Mais de um homem morre por dia em Santa Catarina devido ao câncer de próstata

Com um forte histórico familiar de câncer na próstata, logo após a morte do pai, em 2010, o educador físico Jailso Avelino Jonck, na época com 39 anos, tomou a decisão de não esperar a idade indicada e resolveu consultar logo um urologista para fazer os exames e verificar como estava a saúde.

— Me antecipei não para ficar procurando por doença, mas para não ter complicações
caso viesse a ter. Foi uma questão de consciência pois vários tios dos dois lados da família, meu avô e meu pai tiveram câncer na próstata — conta.

Foram três anos de exames semestrais com resultados negativos até que, em 2013, um exame de PSA (veja mais no box) mostrou uma alteração. O médico pediu uma biópsia e quando chegaram os resultados Jailso ficou apavorado: 

— O peso da palavra câncer é muito forte. Meu segundo filho tinha acabado de nascer, era eu chorando de um lado do telefone e minha esposa do outro. Só pensava na minha família, no quanto eu queria viver com eles. Fui direto para o  médico, ele explicou todas as opções, e optei por fazer a cirurgia para retirar a próstata. Como estava em estágio muito inicial, a cirurgia foi muito boa, e minha recuperação muito tranquila — conta.

Sexualidade e preconceito

Totalmente recuperado, Jailso faz questão de dividir sua história para conscientizar o maior número de homens possíveis e quebrar o preconceito. Em seu ambiente de trabalho, conversa com os colegas e incentiva que procurem o médico: 

— Eu falo para os homens: não pequem pelo preconceito. Nada de ficar se apegando em conversa de bar, em besteiras que falam. É importante que procurem se informar melhor, ir atrás de prevenção e tratamento se for preciso. Vejo gente falando que prefere ficar no "amigo oculto", que preferem não saber se tem, mas isso é besteira — afirma.

Outro assunto que Jailso também não tem vergonha de falar é sobre a sexualidade após a descoberta do câncer. Ele relata que sabia dos riscos da cirurgia, mas que confiou no médico e teve apoio da esposa, e afirma que encarar o assunto com naturalidade, sem tanta preocupação, foi essencial para retomar a vida sexual com qualidade.

Diagnóstico precoce: mais chances de cura

Apesar de ser o segundo câncer que mais mata homens no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de próstata ainda é visto com preconceito no universo masculino. Em 2014 foram 69 mil novos casos registrados, e a incidência aumenta a cada ano. Em Santa Catarina, os números são alarmantes.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia, mais um de um homem morre por dia de câncer de próstata no Estado. O médico urologista Luiz Felipe Piovesan explica que a incidência está numa crescente por diversos fatores: 

— O aumento da expectativa de vida, já que é um tipo de câncer que geralmente acomete os homens mais velhos, e também o maior rastreamento faz com que tenhamos mais casos. O número de mortes também está aumentando, muitas vezes por demora em ter acesso ao tratamento. Além do preconceito — explica.

Sem sintomas, mas com muita chance de cura

Geralmente, o câncer de próstata apresenta uma evolução lenta, e na maior parte dos casos não revela sintomas, o que leva muitos homens a nunca procurarem um médico, Porém, alguns tumores podem crescer rapidamente e se espalhar para outros órgãos. 

— Quando o homem sente alguma coisa, geralmente já é tarde demais, e os tratamento são paliativos e mais agressivos — explica o urologista.

Luiz Felipe ainda destaca que se descoberto precocemente, o câncer de próstata tem 90% de chance de cura. 

Exames

Todos os homens com mais de 50 anos devem realizar os exames anualmente para detecção precoce. Sendo que aqueles com histórico familiar e de raça negra devem iniciar a partir dos 45 anos.

O urologista Luiz Felipe Piovesan explica que o exame de toque e o PSA são complementares: 

— Somente o PSA elevado não é o suficiente para dar o diagnóstico, pois outras doenças podem levar a uma alteração. Por isso é necessário o toque retal. Se o médico perceber alguma coisa e tiver alguma suspeita, então é necessário fazer uma biópsia.

PSA: no exame do antígeno prostático específico ( PSA) é recolhida uma pequena amostra de sangue do homem para avaliação. Existem valores de referência que mudam conforme a idade do paciente.

Toque retal: o exame dura menos de 15 segundos, e é totalmente indolor. O médico é preparado para realizar o exame, e o paciente não precisa ter medo nem preconceito.

*Depoimento da repórter Gabriela Wolff

Devido a um forte histórico familiar de câncer, o hábito de realizar exames preventivos começou cedo para meu pai, hoje com 56 anos. O urologista ele visita anualmente desde os 45 anos, e o preconceito nunca foi mais forte do que a sua vontade de viver.. Há cerca de dois anos, ele comentou comigo que o exame de PSA aumentava cada vez mais, porém nenhuma outra anomalia havia sido verificada pelo médico.

Neste ano, a consulta foi diferente. Além do PSA alto, o médico notou um volume maior na próstata e pediu uma biópsia. Eu lembro que estava no ônibus quando meu pai ligou bastante chateado falando que o médico tinha pedido o exame e o preparado para o pior. O resultado demorou alguns dias e veio com o diagnóstico que ninguém espera ter: câncer. Na consulta com o urologista, fui acompanhá-lo: nós dois com muitas dúvidas, preocupações e explicações. Depois de ouvir outras opiniões, meu pai optou pela cirurgia.

Graças ao diagnóstico precoce, a cirurgia foi um sucesso e tivemos tranquilidade para encarar esta fase de uma forma positiva. Os médicos retiraram completamente a próstata, e não havia nenhum sinal de que a doença havia se espalhado para outros órgãos. Felizmente, meu pai se recupera bem, e em pouco tempo vai poder levar uma vida normal como antes.

Fonte: Diário Catarinense

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