Gestão de desempenho: um fator de segurança para empresas de transporte

A aprovação da Lei dos Caminhoneiros, que prevê descontos no pedágio para caminhões que estejam com os eixos suspensos, ou seja, sem carga, me leva novamente a abordar a questão do desempenho dos motoristas ao volante. Nesse sentido, qual o papel das transportadoras? Garantir a transparência nos processos como forma de mitigar riscos e aprimorar a prestação de serviços.

Se por um lado temos a reivindicação dos trabalhadores e das empresas para um transporte menos oneroso e mais seguro, de outro, temos o posicionamento das concessionárias de rodovias, que atentam para a possibilidade de caminhões transportarem carga, mesmo estando com eixos suspensos, o que aumentaria os riscos de acidentes de trânsito e o desgaste no asfalto. Como consequência dessa prática, haveria a elevação dos custos com manutenção do sistema rodoviário - e um possível repasse destes custos a todos os motoristas.

Nesse jogo de forças, nos cabe refletir sobre nossas práticas internas. Como lidamos com os nossos frotistas? Existe a conscientização para que o transporte de cargas seja seguro tanto para o motorista, como para a transportadora e para o cliente final? A empresa utiliza ferramentas capazes de medir o desempenho do motorista ao volante, faz a manutenção veicular periódica, mapeando pontos de desgaste nos caminhões? Adota uma postura transparente e ética na prestação dos serviços?

Em uma análise rápida sobre os pontos tidos como críticos da nova legislação, vejo aí uma possibilidade de trabalhar internamente, na prática, valores como ética, honestidade e transparência, presentes em muitas empresas como preceitos institucionais. É preciso mostrar que, embora o caminhão consiga trafegar com carga e um dos eixos levantados, essa prática vai contra os princípios da empresa e pode contribuir para o aumento do número de acidentes de trânsito, além de colocar a vida do motorista em risco. Polêmicas em torno de lei pode ser um ótimo momento para as empresas repensarem suas práticas e envolverem seus funcionários para que cada um esteja ciente da importância de seu papel dentro da organização.

Fonte: SindsegSP | Revista Apólice - Edésio de Campos Horbylon Neto