Risco de terrorismo cresce e é considerado iminente, afirmam especialistas

O temor de um ataque terrorista no Brasil durante os Jogos Olímpicos existe, mesmo com o sofisticado esquema de segurança desenhado pelo Comitê Olímpico. São inúmeras as medidas para evitar que qualquer acidente aconteça, e, se acontecer, há centenas de planos de contingenciamento. Mesmo com toda a prevenção, o risco é iminente e por isso os envolvidos recorrem ao mercado segurador para ter verba em caso de necessidade de indenizações, reparações e retomada dos negócios. Esse foi o tema da palestra "Riscos para a cobertura de Terrorismo", que aconteceu nesta terça-feira, 5, no 5o. Encontro de Resseguros, que encerra-se hoje no Rio de Janeiro.

Segundo os resseguradores, acostumados a subscrever apólices de terrorismo, como Napoleon Montes-Amaya, subscritor da Hiscox MGA, um dos mais especializados em terrorismo, trata-se de um risco em estado de alerta em todo o mundo. Entre os dados históricos que ajudam a compor os dados estatísticos para calcular uma perda máxima se algo aleatório acontecer, há o que aconteceu durante os jogos no México, m 1968, e na Alemanha, em 1972, em Atlanta em 1993 e mais recentemente a forte atuação do Estado Islâmico com os recentes atentados em Paris e Bruxelas. 

O palestrante destaca que na época, o México estava há 40 anos com o mesmo partido no poder e os estudantes protestavam contra a violência policial. Cerca de 10 dias antes dos jogos olímpicos, sendo a primeira vez que um  país latino era anfitrião do evento, os estudantes organizaram uma manifestação. Houve uma enorme repressão por parte do governo e muitos estudantes morreram. Os números ainda são contestados e a perda para o evento foi gigantesca em todos os sentidos: vidas, financeiros, perda patrimonial de famílias e empresas, além da imagem do país.

“Muitos podem estar se perguntando: E dai? Estamos no Brasil. Mas esses eventos mostram que os terroristas buscam um palco mundial para expor as suas reinvindicações. Segundo ele, os eventos do EI têm cada vez mais sido bem sucedido. Depois da morte de Osama Bin Laden, ficou em pauta uma mensagem deixada por ele: Quanto menor a célula terrorista, maior a chance de sucesso.  A partir disso, os especialistas de resseguro foram contabilizar se essa afirmação tinha fundamento e descobriram que sim. O risco de um ataque com a participação de uma pessoa, tem um índice de 75% para ser bem sucedido. O contrário também é verdadeiro. As chances de um ataque com uma pessoa ser evitado é de 25%. Já com dez participantes, a chance dele ter sucesso é de 5%, pois com mais envolvidos a probabilidade da segurança descobrir é de 95%.

De acordo com Renato Rodrigues, CEO da XL Catlin, o agravamento de risco com terrorismo tem crescido de forma assustadora. Em suas contas, em 2013 foram registrados 9.964 eventos e em 2014 esse número saltou 35%, para 13.463. Em números de vidas perdidas, os números subiram de 17,8 mil para 32,7 mil. “O terrorismo se move. A América Latina era o epicentro nos anos 90. Seis países eram responsáveis pela maioria dos ataques. Se acalmou nos anos 2000, mas se move, e a questão da Olimpíada traz a atenção para o Brasil”, afirma.  A região da América Latina também passou a ter um elevado grau de risco. Chile, Colômbia, El Salvador, Guatemala, Nicarágua e Peru foram responsáveis por 16 mil incidências violentas, contra 15 mil registradas em 136 países. 

Muitas empresas, entre elas shoppings, lojas de varejo, empresas de telecomunicação e serviços como energia e água, passaram a demandar informações sobre perdas com terrorismo em razão dos jogos olímpicos e também com o agravamento da polarização partidária no Brasil. No entanto, para que o seguro terrorismo seja acionado, é preciso que o governo assuma que houve um ataque de terrorismo. No caso das bombas durante a Maratona de Boston, por exemplo, a apólice não foi acionada pois o governo americano não atribuiu o fato ao terrorismo. Na visão dos resseguradores, o MST é uma organização com agenda política estabelecida. Perdas por quebra-quebra estão fora das apólices tradicionais, mas ato de guerra civil, que militares sejam acionados para garantir a ordem e as propriedades podem ser incluídos na cobertura que também contemplam sabotagem, dano com dolo, tumultos e greves. 

Algumas pessoas acham que é terrorismo é um produto muito caro. E acabam não contratando em apólices como cyber risk ou danos operacionais. No entanto, ressalta Rodrigues, os limites são bem mais baixos para o segmento de ramos elementares, com o custo representando algo inferior a 10% do preço total do programa de seguros. Pelo Brasil ter uma regulamentação ainda pouco consolidada, clientes que necessitam de cobertura para terrorismo, como hotéis, empresas de telefonia e  mídia,  buscam autorização do governo para comprar fora do Brasil, principalmente para ter coberturas mais abrangentes e valores de coberturas acima de US$ 1 bilhão. 

Para Marco Castro, presidente do Lloyd’s of London no Brasil, não se trata, neste caso, de falta de inovação dos resseguradores e sim “o que as seguradoras precisam fazer para ofertar o que já está disponível no mercado internacional e ainda não é oferecido aqui”. A perspectiva é de que o tema seja mais discutido para mudanças na regulamentação, principalmente na burocracia para aprovação de produtos, e assim o Brasil possa ter a disposição de todos produtos consolidados nos portfolios e programas de seguros em todo o mundo.

Fonte: CNseg

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