Polícias rodoviárias entre o combate ao crime e a segurança no trânsito

Há poucos dias visitando o site da Polícia Rodoviária Federal tivemos mais uma confirmação de como mudou a atribuição das polícias rodoviárias nas estradas brasileiras. Antes considerada uma polícia de trânsito, cujo papel era garantir a fluidez do tráfego e a fiscalização para evitar acidentes, nos dias de hoje, é uma força policial que combate o crime e também cuida do trânsito.

Basta ver as notícias postadas no www.prf.gov.br. São drogas apreendidas com passageiros de ônibus, nos automóveis, carretas com toneladas de drogas, sem contar o contrabando e tráfico de armas. Numa carreta parada pela PRF os dois motoristas apresentaram aos agentes notas fiscais emitidas mostrando que a carga seria de milho a granel, na verdade, carregavam mais de 1 milhão de maços de cigarro contrabandeados. Já em outro veículo foram encontradas 16 pistolas, mais de 2.000 munições e presos dois homens. Além disso, os policiais rodoviários ainda têm que lidar com frequentes interrupções do tráfego nas rodovias devido a protestos sob as mais variadas justificativas.

O mesmo ocorre nas rodovias estaduais onde os policiais rodoviários passam pelas mesmas situações. Em todas as esferas, federal e estaduais, o efetivo policial e as condições de trabalho estão muito aquém do necessário para fazer frente as atribuições atuais de quem fiscaliza a rodovia: que é garantir o trânsito seguro e combater a criminalidade. Na hora do acidente os policiais têm que atender as vítimas, sinalizar o local e ainda evitar, nos acidentes com caminhão, o roubo de carga por pessoas que aparecem de todos os cantos e muitas vezes não têm a menor cerimônia de roubar com as vítimas agonizando. Sem contar os policiais que ainda têm de evitar que as vítimas sejam enganadas, porque logo aparecem pessoas para oferecer caixão, ou vem de caneta em punho pedindo assinatura nas procurações para receber o DVPAT, como se fossem ajudar a vítimas e seus familiares.

Lógico que existem maus policiais rodoviários que não honram a farda e cometem abusos e ilegalidades, os quais devem ser denunciados pelo cidadão e existem caminhos para isso. Mas a verdade é que a maioria trabalha com seriedade, carrega nas costas uma enorme responsabilidade, correm risco diariamente e sofrem com o desgaste de imagem causado por maus colegas. Sem contar que tem o papel de fiscalizar e punir infratores, o que não é visto com simpatia.

Quem é flagrado em excesso de velocidade normalmente reclama da indústria da multa ou alega que o limite de velocidade é baixo. Esquecem que ninguém é obrigado a andar acima da velocidade permitida e que limites de velocidade não são estabelecidos por engenheiros mal humorados, mas baseados em critérios técnicos de segurança. Ao policial rodoviário cabe apenas cumprir a lei. Quando ele cumpre é praticamente impossível encontrar alguém que foi multado dizer ao patrulheiro: “Parabéns, o senhor tem toda razão. Eu estava em excesso de velocidade e merecia ser punido” . Geralmente vão tentar justificar a infração com as desculpas mais esfarrapadas. Há poucos dias conversando com um policial, ele contava que pegou um motorista no seu esportivo a 160km/h. Estava de chinelo de dedo, sem camisa e uma linda loira de biquíni ao lado. Na hora que foi parado disse que estava dirigindo nessa velocidade porque estava indo para o enterro da avó. O policial deu os pêsames e naturalmente a multa .

Por isso, está na hora da sociedade valorizar quem aplica a lei e trabalha em prol da segurança nas estradas. É preciso aumentar o efetivo e oferecer mais equipamentos e estrutura para as polícias rodoviárias. Afinal, estão cuidando da segurança de todos nós nas rodovias e combatendo o crime.

Fonte: Equipe DPVAT | Rodolfo Alberto Rizzotto