Entrevista: Lúcio Flávio de Oliveira - VI Fórum Nacional de Seguro de Vida e Previdência Privada

Executivos e especialistas do setor vão debater tendências desse mercado que está em franco desenvolvimento no Brasil e no mundo. Em entrevista ao portal Viver Seguros, o presidente da Comissão Organizadora do VI Fórum e presidente da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio de Oliveira, antecipa os principais assuntos que serão discutidos e destacados no evento.

Qual a importância da realização do VI Fórum de Vida e Previdência Privada?

O Fórum Nacional de Seguro de Vida e Previdência Privada é realizado a cada dois anos. É o maior evento do setor e reúne as principais lideranças e especialistas para debater e trazer reflexões a cerca do desenvolvimento desse mercado no Brasil e no mundo. Selecionamos para participar do VI Fórum grandes nomes internacionais como Craig Churchill (Microinsurance Network) e Michael McCord (The MicroInsurance Centre), especialistas em novos mercados, e temas pertinentes para a indústria, entre eles, longevidade, relacionamento com clientes, mídias sociais, educação financeira, microsseguros e desafios econômicos para a próxima década com participações de Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, e Gustavo Franco, economista e ex-presidente do Banco Central.

Um dos principais temas a ser discutido no VI Fórum é o aumento da expectativa de vida. Qual o efeito desse fenômeno no mercado segurador?

Esse é um tema que atualmente pauta o nosso setor. O aumento da expectativa de vida e a inversão da pirâmide demográfica trouxeram desafios para as seguradoras. Planos de previdência e seguro de vida são produtos de longo prazo. Nas três últimas décadas, no período de altos índices de inflação no país, esses mercados foram constituídos por quem tinha condições financeiras melhores. As pessoas com renda menor não tinham a possibilidade de fazer um planejamento para o futuro. Com o controle da inflação e a mudança no cenário econômico, melhorou a oferta de produtos e estimulou os brasileiros não apenas a constituírem patrimônios como também a buscarem proteção. Importante lembrarmos também o fator geração Y (nascida pós 1980) que está entrando no mercado de trabalho, e é uma excelente oportunidade para criar a cultura do longo prazo no Brasil. As seguradoras estão vivendo um momento oportuno para oferecer à sociedade produtos e serviços para uma longevidade com qualidade de vida. Temos também o aumento da classe C e estamos desenvolvendo produtos adequados para esse público, com tíquete médio menor, e treinando a força de vendas para deixar claro, por exemplo, que previdência é um produto financeiro de longo prazo.

A educação financeira tem sido um tema recorrente entre as diversas iniciativas do setor.

A educação financeira é fundamental para a estabilidade financeira das famílias e também para a sustentabilidade dos negócios das seguradoras. Por isso intensificamos nossos esforços para adequar os produtos às necessidades dos novos perfis de pessoas que buscam proteção ou formação de poupança. Isso abriu caminhos para outros desafios. Por exemplo, a FenaPrevi tem realizado diversas reuniões com o objetivo de encontrar a forma mais produtiva de investir em educação financeira, seja dentro das escolas e em comunidades, em diversos níveis de atuação, da criança ao idoso.

As ações de educação financeira vão de encontro com as inciativas de relacionamento com consumidor?

Sem dúvida. As relações de consumo sempre estiveram na pauta das empresas do setor. As atuais políticas de comunicação primam pela transparência, linguagem mais simples, evitando excessos na utilização de termos técnicos para tonar o produto mais interessante e atraente, sobretudo para aquelas pessoas em ascensão social, a nova classe média. Há ainda os canais de Ouvidoria e a utilização de ferramentas das redes sociais. A internet e as redes sociais mudaram o comportamento dos consumidores nos últimos anos, especialmente as gerações Y (nascida pós 1980) e Y (nascida pós 1995). É preciso estreitar o relacionamento com esse público e responder às suas expectativas com mais agilidade. Desenvolver e criar produtos e serviços adequados a esse público é fundamental para o crescimento do mercado de seguros. A indústria de seguros tem de representar, acima de tudo, um valor de confiança. Ou seja, é possível falar de maneira mais simples, mostrar que nossos produtos não são complexos como se imagina. A boa comunicação estreita o relacionamento com o consumidor.

Microsseguro também será tema do evento?

Sim. Microsseguro foi o principal ganho do setor. Isso abriu caminhos para oportunidades e também mais desafios de simplificação do setor, pois é um produto voltado para classes C e D. O princípio básico do microsseguro é que o produto possa chegar ao consumidor com um custo acessível e com linguagem de fácil compreensão e entendimento. Esses e outros temas serão discutidos e aprofundados durante os dois dias do VI Fórum Nacional de Seguro de Vida e Previdência Privada.

Fonte: Viver Seguro OnLine