"O homem acha que não vai adoecer", diz especialista sobre a campanha Novembro Azul

Você já deve ter escutado algum homem dizer que “não gosta de ir ao médico”. Nem sempre é tarefa fácil convencer pais, irmãos, maridos e filhos a fazerem um check-up, rotina tradicional na vida de mulheres – culturalmente mais atentas com o próprio corpo. Para mudar esse comportamento masculino o Novembro Azul foca na saúde do homem em geral – não apenas no câncer de próstata – e reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce de inúmeras doenças.

Segundo a Secretaria de Promoção da Saúde de Blumenau, na faixa entre 20 e 40 anos, a maior parte dos óbitos em homens decorre de causas externas e em homens acima de 40 anos as mortes acontecem em virtude de doenças cardiovasculares e pulmonares, cânceres e diabetes.

Na entrevista a seguir, a coordenadora da Política Municipal de Saúde do Homem, Talira Schütz dos Santos, aborda o comportamento do blumenauense – aproximadamente 49% da população – e a importância de ações preventivas. Confira:

Por que o foco de Novembro Azul deixou de ser apenas o câncer de próstata?
Hoje a gente trabalha o Novembro Azul com relação a saúde integral. Não trabalhamos mais só no foco da questão do câncer de próstata, até por uma indicação do Ministério da Saúde de não fazer mais rastreamento do câncer de próstata em todos os homens. Dados estatísticos mostram que o homem está morrendo muito mais de causas externas (como acidentes e agressões) e doenças cardiovasculares , por exemplo, do que pela questão de tumores. Por isso, a importância de tratar da saúde do homem de forma integral.

Quais ações ocorrem neste mês especial?
Tivemos a caminhada azul, falando de outras doenças masculinas e do diabetes. As unidades de saúde também estão abrindo no sábado e outras ações mais pontuais nas comunidades, que pretendem chamar a atenção e principalmente conscientizar o homem da importância de buscar um serviço de saúde e ter esse autocuidado. Cuidar de si, cuidar da higiene íntima, se prevenir e de se perceber.

Os homens ainda são resistentes em escutar os sinais do próprio corpo?
Sim. O homem acaba tendo esse aspecto sociocultural muito forte. De que não vai adoecer, de achar que a doença não faz parte do corpo dele. Muitas vezes ele vê a doença no próximo, mas não tem a percepção de que o corpo dele também pode adoecer. Acaba não acreditando nessa parte de prevenção, atribuindo esse cuidado a uma fragilidade, de que isso está relacionado à mulher. 

Elas ainda são maioria nos consultórios?
A mulher procura mais o atendimento médico e acaba se cuidando mais. Inclusive, eles (os homens) acham que o cuidado é mais relacionado à mulher e é por isso a gente reforça nas campanhas, para acabar com isso. Para quebrar esse aspecto sociocultural que já vem há muito tempo. Ao se cuidar e se prevenir a mulher acaba vivendo mais que o homem, em média sete anos. A intenção da campanha é diminuir essa expectativa de vida oferecendo, claro, uma vida com qualidade.

Fonte: Jornal de Santa Catarina