Artigo: Somos parte da batalha contra a Covid-19

A saúde suplementar é crucial para o sucesso do enfrentamento da Covid-19. Os seguros e planos de saúde assistem hoje cerca de um em cada quatro brasileiros. São 47 milhões de pessoas, tanto quanto a população da Espanha. É da eficiência e do bom funcionamento da cadeia de serviços irrigada pelas operadoras que depende o êxito conjunto dos sistemas público e privado de saúde nesta pandemia.

Desde o primeiro momento da pandemia, as operadoras têm se movimentado para que o sistema como um todo suporte a enorme demanda que se avizinha. É algo que nem sempre ganha holofotes, mas sem o qual provavelmente o atendimento geral à população estaria em apuros.

É importante ter presente que 90% do que os hospitais privados recebem vêm das operadoras. E, mesmo na crise, eles continuam recebendo e atuando, sobretudo para salvar vidas ameaçadas pela Covid-19. Mais: cerca de 80% do que os laboratórios de medicina diagnóstica arrecadam vêm das operadoras. E eles continuam recebendo e atuando, sobretudo para testar suspeitos de contaminação pelo novo coronavírus.

De tudo o que as operadoras recebem de seus contratantes, cerca de 85% são transferidos para pagar prestadores de saúde, como médicos, enfermeiros, laboratórios e hospitais, entre outros. Outros 10% destinam-se a honrar tributos e salários de milhões de empregados.

É para manter esse sistema em pleno funcionamento e cuidando bem das pessoas que algumas medidas precisam ser tomadas.

Uma delas é a liberação de parte das reservas financeiras, formadas com recursos próprios, que as operadoras são obrigadas a manter para que possam operar em situações excepcionais. Essas provisões existem justamente para garantir a regularidade de pagamentos a prestadores e a continuidade de atendimentos aos beneficiários, mesmo diante dos piores imprevistos em momentos de incertezas. Ou seja, exatamente o que vivemos no mundo hoje.

Nem um único centavo virá de cofres públicos, de benefícios fiscais ou de qualquer outra benesse do Estado. Tampouco será liberado a fundo perdido: cada centavo movimentado para preservar a liquidez do setor de saúde no presente terá de ser reconstituído em reservas e provisões num futuro próximo. Os recursos servirão, fundamentalmente, a um objetivo cristalino: viabilizar pagamentos a prestadores de saúde e, assim, manter o atendimento aos pacientes. Simples assim.

Diante da ameaça de contágio, as pessoas têm evitado ir a hospitais e postergado, o quanto possível, procedimentos médicos eletivos. A atitude também se alinha a determinação oficial para evitar exposição ao vírus e liberar mais estrutura médica e hospitalar para tratar doentes da Covid-19 -o que não se aplica, contudo, a casos que possam colocar a vida dos pacientes em risco.

É evidente que a quase totalidade da procura por procedimentos eletivos que ora está reprimida será atendida tão logo passe a fase aguda da pandemia. Assim, os planos terão de sustentar dois picos de demanda: o atual, para tratamento da Covid-19, já impactado por fortes aumentos nos preços dos insumos e, logo, no custo da assistência; e, mais à frente, para cuidar dos casos represados. Tudo num curto e crítico período de tempo.

Há quem pareça desconhecer tudo isso e, em situações de comoção como a atual, dá asas a ideias que, à primeira vista, podem parecer razoáveis. Mas são péssimas.

É o caso de quem defende a manutenção da cobertura dos planos de saúde em situações de não pagamento das mensalidades durante a crise. Isso seria desastroso, porque cortaria o fluxo de pagamentos às operadoras com impacto imediato a remuneração a prestadores hoje na linha de frente da guerra contra a pandemia. Isso, claro, afetaria o atendimento e colocaria em risco o funcionamento de extensa cadeia de estabelecimentos de saúde.

Enfrentar o novo coronavírus exige racionalidade e coordenação. Os planos de saúde são, mais do que nunca, parte crucial da estratégia e do esforço nacional para cuidar do máximo de pessoas e salvar o máximo de vidas. Sem a saúde suplementar, não há solução para calamidade como a atual.

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Fonte: FenaSaúde.