Venda de automóveis no Vale cresce 3,9% no primeiro semestre de 2017

Na crise é hora de reduzir gastos. O mandamento dos economistas que contribuiu para mais prudência nas contas também fez muita gente passar longe de concessionárias e revendas de veículos nos últimos dois anos. Essa mudança no consumo fez do setor um dos mais atingidos pela recessão. Mas no primeiro semestre deste ano, as vendas de automóveis e comerciais leves (picapes e furgões) no Vale do Itajaí cresceram 3,94%, acima até do Estado, onde a evolução foi de 3,53%. É a primeira vez desde 2014 que o primeiro semestre do ano terminou com mais vendas que os seis meses iniciais do ano anterior. Se colocados ônibus e caminhões nesse comparativo, os números do Vale superam os do país: 5,01% contra 3,65%.

No ramo de automóveis e comerciais leves, os dados da regional da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) acompanham o desempenho do país no semestre: elevação de 4,25%. O professor de Economia Brasileira Contemporânea da Furb, Sidney Silva, avalia que há dois motivos para a retomada das vendas. O primeiro é a liberação do FGTS das contas inativas. E, de fato, os números da Fenabrave no Vale reforçam a tese. Em março e maio, meses em que os trabalhadores tiveram acesso aos recursos do fundo de garantia, as vendas de automóveis e comerciais leves cresceram 37,38% e 24,46%, respectivamente, em comparação com o mês anterior. Em todos os outros meses houve queda – a menor delas de 1,94%, em junho, e a maior de 30,71%, em janeiro. Ainda assim, no balanço semestral, o mercado saiu com saldo positivo na região.

O segundo motivo citado por Silva é o fato de que a recessão está, na avaliação dele, na fase final. Com isso, acredita que o volume de vendas deva se manter – talvez com ligeira queda – no segundo semestre, mesmo com incentivos, como antecipação de parte do 13º salário. A partir do ano que vem, porém, o professor estima que haja motivos para verdadeiramente comemorar, com possível alta entre 3% e 4%, acompanhando o crescimento do PIB.

Se depender de pessoas como Waldomiro Wirth, 67 anos, a reação do setor automobilístico deve chegar até mais cedo. Ele esteve na semana passada em uma concessionária de Blumenau para fechar a compra de um automóvel zero quilômetro.

— Enquanto o povo não acreditar que vai melhorar, não vai mesmo. É preciso acreditar e confiar. Não falar só em crise. Hoje, com esse cenário, quem manda e dá as condições na negociação é você — argumenta.

Especialistas citam mais confiança e acesso ao crédito

Para Osmar Laschewitz, membro da diretoria da Fenabrave-SC, o que impulsionou as vendas no primeiro semestre foi a diminuição do medo do desemprego, provocada pela melhora econômica, e o aumento na concessão de crédito por parte dos bancos.

— Apesar de os últimos meses terem sido uma espécie de gangorra, acho que atingimos o patamar da estabilidade para vislumbrar a tendência de leve crescimento, como é a expectativa das próprias montadoras — avalia.

Se entre os carros novos as vendas ameaçam reagir, nos seminovos e usados o semestre foi ainda mais favorável. Automóveis e comerciais leves tiveram 10,9% de alta nos últimos seis meses em comparação com a primeira metade do ano passado.

Segundo o presidente da Associação dos Revendedores de Veículos de SC (Assovesc), Rafael Silva, o setor sentiu menos a crise por ter carros a valores mais baixos e também se favoreceu do aumento de confiança e da redução dos juros:

— Como a maior parte das compras são alienações, com crédito de banco, a pessoa tem que estar confiante em um futuro melhor. Isso começou a acontecer e acredito que vá aumentar.

Fonte: Jornal de Santa Catarina