Desafios da gestão pautaram o 7º Encontro de RH

 As principais lideranças de recursos humanos de companhias seguradoras estiveram reunidas a convite da Escola para debater desafios comuns ao setor, entre os quais inovação, produtividade, educação, tecnologia e a escassez de talentos. O VII Encontro de RH do Mercado Segurador aconteceu no dia 9 de outubro, em São Paulo.

A questão da inovação foi suscitada pela líder de Recursos Humanos para América Latina da Google, Mônica Santos. Segundo a especialista, cujo trabalho foi reconhecido com o Prêmio Top of Mind Estadão de RH em 2011, as duas chaves para o sucesso da empresa são comunicação e opinião.

“A apresentação que é realizada em reunião fechada do Conselho é, depois, assistida pelos 40.000 funcionários da Google. Todos têm acesso a essas informações. Eles também têm espaço para se expressar. Não existe a cultura do ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’. Há muito respeito pela opinião do outro. Esse feedback nos permite refletir sobre questões que não havíamos pensado antes e que podem trazer melhorias para a empresa”, explicou Mônica.

A especialista contou que a Google usa a tecnologia para melhorar a vida das pessoas e que por isso não visa resultados imediatos, mas de longo prazo. A empresa lança mão desse prisma não apenas ao desenvolver seus produtos, mas ao recrutar seus talentos. “O maior erro é contratar alguém que consiga resolver um determinado problema mais urgente, mas que não conseguirá atender a outras demandas no longo prazo”.

Para Mônica, inovar é permitir o erro, sem punição. “É um trabalho de assumir riscos dentro dos processos. Mas se você der liberdade às pessoas, elas vão surpreendê-lo. É importante que se trate as pessoas como adultos”, ressaltou a especialista.

Já o sociólogo e professor da Universidade de São Paulo, Ruy Braga, explicou as raízes políticas e econômicas da insatisfação popular, que evoluiu para as manifestações recentes. De acordo com Braga, sem condições de buscar qualificação adequada, os profissionais recorrem a instituições de ensino de baixa qualidade, com a falsa promessa de que ao conquistar um nível mais alto de escolaridade terão mais oportunidade de aumentar sua renda.

Aliado a isso, o setor de serviços - que mais absorveu mão de obra entre 2003 e 2011 e que paga em média 1,5 salário mínimo - é pouco sensível aos ganhos de produtividade. Ou seja, não importa a qualificação do profissional, o profissional dificilmente terá chances de crescer. Ao mesmo tempo, os setores que oferecem melhores chances de desenvolvimento, como construção civil e indústrias de energia, exigem melhor qualificação e maior produtividade.

Por esta razão, afirmou o especialista, o número de greves vem aumentando no Brasil e não há previsão de o sistema político atender a essa demanda por uma reforma estrutural do mercado de trabalho. A reforma, em sua opinião, deveria incluir o investimento em setores mais sensíveis a ganhos de produtividade.

Autora do best-seller Marketing na Era Digital, Martha Gabriel mostrou como a tecnologia modificou a forma de aprender. Atualmente, há um maior acesso a informações e, com isso, a educação vem se tornando mais informal, com foco nos interesses pessoais. Com tantos estímulos externos, é cada vez mais difícil atrair atenção dos alunos na educação tradicional. Segundo a especialista, as estratégias de educação corporativa devem considerar essa nova realidade, utilizando-se de recursos como aplicativos em suas estratégias.

Reinaldo Amorim e Roberto Martins, ambos da PricewaterhouseCoopers (PwC), apresentaram os resultados do estudo Insurance Banana Skins 2013, desenvolvido em parceria com o Centre for the Study Financial Innovation (CSFI) junto a 662 executivos de seguradoras de 54 países. O principal risco identificado pela maioria foi a regulação.

“A onda global de reforma da regulação, parte originada pelas crises financeiras e pela maior demanda social por transparência, gerou uma preocupação com a possível oneração das indústrias, a inviabilização dos negócios das pequenas seguradoras, o foco da gestão em negócios rentáveis ser desviado, além das incertezas relacionadas à regulação em fase de planejamento”, afirmou Amorim.

Este ano, o risco de desempenho dos investimentos ficou com o segundo lugar, o ambiente macroeconômico com o terceiro, as práticas de negócios com o quarto e as catástrofes climáticas com a quinta colocação. No Brasil, a pesquisa apontou a indisponibilidade de capital humano como a maior preocupação dos líderes empresariais. Embora o risco tenha sido identificado entre os principais nas últimas pesquisas, pouco se fez para minimizá-lo, destacaram os especialistas. O estudo completo pode ser acessado no www.pwc.com.br.

O Encontro foi prestigiado pelo presidente da CNseg, Marco Antonio Rossi, que parabenizou a iniciativa. Segundo ele, é um privilégio para o setor poder crescer acima de 15% ao ano, com potencial de desenvolver nichos ainda pouco explorados. Outra vantagem é poder contar com o trabalho da Escola. “Precisamos de talentos e a Escola possui estrutura e recursos para isso. As áreas de recursos humanos devem encarar a instituição como um instrumento a seu favor, conhecendo melhor suas atividades e trazendo projetos e sugestões”.

Sobre o Encontro. A primeira edição do Encontro de RH do Mercado Segurador aconteceu em 2006, com apoio da Comissão Técnica de RH da CNseg, coordenada à época por Maria Helena Monteiro, hoje diretora de Ensino Técnico da Escola. O evento tem como proposta estimular a reflexão e troca de experiências sobre a gestão de pessoas. Durante o evento deste ano, Maria Helena confirmou que o próximo Encontro será em outubro de 2014, no mesmo local.

Fonte: Acontece - Boletim Informativo da Escola Nacional de Seguros