Capital Intelectual: Quais são, na opinião do senhor, os principais requisitos para se atuar no mercado de seguros? Que aspecto é destaque para seguir nesta carreira?
Marcos Heinzen: Além de ser e literalmente estar apaixonado pelo que faz, trata-se de um mercado muito desafiador e dinâmico, onde exige do profissional que nele atua ética, transparência, comunicação, determinação e muito estudo; pois deve-se ficar atento as mudanças conceituais, politicas e mercadológicas de sua região e do Brasil como um todo, e assim reconhecer e atuar nas oportunidades que o mercado oferece e disponibiliza. Os aspectos mais importantes na minha visão são a persistência e pensar fora da caixa, ou seja, estar sempre à frente. O diferente é quem cria, o igual apenas copia.
Capital Intelectual: Fazendo uma análise do mercado de seguros, qual tema atual o senhor acha importante comentar, e por quê?
Marcos Heinzen: Na verdade teríamos vários, pois não faltam tópicos importantes nesse nosso mercado; porém destacaria positivamente a evolução que o mercado segurador nacional e internacional vive, mostrando bons indicadores de crescimento, reforçando assim o aspecto de oportunidades e investimentos. Outro tema importante porém pouco destacado na mídia, por exemplo, é o lado social importante que o seguro tem junto a sociedade na reposição de bens/patrimônios e proteção financeira de pessoas e famílias com as “devoluções”, chamadas então de indenizações. Fala-se muito em quanto as seguradoras arrecadam, mas destaca-se pouco o quanto volta em forma de indenizações, benefícios, resgates e sorteios. Essas então “devoluções” são responsáveis até por equilíbrios econômicos em certos casos. Gostaria de propor um pequeno desafio a você que prestigia o SindsegSC lendo essa entrevista: o mercado segurador em 2012, segundo dados apontados, arrecadou em torno de 298,4 bilhões obtendo um crescimento de 16,6% em relação a 2011, você saberia informar se fosse perguntado, qual foi o montante devolvido em forma de indenizações, benefícios, resgates e sorteios em 2012?
Capital Intelectual: Como o senhor classifica a atuação do SindsegSC no mercado segurador de Santa Catarina?
Marcos Heinzen: Além de cumprir um papel muito importante no mercado catarinense com a divulgação de informações ajudando a disseminar a cultura do seguro, onde seu site é hoje até fonte de consulta na área para todo o Brasil, classifico como de total importância a todos os profissionais do mercado pelas ações diretas promovidas pela entidade através de seus dirigentes, colaboradores e grupos de trabalhos, com suas inúmeras ações, como palestras, capacitação, ações beneficentes e tantas outras.
Capital Intelectual: Qual é o maior desafio da Comissão Riscos Pessoais? Quais aspectos o senhor destaca da Comissão?
Marcos Heinzen: São muitos, entre eles a sempre busca do crescimento da carteira de benefícios como um todo. A formação de novos especialistas para atender uma nova demanda de consumidores inclusive cada vez mais exigente, e o continuo trabalho de esclarecimentos ao mercado para conscientização da importância do seguro de benefícios na vida das pessoas e empresas. Destaco o aspecto sempre cooperativo dos integrantes da comissão, trabalhando sempre em prol do conjunto, unidos e eficientes.
Capital Intelectual: Para o senhor, qual o impacto da tecnologia no mercado de seguros? O setor está se adaptando bem a essa nova tendência?
Marcos Heinzen: Imprescindível, da qual sem o continuo investimento em tecnologia, o mercado de seguros ficará atrasado e menos competitivo frente a realidade e exigências do consumidor. Ao meu ver ainda falta muita coisa, mas sim, os investimentos são fortes e se vê em nosso dia a dia o reflexo dos mesmos, ao que se tem noticias, já existe informação de que 2013 será o ano com a maior valor de investimento por parte das seguradoras, principalmente em novas tecnologias.
Capital Intelectual: O senhor recorda alguma história pitoresca ou emocionante que vivenciou durante o tempo em que trabalha nesse mercado?
Marcos Heinzen: Foram inúmeras histórias pitorescas, e que histórias! [risos] Mas teve uma muito engraçada que ocorreu em São João do Oeste, em 1997, recém tinha sido transferido para São Miguel do Oeste onde fiquei por dois anos. Tínhamos um corretor muito parceiro que me convidou para ir até a prefeitura de São João do Oeste para fechar uma proposta de AP, nossa, visita importante, mas nem sonhava que a cidade tinha só uns 5.000 habitantes, sendo assim uma cidade pequena e simples, porém muito acolhedora. Não tive duvidas, me enfiei no terno e gravata e lá fomos; chegando lá, a prefeitura era em uma casa simples tipo sobrado, onde chegando no andar superior notei um papo entre pessoas em uma sala, aparentemente me pareciam todos agricultores, pois assim estavam vestidos de suas lidas matinais bem como ainda mantinham ao seu lado seus instrumentos de trabalho: foices, enxadas e pás. Achei normal e adentrei até a mesa que se identificava como secretária para ser anunciado ao prefeito, porém antes pedi para ir até o banheiro. Para minha surpresa o WC era do lado da tal sala com os então agricultores que na entrada tinha visto, porém ao fechar a porta ouvi um forte barulho de entra e sai na sala ao lado, e uma voz forte e pedindo agilidade que dizia "Reunião encerrada porque tenho que atender o enviado pelo governo do estado que acaba de chegar...". Para minha surpresa o agricultor que comandava o bate-papo era o prefeito e me confundira com alguem enviado pelo governo estadual pela maneira que me vestia. Depois de muitas risadas pelo equívoco fechamos o AP e tenho o então prefeito do ocorrido como um grande amigo na região do Extremo Oeste Catarinense até hoje.
Capital Intelectual: Há alguma história da sua infância ou adolescência que o senhor gostaria de compartilhar?
Marcos Heinzen: Minha infância foi muito simples, morava em Rio do Sul com a minha vó, pois minha mãe trabalhava e morava em Blumenau e me via nos finais de semana. Assim, com 6 anos, por não ter com quem me deixar ia com a minha vó ao seu trabalho, que era cozinheira. Dormia até às sete embaixo da mesa em que ela fazia os salgados para a lanchonete, pois íamos às quatro da manhã, e com isso acabava ajudando como garçom por não ter o que fazer, e ajudava com uns trocados a minha vó. Certo dia eu estava limpando as mesas quando dois motoristas começaram a brigar, e um estando mais afoito se levantou e agrediu verbalmente o outro amigo o chamando de “Seu filho d... p....” onde nesse momento sem saber o porquê, imediatamente me coloquei à frente do senhor que hora se levantava bravo a fim de não deixar aquela briga avançar e falei “Alguém me chamou?”. Vendo o senhor estarrecido com a minha atitude finalizei ao dono da lanchonete que se encontrava atrás do balcão: “Por favor, solta uma Malzbier (cerveja preta) aqui para os cavalheiros”. Peguei e levei aos mesmos, servindo e dizendo que se precisassem de algo mais eu estaria ali para servi-los, o então senhor que havia ficado bravo e gritado o palavrão, paralisado me chamou e me agradeceu dizendo que a minha atitude acabara de salvar uma antiga e grande amizade e que me seria grato pelo resto de sua vida, mesmo sabendo com certeza que nunca mais iria me ver. Mesmo com 6 anos de idade, acho que valeu a pena o mico daquele momento, apesar do medo que também senti e pelo detalhe que nunca tinha até então conseguido soletrar corretamente a então cerveja preta muito vendida naquela época [risos] a tal Malzbier.
Capital Intelectual: Quando não está no trabalho, qual a sua atividade favorita?
Marcos Heinzen: Sempre brinquei que não tenho vocação para ser audiência para televisão, assim sempre procuro fazer algo, visitar algum lugar novo, conhecer pessoas e culturas... Adoro também pescar, andar de bicicleta e jogar vôlei, onde antigamente ia para me divertir e atualmente vou para divertir os outros [risos]. E logo logo, voltando a estrada de moto.
Fonte: SindsegSC - Sindicato das Seguradoras, Previdência e Capitalização em Santa Catarina