Longevidade afetará custos de previdência e de saúde em todo o mundo
Muitos desafios estão a caminho com o processo de envelhecimento da população mundial. Não só são esperados gastos explosivos na previdência pública, ajustes na previdência privada em linha com o aumento da expectativa de vida, e maior frequência de uso dos equipamentos de saúde. Nem o emprego será poupado dos impactos das mudanças demográficas. E, em consequência, precisam ser pensados mecanismos para equilibrar despesas e receitas nessas áreas. “A transição demográfica é irreversível e afeta a todos os países, industrializados ou em desenvolvimento, mesmo que em proporções e momentos diferentes”, lembrou o especialista em Seguridade Social para as Américas da Organização Mundial do Trabalho (OIT), Helmut Schwarzer.
Para ele, o envelhecimento da população passará a ser um problema comum de muitos países, inclusive e sobretudo do Brasil, onde o processo de transição demográfica, que combina queda na taxa de fecundidade e aumento da expectativa de vida, é mais acelerado que o resto do mundo, o que significa dizer que haverá menos jovens no mercado de trabalho para custear aposentadorias e pensões dos inativos. Hoje, existem nove pessoas na população de idade ativa para cada um idoso inativo no mundo; em 2050 serão quatro para cada um, mas o Brasil deverá ficará abaixo deste piso, afirma o especialista, um dos palestrantes do seminário “O futuro do mercado de previdência, seguros e de resseguros”, realizado pelo jornal Valor Econômico nesta quarta-feira, 28, no auditório do BNDES, e patrocinado pela CNseg, Abrapp, IRBBrasil RE e Instituto San Tiago Dantas de Direito e Economia.
Ou seja, “a relação de dependência entre as gerações começa a ser quebrada, com as profundas mudanças demográficas que o mundo convive, e mais acentuadas no Brasil. E o pacto intergeracional, que é a base do seguro social no mundo, terá terminado. Por isso, a discussão que se faz atualmente é saber como a sociedade vai financiar o aumento da longevidade, considerando-se a redução de crescimento demográfico”, destacou Nilton Molina, presidente do Conselho de Administração da Mongeral Aegon, durante a fase de debates.
No trabalho, acrescenta Helmut Schwarzer, há muito reflexos. O mais óbvio é o alongamento das pensões e aposentadorias, seguido de tendência de envelhecimento da mão de obra, mudança no perfil de riscos de acidente de trabalho e aumento das doenças ocupacionais nas próximas décadas. Tais fatores exigem políticas de cuidados e prevenção de doenças de longo prazo, algo pouco discutido atualmente, mas que devem estar na agenda nos próximos anos. Antes disso, a OIT, que discutiu profundamente os efeitos da longevidade em seu relatório do ano passado e o chamado bônus demográfico, lembra que os governos de todo o mundo têm o desafio de criar 600 milhões de novos empregos em 2020 para atender o contingente de desempregados e de jovens em idade ativa. Não é tarefa das mais fáceis, mas a recomendação é que haja equilíbrio na política de incentivo ao emprego, ao lado de ações de proteção social. Aí incluídas ações de estímulo ao emprego de pessoas com idade mais avançada. E ter em conta que a população com mais de 60 anos representará mais de 20% dos habitantes do planeta.
Fonte: CNseg