Portal Viver Seguro: Almir Ribeiro, atuário discute seu futuro no 2º ENA

A segunda edição do Encontro Nacional de Atuários (ENA), de 23 a 24 de agosto, no Rio de Janeiro, reunirá cerca de 300 participantes para discutir assuntos que são reconhecidamente relevantes para o exercício profissional, tendo como tema central a Solvência. Para o presidente da Comissão Atuarial da CNseg, Almir Martins Ribeiro, a melhor qualificação é essencial diante dos novos desafios que se avizinham do atuário, que tem um papel cada vez mais estratégico na indústria de seguros, ajudando-a a gerar resultados operacionais positivos, algo essencial para atender às exigências crescentes de capitais para garantir a solvência.

O senhor concorda que as mudanças no cenário mundial, sobretudo a perspectiva de exigência de aumento da solidez dos grupos seguradores, podem tornar a profissão de atuário ainda mais desafiante, fazendo-o ter um papel mais estratégico no sentido de ajudar as empresas a encontrarem o caminho para obter resultados melhores?
Concordo plenamente. Aliás, os últimos acontecimentos já fizeram que o atuário passasse a ter um papel estratégico nas empresas, participando das decisões e definindo planos com objetivo de resultados operacionais. Somente com resultados positivos as empresas conseguirão atender às exigências de capital para garantir a sua solvência, sem ter de recorrer a aportes de capital feitos pelos acionistas. Estou plenamente convencido de que o atuário é peça fundamental para que esses objetivos sejam atingidos.

De que forma esta nova feição do profissional de atuária, ou seja, cada vez mais no centro decisório das empresas, está refletida no 2º ENA?
O 1º ENA nasceu da ideia de se criar um fórum de discussões práticas para os atuários. Estamos procurando manter essa ideia no 2º ENA. Queremos repetir o sucesso do 1º ENA, trazendo à discussão temas que estão no dia a dia dos profissionais atuários das seguradoras, das entidades de previdência privada aberta e das empresas de capitalização. Queremos que os temas apresentados possam contribuir para que os profissionais atuários adquiram conhecimentos que possam lhes ser úteis no exercício da profissão.

Aliás, quais os temas mais importantes que serão discutidos no 2º ENA?
Todos os temas são importantes. Foi muito difícil selecionar os temas, porque tivemos muitas sugestões e existe a limitação de tempo. Por isso, muitos temas também ficaram fora da programação. Por ter tantos assuntos, preferimos manter o modelo de três palestras simultâneas para poder abranger o maior número possível de temas para discussão. O tema central escolhido para o 2º ENA trata da Solvência. Estaremos tratando desse assunto na maioria das apresentações, abordando assuntos como “Risco de subscrição em Vida e Previdência”, “Risco Operacional” e “Risco de Mercado”, como também pretendemos apresentar cases de “Implementação de Modelos Internos” nas empresas.

Quais suas expectativas em torno do encontro e comente a importância da pauta temática?
Esperamos repetir o sucesso do 1º ENA. A julgar pelo feedback que tivemos, o sucesso está garantido. Nossas expectativas são as melhores possíveis. A pauta temática deve contribuir muito para esse sucesso, pois discute assuntos que estão fazendo parte do cotidiano não só dos atuários como de todos os profissionais que participam direta ou indiretamente das decisões das empresas. Estamos certos de que a escolha do tema central do evento não poderia ter sido outro.

O encontro deve reunir quantos participantes?
No 1º ENA, tivemos a participação de aproximadamente 300 pessoas. Esperamos conseguir superar essa marca e consolidar o “Encontro Nacional de Atuários – ENA” no calendário de eventos do mercado de seguros do Brasil.

Já é uma realidade a ideia de que ao atuário está reservado o papel de participar das definições do planejamento estratégico e da gestão das empresas com acompanhamento e projeções dos resultados por meio de Modelos Internos de Gestão?
Em muitas empresas, isso já é uma realidade. Essas empresas com certeza já perceberam a importância de realizar estudos considerando técnicas atuariais e já estão colhendo os frutos desse investimento. Eu acredito que não tem outro caminho a ser seguido, e o profissional atuário no Brasil será reconhecido e terá a mesma importância que os profissionais atuários têm nos países desenvolvidos.

O número de profissionais de atuária é suficiente para atender aos novos desafios que se avizinham?
Nos últimos anos, muitos cursos de Ciências Atuariais foram criados em diversas faculdades ou universidades. Com isso, muitos atuários estão de formando, mas a demanda por profissionais é muito grande e requer conhecimentos práticos que infelizmente os cursos de bacharelado não conseguem passar. Infelizmente, a valorização do profissional atuário somente se deu após a estabilidade da economia com o Plano Real. De lá para cá, se passaram pouco mais de 15 anos que o Brasil começou a acreditar que o Real deu certo e que viver em um país sem inflação era possível. Nesse novo cenário, as empresas precisaram a se adaptar à necessidade de trabalhar com ganhos reais, e os conhecimentos atuariais passaram a ser importantes para a nova realidade. Quinze anos é pouco tempo para preparar atuários suficientes para atender à demanda, mas eu e alguns colegas atuários estamos trabalhando para que as entidades de ensino possam oferecer cursos de qualificação profissional que preparem os atuários para atender às necessidades práticas e os novos desafios que virão.

Fonte: Portal Viver Seguro