Menos burocrática e tão nobre quanto a adoção convencional, a adoção de praças vem se tornando prática comum nas cidades do Estado de São Paulo. Esse tipo de ação, que acontece desde 1981, tem se intensificado e ganhou força a partir de 2007.

O último levantamento da Prefeitura de São Paulo mostra que das cerca de 5.000 praças na capital, mais de 750 têm um cuidador particular, e outras 350 têm documentação em análise. E aí vale tudo, pode ser pessoa física, empresa, um grupo de amigos, etc. Importante mesmo é assumir o compromisso de conservar o local. Como contrapartida, fica permitida a instalação de placas com o nome da empresa ou da pessoa que cuida daquele pedaço de natureza.

A manutenção pode ser feita pessoalmente, colocando “a mão na massa”, limpando, podando e às vezes plantando, ou de modo terceirizado, com a contratação de uma ou mais pessoas, dependendo do tamanho da praça, para dar conta das atividades. O segundo exemplo geralmente é utilizado por empresas, que costumam designar alguém exclusivamente para a tarefa, o que acaba favorecendo também a economia e a geração de emprego, mesmo que em pequena escala. 

O publicitário Fábio Martins acredita que a publicidade em praças dá às empresas, além de retorno financeiro, melhor reputação. “Principalmente aquelas empresas que querem falar diretamente com um bairro ou uma região da cidade. O gasto com a manutenção de uma praça é mínimo perto do retorno que a empresa vai ter.”

Para o geógrafo Renan Oliveira, a prática aproxima a vizinhança, que tende a se tornar mais engajada quando alguém da comunidade assume essa responsabilidade.

É exatamente o que acontece na Vila Leopoldina. A Praça Augusto Ruschi, adotada desde 2008 por uma moradora do bairro, atrai mais visitantes e colaboradores que as outras praças da região. Os moradores do entorno elegeram um domingo por mês para realizar café da manhã comunitário e mutirão de limpeza do lugar.

“Dá a impressão de que estamos numa cidade do interior, todo mundo em torno de um só lugar, sempre se reunindo ali e fazendo tudo em parceria, colaboração”, orgulha-se Dora Vergueiro, moradora da Vila Leopoldina.

A Praça John Lennon, na Lapa, é mais uma iniciativa que vem dando certo há alguns anos. Ela foi adotada informalmente há quase 50 anos por um comerciante da região. Depois, a adoção foi formalizada, e o senhor resolveu adotar mais uma praça no mesmo bairro. Além de limpeza e conservação, a praça John Lennon recebe periodicamente sementes das mais variadas espécies.

Passo a passo para a adoção
- Escolher uma área, como praças ou canteiros
- Levar documentos de identificação de pessoa física ou jurídica, comprovante de inscrição no Cadastro de Contribuintes Mobiliários (CCM) e uma proposta de manutenção do terreno 
- Elaborar uma carta de intenção 
- Encaminhar a proposta com os documentos a uma subprefeitura 
- Aguardar até duas semanas para a publicação da carta de intenção no Diário Oficial 
- Aguardar o resultado da avaliação

E, enquanto isso, se preparar para receber uma nova responsabilidade de braços abertos!

Fonte: sustentabilidade.allianz.com.br | Por Ana Krepp