Brasil é o 5º país que mais adotou medidas protecionistas entre as nações do G20

Após décadas de expansão e integração internacional, as preocupações econômicas e sociais em escala local têm encorajado diversos países a voltarem-se para seus próprios territórios, encorajando uma visão mais protecionista, indicando, de certa forma, que o mundo pode agora viver um período prolongado de desglobalização. É o que mostra o levantamento Political and Social Instability da consultoria de risco e corretora de seguros e resseguros Marsh.

Segundo o levantamento, o Brasil é o 5º país, entre as nações que compõem o G20, que mais tiveram ações implementadas para a proteção de mercado entre 2008 e 2016, com cerca de 500 medidas executadas durante o período. No ranking, o país fica atrás apenas dos Estados Unidos, Índia, Rússia e Argentina. Esses valores seguem crescendo, em escala global, ano após ano. De acordo com a pesquisa, a liberalização do comércio está paralisada desde a crise financeira e, no ano passado, as economias do G20 introduziram medidas discriminatórias no ritmo mais rápido desde a crise financeira de 2008, mesmo que muitas delas sejam mecanismos tradicionais de “defesa comercial”.

A razão para o aumento do protecionismo, de acordo com a pesquisa, seria a percepção que os líderes políticos têm a respeito do suposto suporte que tais medidas teriam dado a suas economias quando enfrentaram a grande recessão e quando seus cidadãos tiveram que aceitar a pílula amarga da austeridade, com a promessa de tempos melhores. Na verdade, para muitas geografias, a demanda simplesmente está estagnada em função do aumento da renda de seus indivíduos, que hoje, já se encontram de posse de muito mais bens materiais. Uma nova lógica política está, portanto, em movimento e as empresas precisam começar a pensar a respeito da volatilidade de seus produtos e serviços e as eventuais mudanças em consumo que poderão vir a enfrentar para se adequarem estruturalmente.

Outro indicador que sustenta essa paralisia do comércio mundial, que se mantém estável desde janeiro de 2015 (figura acima), é a estagnação no volume de embarques de contêineres por meio de portos.

Cenário de incertezas e protecionismo

As pressões políticas internas podem reverberar internacionalmente de outras maneiras. O refrão político de restaurar a grandeza nacional pode ser ouvido em muitos países grandes – por exemplo, os EUA, China, Japão, Rússia e Turquia. Um apelo ao orgulho nacional por parte das elites vulneráveis ​​que buscam restaurar a fé pública em sua liderança pode resultar em infelizes erros no cenário internacional que têm consequências regionais. Além disso, um EUA mais absorvido pelos desafios internos, encorajando o encaixe da atividade econômica e estreitando ainda mais suas ambições de política externa para questões que afetam diretamente os interesses americanos, alteraria as relações de poder efetivas no cenário internacional com ramificações significativas para plataformas de segurança global e Iniciativas de governança regional.

Fragmentação de grandes estados

De acordo com o estudo, as aspirações de soberania podem encorajar a fragmentação política em médio prazo. Ações como o resultado do Brexit, por exemplo, deram nova esperança às forças separatistas na Europa. Na Espanha, o governo catalão reforçou a sua determinação em prosseguir com um Estado independente, apesar da continuada oposição de Madrid; os decisores políticos da Escócia podem usar a clara preferência do povo de permanecer na UE para iniciar um segundo referendo de independência. A Dinamarca, a França e a Itália poderão, por seu vez, seu tempo, sentir a necessidade de referendos da UE.

Outra questão que ganha destaque é que, mesmo na ausência de um efeito dominó do Brexit, outros Estados-Membros podem tentar renegociar a sua relação com Bruxelas, arriscando uma emasculação gradual do projeto da UE. Um Reino Unido forte dinamizaria campanhas separatistas; inversamente, um Reino Unido enfraquecido amorteceria o apetite por estas, como indicado nas pesquisas populares de toda a Europa logo após a votação no Reino Unido.

Fonte: Sonho Seguro | Marsh