Palestrante analisa contexto brasileiro

O professor Luiz Roberto Cunha proferiu a palestra de abertura da 1ª ConseguroSC, apresentando, além do diagnóstico, as perspectivas políticas, sociais e econômicas para o mercado segurador. Em entrevista ao SindsegSC Notícias, ele comentou alguns pontos.   SindsegSC Notícias  - Como está a posição do Brasil no contexto mundial e em relação aos demais países emergentes em relação a penetração de mercado? As perspectivas são de expansão? Professor Cunha - A participação dos prêmios de seguros em relação ao PIB no Brasil, cerca de 3,0%, está um pouco acima da participação em outros países da América Latina (à exceção do Chile = 3,6%), mas muito abaixo do seu potencial, principalmente quando comparamos com países desenvolvidos (alguns exemplos, 10,6% na França e 8,1% na Itália). SN - Quais seriam as maiores dificuldades brasileiras: Distribuição de renda? Cultura? Preços? Produtos? Professor Cunha - A relação entre a penetração de mercado e indicadores de distribuição de renda, como o Índice do Desenvolvimento Humano (elaborado pela ONU, comparando os países em termos de um conjunto de indicadores sociais, como renda per capita, educação e expectativa de vida) e o Índice de Concentração de Renda, mostram que nos países onde a renda é mais bem distribuída e os indicadores sociais são melhores, a penetração dos seguros no mercado é muito maior. Assim, este é, sem dúvida, um fator importante. Até porque, quando a renda é baixa e mal distribuída, infelizmente, as pessoas não têm como priorizar seu futuro. Mas devemos reconhecer que fatores culturais são também importantes, um bom exemplo é a África do Sul, que por ter uma tradição cultural inglesa, apresenta, mesmo tendo condições sociais precárias, uma maior participação dos prêmios no PIB.SN - O que falta na área política (Executivo, Legislativo) para ampliar a participação do brasileiro no mercado segurador? Também existem dificuldades ou limitações decorrentes do Judiciário?Professor Cunha - Sem dúvida, uma maior atenção do poder público ao papel fundamental na formação de poupança interna do segmento de seguros e previdência é necessária. Também devemos levar em conta que existem sérios problemas relativos ao que se tem chamado de risco jurisdicional. Assim, as dificuldades ou os custos, que muitas vezes são impostos pelo judiciário, também limitam o desenvolvimento do setor.SN - Existem novas formas/fórmulas de seguro, baseadas na experiência internacional, que precisam ser adotadas no Brasil? Caso positivo, por que isto não acontece?Professor Cunha - Uma das principais questões que limitam a expansão do mercado de seguros no Brasil, principalmente em segmentos de maior porte, é a questão do resseguro. Somos um dos poucos países no mundo onde existe o monopólio governamental do resseguro.SN - É possível fazer uma projeção do crescimento ou participação do mercado segurador brasileiro no PIB para os próximos quatro anos, ou seja, até o final do próximo mandato do Presidente da República?Professor Cunha - Depende do cenário para a economia; se tivermos um desenvolvimento sustentado, com maior distribuição de renda, o setor de seguros e previdência será um dos mais beneficiados.