Mariana e Brumadinho e o Seguro Ambiental

Da esquerda para a direita: o sócio-diretor do Pery Saraiva Neto Advogados, Pery Saraiva Neto; a gerente de Responsabilidade Civil Geral e Ambiental da AIG Seguros Brasil, Nathália Gallinari; o Latam Regional Manager da Chubb, Fabio Barreto; o diretor técnico da Sustenseg, Marco Ferreira; e o superintendente da HDI Global, Marcio Guerrero

Os acidentes de Mariana e Brumadinho tiveram um impacto e modificaram o mercado de seguros ambientais. Muitas seguradoras continuam fazendo seguro de mineração, mas rejeitam o de barragens. Já o mercado de resseguros freou a capacidade para riscos de mineração e barragens. Os dados foram apresentados por Fábio Garcia Barreto, gerente regional para a América Latina de riscos ambientais da Chubb, no painel RC Ambiental, do 8º Encontro de Resseguros do Rio de Janeiro, moderado por Márcio Guerrero, superintendente da HDI Global.

“Normalmente, os acidentes recentes são o tipo de sinistro que ocorrem num intervalo de pelo menos dez anos, mas no Brasil ocorreram em menos de três anos e várias cidades ainda estão preocupadas com suas barragens”, comentou Barreto.

O mercado de seguros ambientais no Brasil começou há nove anos e hoje soma 27 seguradoras com produtos aprovados. Dessas, 17 têm produção na carteira e nove têm produção acima de R$ 1 milhão em 2018. A Chubb lidera, com uma produção de R$ 30 milhões/ano, seguida pela AIG com R$ 20 milhões, pela Tókio com R$ 13,5 milhões, a HDI, com R$ 7,4 milhões, entre outras empresas.

“Dados de 2018 mostram que a produção chegou a R$ 86 milhões/ano. Desse total, 50% a 60% são representados por um produto específico de transporte de cargas perigosas e o restante pelos produtos de sites fixos”, analisou Marco Antônio Ferreira, diretor da Sustenseg, consultoria de risco ambiental. Ele ressaltou que o seguro ambiental não é a “salvação da pátria” e sim uma ferramenta para complementar todas as outras ferramentas de gerenciamento de risco ambiental.

“Até 2008, a demanda era concentrada em empresas químicas e de papel e celulose. Hoje, há vários setores demandando, e não apenas indústrias, mas até uma rede farmacêutica preocupada com a cadeia de medicamentos vencidos”, destacou Ferreira.

Barreto, da Chubb, destacou que o mercado brasileiro, iniciado em 2010, tem um grande potencial, considerando-se o volume de US$ 2 bilhões em prêmios do mercado americano, que já possui 40 anos e é o mais desenvolvido. Para ele, o mercado de Seguros Ambientais pode atingir o mesmo patamar do mercado de Responsabilidade Civil, que no Brasil soma R$ 300 milhões.

Natália Gallinari, gerente de Responsabilidade Civil e Ambiental na AIG, analisou a experiência prática do sinistro ambiental. Historicamente, havia uma concentração de ocorrências ligadas a transporte, mas agora há novos acionamentos relacionados a incêndios  (15%) e construção (10%), além de efluentes e agricultura.

“Quanto ao tipo de contaminante, o carro-chefe são os químicos e hidrocarbonetos (30%), 20% são relacionados a efluentes industriais, sanitários, granjas e frigoríficos. E há os contaminantes emergentes como os fenóis, PFC, fertilizantes e gás natural”, elencou Natália.

Pery Saraiva Neto, sócio diretor na Pery Saraiva Neto Advogados, defendeu que haja uma maior clareza do que é seguro ambiental, que coberturas oferece e que se analisem as expectativas em torno dele.

Fonte: CNseg