Dicas do mês: mesada e educação financeira infantil
No mês em que se comemora o Dia das Crianças, a FenaCap apresenta dicas elaboradas pelo consultor financeiro Álvaro Modernel para ajudar os pais a lidar com a mesada dos pequenos. Um bom começo para ensinar sobre a importância de poupar.
A mesada é ótimo instrumento para a educação financeira infantil. Como todo instrumento, é preciso ser acompanhado de orientações para que o uso seja adequado e proveitoso.
A idade ideal para iniciar a prática da mesada é a partir da alfabetização, quando a criança já está no Ensino Fundamental, por volta dos sete anos de idade.
Dos sete aos oito anos, a periodicidade indicada é a semanal. Entre os nove e dez anos, a periodicidade pode ser mantida semanal ou migrar para quinzenal, preparando a adaptação para o intervalo mensal que será o ciclo com que adolescentes e adultos vão conviver para o resto de suas vidas.
A partir dos dez ou onze anos, as crianças já têm maturidade e capacidade de lidar com prazos mais amplos, como o mensal, e a mesada pode começar a ser paga uma vez por mês, de preferência na data em que pai ou mãe recebem sua principal fonte de renda.
O que deve ser contemplado para uso da mesada pode variar de família para família, conforme o estilo de vida e a rotina da criança. O importante é que as regras sejam claras e a criança deve saber e aprender a respeitar o que pode e o que não pode fazer com o dinheiro da mesada.
Introduza a mesada com pagamento em dinheiro. Deixe a criança familiarizar-se bastante com o manuseio, uso, gasto, troco, guarda. Somente após assegurar-se sobre o bom entendimento do uso do dinheiro em espécie é que os instrumentos como cartão de débito e mesada eletrônica devem ser introduzidos.
Dúvidas comuns aos pais:
A mesada pode sofrer variação conforme as notas?
Não é recomendável. Estudos, deveres escolares e pagamento da mesada devem ser independentes.
Crianças que recebem mesada podem continuar recebendo dinheiro extra dos pais?
Melhor não, para que aprendam a lidar com limites estabelecidos, esperas, prazos, necessidade de escolhas e outros fatores relacionados a quem tem renda fixa. Exceção pode ser feita nas contribuições para formas de poupança, moedas para o cofrinho e, eventualmente, para ajudar a completar valor para o qual a criança venha demonstrando determinação para alcançar, ou mesmo esporadicamente, para ajudar a aliviar o "orçamento".
Crianças que compram o lanche na escola devem ter o valor previsto incorporado ao da mesada?
Melhor não. Isso para evitar que as crianças deixem de lanchar para usar o dinheiro em outras coisas como a compra de figurinhas ou para outro objetivo. As verbas devem ser separadas. Caso ela opte por não lanchar algum dia, deve devolver o dinheiro aos pais.
É positivo a criança economizar todo o dinheiro da mesada com frequência?
É um sinal de alerta para o qual os pais devem ficar atentos. Ser muito econômico ou agarrado demais ao dinheiro é tão ruim quanto ser muito desapegado e gastador demais. Em casos de extremos é bom consultar um profissional da área de psicologia para avaliação.
Se os filhos eventualmente tiverem iniciativas para ganhar mais dinheiro, podemos aumentar a mesada?
A mesada não deve exigir contrapartidas em atividades, pois não é salário. Se as próprias crianças tiverem iniciativas nesse sentido e não prejudicar os estudos nem o tempo de lazer e descanso, isso pode ser visto como positivo, mas não tem relação direta com educação financeira, é uma atitude empreendedora que pode ser igualmente valorizada.
Quando os pais atrasam o pagamento da mesada, devem pagar multa ou juros?
Sim, pela ótica da educação financeira isso é recomendável. Pode ser um valor simbólico. Conforme a idade da criança, elas podem ajudar a calcular, de preferência a partir de cálculos simples, como um valor fixo preestabelecido, por dia de atraso, algo como um ou dois ou cinco reais de multa, mais juros de dez, vinte ou cinquenta centavos por dia de atraso. Uma boa oportunidade para praticarem a tabuada e fazerem exercícios de matemática. Caso elas peçam adiantamento, a regra deve funcionar de maneira semelhante. Sempre com regras claras e combinadas com antecedência.
Fonte: CNseg