Japão: Indenizações devem ser recordes. Montante deve passar os atentados de 11 de setembro

As catástrofes registradas no Japão a partir da última sexta-feira representam o maior evento de consequências indenizatórias do mercado segurador e ressegurador mundial, superando, inclusive, os atentados de 11 de setembro de 2011, nos Estados Unidos, cujas perdas somaram em torno de US$ 120 bilhões. A afirmação foi feita ontem à Agência Brasil pelo presidente do Comitê Ibero-Latino-Americano da Associação Internacional de Direito de Seguro (Cila-Aida), Sérgio Barroso de Mello.

"Não há dúvida de que estamos superando esses números em muito, porque se trata de um país que era, até bem pouco tempo, a segunda maior economia do mundo. Um país desenvolvido, com uma cultura do seguro muito forte, em que não só os bens eram segurados, mas as pessoas também tinham seus seguros individuais em capitais elevados". A consequência natural é a busca desses segurados pelas indenizações, disse.

Depois dos Estados Unidos, o Japão é o maior produtor e consumidor de seguros do mundo. Sérgio Mello avaliou que, diante dos três sinistros sofridos pelo Japão (terremoto, tsunami e vazamento de radiação nuclear), o impacto patrimonial no setor segurador e ressegurador mundial "vai ser, com certeza, o maior de todos". O presidente descartou, contudo, o risco de insolvência para as empresas do setor, tal como sucedeu nos atentados contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, em 2001.

Algumas variantes utilizadas pelo setor para a avaliação do risco e sua precificação são a ciência atuarial e a pulverização de riscos. Mello explicou que essas variantes funcionam como amortizador, "um verdadeiro colchão dos prejuízos".

IMPACTO

A Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, não vê, em princípio, impacto imediato da tragédia ocorrida no Japão sobre os mercados segurador e ressegurador brasileiros. O diretor técnico da Susep, Alexandre Penner, disse ontem que, do mesmo modo, não vislumbra no curto prazo um movimento de recálculo dos riscos pelas seguradoras em todo o mundo.

"Eles vão avaliar o risco e ver se o prêmio que se cobra hoje é suficiente para fazer frente, por exemplo, a um risco nuclear". Ele explicou que cada sinistro de grandes proporções leva seguradoras e resseguradoras a verificar quais são os efeitos do evento.

Fonte: Funenseg - Seguro em pauta | Folha de Pernambuco