FGV reúne mercado para reflexões sobre setor de capitalização

A capitalização não deve ser vista como uma aplicação financeira, mas como uma importante fonte de geração de poupança não só para a população de baixa renda, mas também para a classe média e a classe alta. Essa foi uma das ideias recorrentes nas palestras apresentadas, nesta quinta-feira, dia 22, no “1º Seminário de Capitalização”, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), na sede da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. O evento foi aberto pelo presidente da FenaCap, Ricardo Flores, e teve os debates mediados pelo jornalista George Vidor.“Tem gente que acha que capitalização é coisa de pobre, mas não é. É um produto perfeito, por exemplo, para quem tem dificuldade para poupar. Rico ou pobre. O dinheiro fica retido e obriga o poupador a ter disciplina”, afirmou o economista Roberto Macedo, da USP e de Harvard, que apresentou o segundo painel do evento sobre a motivação por títulos de capitalização. Ainda segundo Macedo, o produto é ótimo também para quem tem parte do orçamento sobrando e deseja juntar dinheiro para algum evento. Esse é o perfil de comprador do próprio Macedo, que contou à plateia ser um cliente fiel de capitalização. “Em vez de deixar R$ 200 parados na minha conta, agendei as retiradas. Outro dia fui ver e tinha lá R$ 15 mil. Dá para uma boa viagem”.  Macedo acredita que a capitalização pode contribuir para aumentar a atual taxa de poupança interna do Brasil, que é muito baixa. De acordo com pesquisa apresentada pelo diretor comercial da BrasilCap, Natanael Aparecido de Castro, que é vice-presidente da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap), 45,6% dos clientes de capitalização na instituição disseram que sua motivação para adquirir o produto foi justamente o desejo de guardar dinheiro. A motivação que aparece em segundo lugar, para 14,7% dos entrevistados, é a relação com o gerente. Em terceiro, com 11,4%, vem a possibilidade de sorteios. O executivo disse ainda que o índice de satisfação dos clientes é alto. Oitenta e dois por cento voltariam a comprar um título e 85% recomendariam o produto a um amigo. A pesquisa ouviu mais de 3 mil pessoas, no ano passado. Francisco Galiza, consultor e sócio da Rating de Seguros Consultoria, defendeu uma mobilização dos agentes do setor de capitalização por um tratamento fiscal mais favorável. Atualmente, o produto é taxado em 20% sobre o lucro da operação - bem acima de outros produtos financeiros. Carlos Infante de Castro, presidente da Sul América Capitalização e também  vice-presidente da FenaCap, acha que o setor deve se empenhar em criar produtos sob medida para as principais demandas dos clientes, em vez de oferecer a capitalização como produto secundário - como ocorre hoje. Ele acredita que a capitalização como compra programada, por exemplo, tem um grande potencial de crescimento. Defendeu ainda a modernização da legislação que rege o setor. “Sem um marco regulatório, vamos continuar crescendo a taxas modestas”, disse. Por fim, defendeu a total transparência na venda dos produtos e o uso de um vocabulário mais claro e simples durante o processo de negociação. O evento teve também a participação, como palestrantes, de Bruno Boris, da Fragata e Antunes Advogados; Ricardo Franco Teixeira, coordenador de cursos Management da FGV;  José Luiz Carvalho, professor titular de economia e diretor do Instituto de Ciências Econômicas e Gestão da Universidade Santa Úrsula; e Lauro Gonzales, professor de Fianças da EAEP da FGV e Coordenador do Centro de Estudos de Microfinanças da instituição. Fonte: Segs Portal Nacional