Políticas consistentes para o agronegócio e seguro rural
Quando um produtor do agronegócio perde sua safra por qualquer problema, seja em razão do clima ou falta de infraestrutura para o escoamento da safra, todos perdem. Com essa afirmação, o ex-ministro da agricultura, Roberto Rodrigues, sintetizou a importância do envolvimento do Governo e da iniciativa privada em prol de uma política consistente para o seguro rural no Brasil, em sua palestra no 2º Encontro Internacional de Resseguro, que acontece hoje no Rio de Janeiro.
“Se o produtor perde, estoura no bolso do consumidor. O prejuízo de não exportarmos mais é do Brasil inteiro, pois todos perdemos ao encarecermos a nossa produção”, ressalta Rodrigues, coordenador do GV Agro.
O agronegócio representou 22% do PIB do Brasil, com Insumos participando com 11%, agropecuária com 28,8%, agroindústria com 28,5%, distribuiçã com os 30,9% restantes. O setor emprega 37% da população brasileira e representou 37% da importação. O saldo comercial foi de US$ 79 bilhões. E do Brasil inteiro, de US$ 19 bilhões. Ou seja, sem o agronegócio, a balança teria ficado deficitária.
Diante disso, ter uma política de seguro consistente é de vital importância para um setor de tanta relevância para o Brasil, afirmam Rodrigues e Cristina Ribeiro, subscritora sênior de agricultura da Swiss Re.
Segundo ela, 40% da produção de algodão e cana em 2012 foi perdida pela seca. “Imagino o impacto disso na produção da cadeia do agronegócio. Nos EUA, também tivemos perdas importantes com milho e soja”, citou.
Em função disso, afirmam os especialistas, o Brasil tem desafios ligados à política pública para incentivar a iniciativa privada a alocar mais investimentos na criação de produtos e serviços acessíveis aos participantes da cadeia de agribusiness.
"É preciso ter políticas duradouras, que se tenha previsibilidade do orçamento do prêmio do seguro, que são altos. Cabe ao setor privado, resseguradores e seguradoras, a desempenharem bem o seu papel nesse setor”, afirmou Cristina.
O volume de prêmios de seguro rural em 2012 foi de R$ 500 milhões, praticamente um terço do que é produzido na América Latina em seguro agrícola. Dos prêmios totais de US$ 750 milhões na região, Brasil, México e Argentina são os grande players do mercado.
Segundo Rodrigues, o Brasil tem um entrave para crescer no mercado agrícola, que é a falta de recursos. Temos 53 milhões de hectares plantados com grãos, sendo que menos de 10% estão cobertos pelo seguro. “Estamos conscientes do quanto governo e iniciativa privada têm feito para expandir o programa de seguro rural e gerar estabilidade de renda do produtor. Mas ainda é preciso intensificar as ações e gerar políticas estáveis para que o setor privado possa investir nesse segmento”, argumentou Cristina.
Questionado sobre se as cooperativas agrícolas poderiam atuar como seguradoras no Brasil, Rodrigues afirmou que isso é possível, desde que a atividade seja regulamentada por um órgão regulador, com regras adequadas para manter o mercado competitivo e saudável.
O ex-ministro da agricultura acredita que o Brasil está chegando perto do momento em que o seguro dará um salto de qualidade. “Tenho um sentimento de que em breve teremos uma participação do Governo como acontece no México, o que trará um grande desenvolvimento para o agronegócio no Brasil”, finaliza.
Fonte: CNseg