Os 10 mitos mais comuns sobre sustentabilidade nas empresas

Entre as 340 empresas, de mais de 30 países, que integram o Índice Down Jones de Sustentabilidade 2012/2013, apenas nove são brasileiras, sinalizando o quando ainda temos que avançar em relação a esse tema.

E a sua empresa, possui algum programa de sustentabilidade? Não? Por não ser compatível com o seu ramo de atividade? Por ser caro demais? Por não traz resultados concretos?

O site da revista Exame fez uma lista com os 10 mitos mais comuns sobre sustentabilidade no ambiente corporativo, ajudando a dirimir certas idéias equivocadas como, por exemplo, de que sustentabilidade está relacionada somente a ações ambientais.

Abaixo, listamos os 10 mitos na íntegra.

1. Sustentabilidade custa caro e não traz retorno
É errado pensar que obrigatoriamente a sustentabilidade é cara e que exige um custo. Na realidade, tudo depende de diversos fatores.

“Às vezes será preciso gastar, outras não. Vai depender do tipo de empresa, da ação, do projeto etc. Mesmo quando existe um gasto, ele pode ser convertido em investimento no médio ou curto prazo”, diz Ricardo Valente, diretor da Keyassociados.

Para ter maior clareza sobre essa ideia é preciso ter em mente que a sustentabilidade envolve uma série de aspectos. Conduta ética, a não discriminação, corrupção, tudo faz parte da sustentabilidade. Implantar ações nesse sentido não envolve, necessariamente, a utilização de recursos financeiros.

“Lembre-se de que todas as possibilidades geram crescimento e, apesar dos custos adicionais, a sustentabilidade tem sido uma solução que traz ganhos”, afirma Branco.

2. É apenas para empresa grande
Este pensamento está ligado ao primeiro mito. “Como a sustentabilidade não está, obrigatoriamente, envolvida com custos, isso facilita a implantação de ações sustentáveis em empresas de todos os portes. As pequenas também fazem iniciativas sustentáveis, mas repercutem menos e são menos cobradas”, expõe Valente, da Keyassociados.

E essas companhias podem estar envolvidas com a sustentabilidade por diversos motivos. “Muitas descobrem que esse pensamento é lucrativo; outras investem no tema em razão da consciência do dono ou por terem uma visão moderna; e algumas por serem fornecedoras de uma grande empresa, sendo, assim, pressionadas”, avalia o profissional.

Lembre-se, aliás, de que as pequenas empresas, em conjunto, podem ter um impacto socioambiental maior do que as grandes companhias, visto que elas existem em maior número.

3. Sustentabilidade reduz o conforto
A sustentabilidade não é sinônimo de redução de qualidade de vida. “A briga, na realidade, é para que as pessoas de hoje possam continuar vivendo confortavelmente, mas que as do futuro ainda tenham comodidade. E para isso é preciso achar o equilíbrio”, diz Valente.

4. Sustentabilidade é uma moda/tendência passageira
O assunto veio para ficar. “Esperamos apenas que, no futuro, o tema esteja tão enraizado na cultura das empresas que não será mais necessário dar tanto enfoque a ele. Será incorporado ao dia a dia das companhias, não sendo um tema que precise a todo momento ser lembrado, mas que nem por isso deixará de existir. Pelo contrário, será algo natural”, acredita Valente.

5. Ter uma área específica de sustentabilidade é solução
Com o pensamento de que a sustentabiliade é uma tendência, diversas empresas criaram áreas especificas para tratar do assunto no campo empresarial, sem perceber que isso não basta.

“De nada adianta criar uma área isolada. O importante mesmo é que todos os outros campos funcionais existentes na companhia conversem para que a sustentabilidade seja tratada com a importância que deve ter”, explica Branco.

Criar uma área apenas para ter o nome sustentabilidade trabalhado na empresa acaba fazendo com que as outras frentes deixem de pensar sobre o assunto.

6. Ser sustentável é ter ações ambientais
Não acredite que sustentabilidade é sinônimo de meio ambiente. É comum esquecerem que o tema envolve ainda o lado econômico e social.

“Não é bom para a sustentabilidade que a companhia tenha uma boa gestão ambiental, mas conte com sérios problemas como trabalho escravo e envolvimento com corrupção. É preciso que o tripé meio ambiente, economia e social esteja inserido dentro do negócio da empresa”, afirma Valente, da Keyassociados.

E, aqui, é preciso mudar as ações não apenas do mundo corporativo, como também do individual.

“Apenas saber e entender o que é sustentabilidade não adianta. É preciso colocar em prática para que esse processo não fique no lado racional. De que adianta você assumir responsabilidades e continuar consumindo de empresas que sonegam impostos ou usam da pirataria?”, questiona Branco.

7. Ser sustentável só é viável quando se tem um presidente visionário
Sim, a síndrome do Fábio Barbosa, empresário ligado ao mundo da sustentabilidade, existe nas empresas. “Muitas delas pensam que se o presidente não for comprometido e determinado com os assuntos verdes, a sustentabilidade não vai para frente”, revela Branco.

Isso é falso: uma empresa sem um líder com essas características também pode criar ações que rendam bons frutos.

8. Inovação resolve tudo
Outro mito muito comum é acreditar que as novas tecnologias solucionam todos os problemas. “É obvio que elas vão ajudar a sustentabilidade. Motores mais eficientes, lâmpadas que consomem menos energia e mais transparência de informação são alguns exemplos que trarão impactos positivos para o tema. Mas é preciso evitar os braços cruzados”, esclarece Valente.

Pense, também, que ações simples podem resolver problemas atuais. Mudanças de postura, de como usar água e energia, podem ser adotadas imediatamente, e trarão bons resultados para a sustentabilidade. “Nós mesmos somos capazes de achar saídas para os problemas vistos. Isso não significa que a tecnologia não seja importante, mas é preciso repensar tudo”, salienta Branco.

9. Fazer um relatório de sustentabilidade é suficiente
Apenas publicar esse documento não basta. “Tenha consciência de que ele é um relato, uma prestação de contas, é a linha final de um processo”, diz Ricardo Valente. Por isso, inclusive, que no documento consta uma série de questões, boas e ruins, apontando temas que a empresa está envolvida.

Ele não é uma peça de marketing que diz tudo que há de bom. O relatório deve falar, ainda, sobre temas críticos. Ele serve para dar uma visão completa sobre a sustentabilidade da companhia.

10. Falar das práticas "verdes" é fazer marketing falso
Essa é uma questão histórica, já que no passado as companhias comunicavam qualquer ação pequena como se fosse algo grande e faziam muito barulho por nada.

“Com o tempo, isso começou a ser criticado. Agora o que acontece é a maximização desse pensamento. Passou-se a considerar qualquer comunicação como greenwashing. Mas tem muita empresa com projetos realmente interessantes, solucionando problemas críticos, que não conseguem espaço para divulgá-los. Não há problema em expor os projetos realmente sustentáveis. Isso incentiva outras empresas e aumenta a conscientização. As companhias só precisam ter consciência e divulgar apenas aquilo que realmente é importante”, explica Ricardo Valente.

Fonte: CNseg Sustentabilidade