais sabedoria. 2 - E como estas ações de aproximação do consumidor podem favorecer as vendas mais conscientes? Entre outros projetos, há a criação de um centro de informação para o consumidor. As ações planejadas pela CNSeg atingirão grande número de consumidores e, em conseqüência, informarão melhor tanto aqueles que já contratam seguro como aqueles que estão se inserindo no consumo de seguros neste momento. Para uns e para outros a informação é essencial, porque na sociedade que vivemos, complexa e tecnológica, conhecimento é a maior forma de poder. Quem conhece mais decide melhor, fundamenta melhor suas escolhas, realiza opções mais adequadas. A maior aproximação com o consumidor criará maior confiança e credibilidade nas relações de contratação de seguro, favorecendo a sociedade brasileira como um todo. 3 - A CNSeg promoverá a realização de grandes eventos voltados para o público segurado, a começar da I Conferencia Iinterativa de Protecao do Consumidor de Seguros, no dia 10 de março. Qual a relevância desses encontros? Esses encontros serão fundamentais para que o segmento de seguro possa prospectar a visão dos consumidores e, a partir disso, identificar em quais aspectos a relação pode ser aprimorada, sempre com foco no crescimento da confiança do consumidor, no atendimento às suas legítimas expectativas. Os eventos permitirão, ainda, ouvir especialistas em direito do consumidor e em seguro, ampliando para todos os participantes o conhecimento e aprofundando as reflexões. Isso qualifica o debate dos operadores de seguro, melhora a qualidade dos produtos oferecidos ao mercado, ao mesmo tempo em que contribui para que o consumidor perceba a enorme responsabilidade de participar de um fundo mutual, base técnica fundamental dos contratos de seguro. Contratar seguro é diferente de contratar uma viagem de turismo, por exemplo. A contratação de seguro implica no ingresso em um grupo de segurados que , com o pagamento de suas cotas de prêmio , formam um fundo comum cujo capital vai garantir o pagamento das sucessivas indenizações que serão decorrentes dos riscos materializados. Pertencer a esse grupo significa ter direito de ser indenizado se ocorrer um risco predeterminado no contrato, mas significa também a imensa responsabilidade de não prejudicar o grupo, sob pena de colocar em risco a base mutual. Por isso é que o debate, o estudo e as reflexões que os eventos propiciarão são fundamentais: porque seguro é uma atividade complexa, com inúmeras peculiaridades e facetas, mas que pode ser compreendida por todos porque sua base fundamental é simples: um por todos e todos por um. 4 - Este ano, o Código de Defesa do Consumidor completa 20 anos. Qual o balanço que a senhora faz do CDC e seus efeitos na área de seguros, na condição de especialista de Relações de Consumo? Afirmo sempre para os meus alunos de direito que o Código de Defesa do Consumidor mudou tudo: contratos, embalagens de produtos, bula de remédio e o que mais nós imaginarmos. Ainda temos muito o que caminhar, porque alguns setores ainda não conseguiram prestar um serviço de excelência, como todos sabemos. Mas no geral a vida do consumidor brasileiro mudou muito depois da entrada em vigor do CDC, e mudou para melhor. Na área de seguro a mudança também pode ser sentida. Há uma preocupação maior com a elaboração de contratos, com o relacionamento dos call centers com o consumidor, com os serviços prestados pelas empresas referenciadas das seguradoras tanto na área de saúde, como na área patrimonial. O segmento de seguros implantou as ouvidorias e por meio delas estabeleceu canais mais diretos de diálogo com os consumidores, o que foi um avanço provocado pela mudança que o CDC implantou na sociedade brasileira nesses últimos 20 anos. Todos os segmentos econômicos podem aprimorar sua relação com o consumidor e o segmento de seguro não é diferente. Mas com certeza temos avanços para comemorar, e nesse sentido essa nova iniciativa da CNSeg também é muito benvinda. Fonte: Fenaseg