Ministro dos Transportes anuncia investimentos para implantação de sistema ferroviário em Santa Catarina

O ministro dos Transportes Paulo Sérgio Passos anunciou, durante o seminário “Ferrovias e Desenvolvimento Regional”, nesta segunda-feira, em Chapecó, que as primeiras ações para implantação do sistema ferroviário em Santa Catarina iniciam neste ano.

O evento, promovido pela Associação Comercial e Industrial de Chapecó (Acic) e pela Frente Parlamentar das Ferrovias do Congresso Nacional, presidida pelo deputado federal Pedro Uczai, reuniu autoridades políticas, entidade e empresários para melhorar a logística de transporte de produtos do Oeste catarinense.

O edital de contratação dos estudos e projeto do trecho que liga Chapecó ao Porto de Itajaí, com cerca de 400 quilômetros de extensão, foi publicado também nesta semana e é o primeiro passo para que a Ferrovia de Integração comece a ser realidade no Estado. A licitação deve ser concluída até agosto de 2012.

De acordo com Passos, o estudo irá avaliar a articulação com o Corredor Ferroviário do Paraná, além de indicar a melhor alternativa do traçado da linha férrea no Estado e os modos e modelos operacionais do transporte. Além deste trecho outros dois projetos ferroviários estão previstos nos Programas de Aceleração de Crescimento: a Litorânea e a Norte/Sul.

A meta do governo federal, apresentada pelo ministro, é expandir de 29 mil quilômetros para 40 mil a malha ferroviária no país até 2020. “Estão previstos investimentos de R$ 200 bilhões em ferrovias até 2025 para construção, recuperação, estudos e projetos. Desses, R$ 33 bilhões serão direcionados ao Sul do Brasil”, complementa.

Passos enfatizou que em 2007 os investimentos para o setor de transportes eram de apenas R$ 7,2 bilhões e que em 2011 os recursos atingiram R$ 43 bilhões. “O governo tem a clareza de que não se pode pensar em competitividade sem investir em qualidade da infraestrutura básica”, garantiu.

REIVINDICAÇÃO


Durante o Seminário, o presidente da Acic, Maurício Zolet, entregou ao ministro documento que aborda questões de alta relevância para o grande Oeste de Santa Catarina relacionadas à construção de ferrovias e à duplicação da BR-282.

Na carta, o presidente destaca que há mais de 20 anos a região reivindica uma ferrovia interestadual (Norte-Sul) ligando Santa Catarina ao Centro-Oeste para garantir matéria-prima às agroindústrias e uma ferrovia intraterritorial de ligação Oeste-Leste para escoamento da produção agroindustrial aos portos marítimos, em território catarinense.

O documento assinala que a agroindústria do Oeste catarinense está longe dos grandes centros de consumo e distante das áreas produtoras de milho e soja, seus principais insumos. A região importa mais de cinco milhões de toneladas de grãos por ano e necessita de uma ferrovia para unir os dois polos. “A ausência de ferrovia está retirando a competitividade regional e fazendo empresas catarinenses migrarem para o centro do país”, aponta Zolet.

Além disso, estudos preliminares revelam que aproximadamente cinco milhões de toneladas são transportadas por caminhões, o que encarece a produção. O custo final é novamente onerado com o transporte das carnes em containeres frigorificados até o Porto de Itajaí.

Por outro lado, a ferrovia intraestadual Leste-Oeste (a Ferrovia do Frango) também proporcionaria grandes benefícios para as empresas exportadoras e a sociedade catarinense, aumentando inegavelmente sua capacidade competitiva e de sobrevivência no longo prazo. “Os dois projetos são complementares e necessários: o ramal da Ferroeste permitirá importar insumos e matérias-primas e a ferrovia Leste-Oeste facilitará as exportações”, ressalta o dirigente da Acic.

Outra grande aspiração de Santa Catarina é a readequação da rodovia BR-282. Principal via de acesso de escoamento da produção do Oeste catarinense aos portos e aos grandes centros brasileiros de consumo, ostenta infraestrutura incapaz de comportar o número de veículos que trafega diariamente pelo trecho. “Essa obra é uma necessidade urgente e estratégica para todo o Estado, que a reclama há quase 50 anos”, alega Zolet.

Por fim, a duplicação da BR-480 (acesso rodoviário de Chapecó à rodovia federal BR-282) que está em obras desde 2010, é executada com lentidão, revela o documento. Por isso, o pedido é para que o ministro examine a possibilidade de acelerar as obras e abreviar o prazo de sua conclusão, inicialmente previsto em quatro anos.

DEFESA

O prefeito de Chapecó José Cláudio Caramori disse que essa obra será realidade somente em uma ação suprapartidária. “A sociedade veio para o evento para ouvir o que o coração clama. A reivindicação da ferrovia não tem bandeira e não ter cor partidária. Com o projeto executivo aprovado teremos a segurança da obra de grande envergadura para os próximos cinco anos, que garantirá emprego, renda e o desenvolvimento de Chapecó e região”.

Representando a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), o presidente da Coopercentral Aurora Alimentos Mário Lanznaster afirmou que a ferrovia é fundamental para o agronegócio, pois o setor tem necessidade de comprar de outros estados dois milhões de toneladas de milho por ano, além das 2,5 milhões de toneladas produzidas em Santa Catarina. “Com este cenário, temos três opções: uma é a implantação da ferrovia para o transporte de grãos e de produtos, outra que é a instalação das agroindústrias em outras regiões do país ou ainda o fechamento das empresas, gerando por consequência desemprego e estagnação da economia”. 

Fonte: Noticenter