Especialista aponta quatro desafios para o sucesso do microsseguro

O mercado brasileiro de microsseguro tem um potencial muito grande de crescimento, uma vez que mais de 30 milhões de pessoas deixaram as classes E e D e ingressaram na C nos últimos cinco anos, justamente o foco do microsseguro. 

De acordo com Valdemir Navarro, diretor de marketing da Vayon Insurance Solution Provider, empresa de negócios e TI com foco exclusivo no mercado de seguros, embora a população já esteja despertando para a importância do seguro, é necessário um trabalho de convencimento do mercado para que o seguro venha a ser comprado e mantido pelo segurado no longo prazo.

“O pagamento regular de prêmios não é uma realidade no Brasil para esse público e parece haver uma preferência por enfrentar adversidades financeiras fazendo empréstimos em instituições financeiras ou contando com a ajuda de familiares e amigos. Outro ponto fundamental a ser considerado, é o índice de cancelamento das apólices. Muitas vezes as pessoas acabam não valorizando o seguro no longo prazo e acabam, durante o período de vigência, pedindo o cancelamento ou simplesmente deixam de pagar o prêmio, o que provoca o cancelamento automático do seguro”, afirma o executivo.

O primeiro ponto levantado pelo diretor para o sucesso do microsseguro é promover a distribuição e captação de seguros em locais que as pessoas de baixa renda frequentem com regularidade. O segundo ponto levantado, que está relacionado com o primeiro, é sobre a capacitação dos vendedores, que devem ser destes locais frequentados e muito bem treinados para garantir que os clientes tomem decisões bem fundamentadas. “Mais do que vender o microsseguro, é preciso vender bem. É necessário que as pessoas de baixa renda despertem para os benefícios e o valor do seguro em suas vidas. Isso só será atingido se os vendedores de microsseguros tiverem um treinamento adequado, que conheçam os produtos e serviços oferecidos pela seguradora e transmitam de forma simples e clara o valor do produto”, observa.

O terceiro ponto é o atendimento ao segurado, ou seja, a seguradora deve facilitar o atendimento de solicitações, como de assistência e benefícios, o pagamento de prêmios e o eventual sinistro, para que sejam feitos de maneira conveniente e rápida. E, por último, o desafio é incentivar a permanência dos segurados nas apólices, estando presente na vida do segurado por meio de modelos de relacionamento inovadores, que sejam relevantes e convenientes a eles. 

Para Navarro, ao mesmo tempo em que devemos resolver estas questões também devemos manter os custos operacionais dentro do viável para o mercado de microsseguros. “Estes quatro aspectos expostos são relevantes não apenas para o mercado de microsseguros, mas para todo setor de seguros. Porém, para o mercado de microsseguros, devido ao baixo valor dos prêmios e o grande número de segurados, esses desafios, quando não operacionalizados com eficiência, tornam a operação inviável”, conclui.

Fonte: Revista Cobertura