Estímulo à diversidade combate desigualdade do mercado de trabalho, diz a ativista Djamila

No painel "Diversidade como diferencial estratégico", realizado durante o Seminário de Riscos e Oportunidades Emergentes, que acontece paralelamente à 8ª CONSEGURO, no Rio, a ativista social Djamila Ribeiro ministrou palestra sobre o papel das políticas de estímulo à diversidade no combate à desigualdade do mercado de trabalho. Segundo ela, a implantação de políticas afirmativas não se restringem hoje à esfera da justiça social, mas também impactam diretamente o resultado financeiro das companhias. "A promoção da diversidade precisa fazer parte da ética de responsabilidade das empresas", afirmou ela.

Entre os debatedores do painel houve praticamente um consenso de que, embora ainda haja muito o que fazer, o mercado de seguros está no caminho certo. “Nós trabalhamos com proteção. A nossa ferramenta é a solidariedade!, sintetizou a presidente da FenaSaúde, Solange Beatriz Palheiros Mendes.

Ela revelou que a CNSeg está “engajada” nesse tema e contratou, inclusive, uma empresa de RH que recruta pessoas com necessidades especiais. “Neste evento, quatro dessas pessoas estão trabalhando”, acentuou.

A presidente da FenaSaúde lamentou, contudo, o fato de muitas mulheres ainda não se reconhecerem com valor: "Essas mulheres acreditam que não merecem reivindicar reajustes de salários ou pleitear um cargo porque, por exemplo, precisam faltar ao trabalho para levar o filho ao médico. Mas, não é assim", observou.

Já o CEO da Zurich Seguros, Edson Franco, apontou para a necessidade de se criar mecanismos que facilitem a inserção de idosos no mercado formal de trabalho. Ele citou o resultado de pesquisas recentes apontando que 85% dos idosos que trabalham estão no mercado informal. “A média nacional para todas as faixas etárias é de 40%”, salientou, acrescentando que as reformas da Previdência e Trabalhista deveriam tratar de “questões modernas” como essa.

Para ele, é fundamental também que as empresas, em geral, tratem dessa questão da diversidade, seja sob o foco econômico, “por que já foi demonstrado que há um retorno positivo”, ou simplesmente pela questão ética. “Nossas equipes precisam ter diversidade de raça, gênero e pensamento”, declarou.

Por sua vez, o presidente das áreas de Auto, Seguros Gerais e Affinities do grupo Banco do Brasil e Mapfre, Luiz Gutiérrez, disse que a sua empresa criou um conselho de diversidade com a participação efetiva de membros da diretoria. O conselho, que busca também obter o engajamento de todos os colaboradores, usa o slogan “Diversos somos únicos” como um mantra. “Precisamos todos fazer algo. Devemos respeitar e ter orgulho do que somos. Buscar uma sociedade melhor, mais justa, mais livre e feliz”, assinalou.

Na avaliação de Luiz Gutierrez, devem partir do "topo" das empresas as decisões sobre essa questão de inserção e diversidade. Para ele, é importante também acompanhar a implementação dessas decisões sempre que possível.

Visão semelhante foi apresentada pelo COO da AIG Seguros, Luis Ricardo de Almeida, para quem, quanto mais esse assunto for discutido, melhor para a sociedade. “Sugiro que todos vejam um filme de 1960, “Se o meu apartamento falasse”, que tem como cenário o escritório de uma companhia de seguros. É bom ver com as lentes de hoje e se surpreender como evoluímos”, frisou.

Sobre a possibilidade de adoção, no Brasil, de programas de diversidade adotados por grandes grupos estrangeiros em suas matrizes ou em outros países, Almeida se mostrou contrário. “Esses programas são interessantes, mas nem sempre se aplicam à realidade local”, argumentou.

No mesmo painel, a presidente da Comissão de Assuntos Jurídicos da FenSeg e líder do GT de Diversidade e Inclusão da CNSeg, Ana Paula de Almeida Santos, apresentou a cartilha "Boas Práticas Para Diversidade no Mercado de Segurador", lançada na ocasião.

O debate teve como moderadora a jornalista Flavia Oliveira, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN e comentarista da GloboNews.

Fonte: CNseg