Seguro e férias

Os esportes de verão podem ser cruéis, assim como uma série de outras atividades pouco praticadas durante o ano, que podem custar caro para o corpo do praticante.

*Antonio Penteado Mendonça

As férias de verão são o grande momento na vida de milhões de famílias brasileiras.

Ao longo delas as pessoas ficam mais soltas, mais preguiçosas, mais corajosas. É aí que mora parte do perigo.

Por conta das férias, milhares de pessoas decidem fazer o que não sabem, se aventurando em toda sorte de esportes radicais, mais ou menos perigosos, invariavelmente com resultados pífios, quando não acabam machucadas, por se aventurarem em terreno desconhecido.

Os esportes de verão podem ser cruéis. Esquiar na água, surfar,montanhismo, descer rios em boias ou canoas, arborismo, explorar cavernas, fazer trilhas de bicicleta e mais uma série de atividades pouco praticadas durante o resto do ano podem custar caro para o corpo de quem não é treinado ou conhece malo que está fazendo.

De outro lado, férias significam relaxar, prestar menos atenção nas coisas, vale dizer, inconscientemente correr mais riscos. Não olhar com cuidado antes de atravessar ruas e estradas, entrar no mar depois de comer uma feijoada acompanhada de meio litro de caipirinha, subir numa pedra para ver o por do sol, passear pela orla perto da arrebentação são atividades feitas inconscientemente, mas que podem ter resultados catastróficos.

Para não falar nos riscos que não dependem apenas de você. Nas férias as pessoas se soltam mais,imaginam que não vai acontecer nada e acabam bebendo antes, durante e após dirigirem.

O resultado é que as estatísticas, todos os anos, batem novos recordes de vítimas fatais, engordando alista trágica de mais de 60 mil mortos em acidentes de trânsito, para não falar nos mais de 130 mil casos de invalidez,em decorrência de imprudências de todos os tipos, praticadas por motoristas, motoqueiros, ciclistas e pedestres ao longo da malha viária nacional.

Quem acha que a lista acabou se engana. Nos meses de verão aumentam os casos de furtos e roubos a residências.

Parte deles porque os imóveis ficam fechados enquanto as famílias viajam para aproveitar as férias, parte deles porque os imóveis estão ocupados pelas famílias que viajam para aproveitar as férias.

Nas duas situações, a impunidade serve como mola para aumentar a ousadia dos bandidos. Na medida em que eles sabem que apenas 15% dos casos de latrocínio são apurados pela polícia paulista, fica claro para eles que as chances estão a seu favor.

E a conta fica mais favorável ainda quando se verifica o número de homicidas que pagam pelo crime de matar outra pessoa, cumprindo integralmente a pena de cadeia a que foram condenados.

Ainda com forte impacto nos prejuízos suportados pelo país nesta época do ano, vale salientar as tempestades de verão. Sem dúvida nenhuma são elas as responsáveis pelas maiores tragédias que se abatem sobre a população brasileira. E o quadro vai piorando, verão após verão, sem que até agora o país tenha um plano para minimizar suas consequências.

Nada de novo debaixo do sol, todos os anos esta lista pode ser elencada sem muita margem para erro. E a soma destes fatores faz com que nos meses deverão seja possível detectar nitidamente o aumento da sinistralidade em várias carteiras de seguros.

O impacto nos seguros de veículos pode ser visto nas fotos de carros, caminhões e ônibus submersos, em razão de alguma forte chuva que caiu nesta ou naquela região.

Os acidentes com vítimas também podem ser vistos nos telejornais do final do dia quemos tramos destroços dos veículos envolvidos, enquanto os mortos e feridos são removidos do local.

Mas outras carteiras também são afetadas. Os planos de saúde privados devem suportar o aumento dos acidentes pessoais. Os seguros de vida e acidentes pessoais suportam os altos custos decorrentes dos acidentes de todos os tipos.

Os seguros patrimoniais pagam as indenizações pelos roubos e furtos, além de parte dos danos causados pelas tempestades de verão, etc, etc.

Tudo bem, seguro existe para isso. As seguradoras, ao suportarem estes prejuízos estão cumprindo sua missão social e empresarial. Daí não darem muito destaque ao tema.

* É PRESIDENTE DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS, SÓCIO DE PENTEADO MENDONÇA ADVOCACIA E COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO.

Fonte: Seguro em Pauta | Escola Nacional de Seguros