Golpe do falso seguro no estado

O "presente" é de encher os olhos. De uma só vez, o "felizardo" pode levar a bolada de quase R$ 70 mil, sem burocracia. Para receber o dinheiro, basta depositar um percentual sobre o valor do prêmio numa conta bancária. As instruções são passadas por telefone, por atendentes aparentemente confiáveis. O número é indicado na apólice enviada por carta por uma seguradora. Tudo é feito para parecer verdadeiro, mas não passa de uma farsa. Trata-se de mais uma versão do antigo "golpe do falso seguro" que está sendo aplicado, nos últimos meses, em todo o país. No estado, alguns cidadãos já receberam a falsa correspondência.

O alerta é da Polícia Civil e da Susep autarquia federal que controla e fiscaliza o mercado de seguros e previdência privada no Brasil. Golpistas têm enviado cartas e telegramas para residências de cidadãos idôneos com propostas financeiras aparentemente muito vantajosas. Na maioria dos casos, são pecúlios que beneficiariam um segurado que nunca firmou contrato com a empresa em questão. Toda uma estrutura é montada para iludir a vítima que, ao crer na veracidade da proposta, acaba realizando o depósito em favor dos falsários. "Geralmente, para que a pessoa entregue o dinheiro, eles depositam um envelope com o valor do suposto prêmio, antes, no caixa eletrônico. A pessoa confere o extrato e vê a quantia bloqueada, então resolve fazer a operação. Só que esse envelope é posto no final do expediente bancário e está vazio. Quando é compensado, no dia seguinte, é rejeitado pelo banco. Mas aí já é tarde", detalha o titular da Delegacia de Repressão ao Estelionato, Rômulo Aires.

Correspondência

No Recife, um empresário que não quis ter o nome revelado recebeu a correspondência. Tratava-se de uma apólice de liberação de benefícios de segurado assinada pela Unipreve - União de Previdência Privada Brasileira. O documento prometia o pagamento de cerca de R$ 60 mil. Desconfiado, o empresário ligou para os telefones indicados na apólice e foi informado de que deveria fazer o depósito de R$ 3 mil para receber o prêmio. Resolveu, então, procurar informações na internet e logo percebeu que se tratava de um golpe.[2]

A Susep informou que a Uniprev não possui cadastro na autarquia. No endereço indicado na correspondência há um ponto comercial fechado onde supostamente funciona uma unidade de comércio atacadista de papeis, livros e artigos escolares, conforme imagens fornecidas pelo Google. O Diario ligou para os telefones que estavam na apólice recebida pelo empresário recifense. Na primeira tentativa, sem a identificação da imprensa, um homem perguntou em nome de quem estava a carta. Ele transferiu a chamada para uma suposta atendente. A telefonista informou que a pessoa havia assinado o contrato em 1986 e que as orientações sobre como sacar o dinheiro seguiriam para o endereço de uma outra empresa no Recife. Ao ser questionada sobre essa empresa, a atendente desconversou e desligou o telefone. Em outro contato, quando o Diario se identifica e pede para falar com o responsável pela Uniprev, a telefonista desliga o telefone. Outra ligação é feita e a reação se repete.