Talk show enumera caminhos da expansão

Os profissionais que participaram do 19º Congresso Brasileiro dos Corretores de Seguros, encerrado neste sábado, após três dias de debates, em Foz do Iguaçu, levam para casa alguns dos ingredientes que não podem faltar na receita de crescimento do mercado segurador. O presidente da CNseg, Marco Antonio Rossi, ratificou aos corretores que há muitas oportunidades de expansão em seguros, apesar de o atual cenário ser mais complexo e desafiador. Rossi participou do talk show que encarregou lideranças e autoridades do mercado de identificar oportunidades de negócios.

Segundo ele, o consumo de seguros ainda reduzido abre as portas para inúmeras oportunidades- o Brasil é nona economia mundial, mas 43º em seguros pelo critério consumo per capita-, mas os corretores deverão rever a forma de abordar os clientes. “É um mundo novo, que consome produtos e serviços de forma diferente daquela que conhecemos no passado”, declarou ele.

Em 2016, mais de 50% da população economicamente ativa será formada pela geração Y (a chamada geração da internet), e nosso desafio será justamente a forma adequada de abordar as pessoas que só usam os meios eletrônicos, assinalou Rossi. “Você, corretor, e nós, seguradores, teremos de ser mais modernos, mais ágeis, proativos, para encantar essas pessoas e tornar mais fáceis as contratações de nossos produtos. Vale lembrar que essas pessoas do mundo novo cobram a presença de um consultor, papel a ser exercido pelo corretor, e querem ouvir sua opinião, o que é melhor e pior em cada oferta. O seguro, não resta dúvida, continuará presente na vida dos novos consumidores, complementando tudo aquilo que o governo não consegue suprir”, afirmou ele.

Para Rossi, outro fator importante para o setor é a presença do secretário executivo do Ministério da Fazenda, Tarcísio Godoy, “uma pessoa que conhece o mercado segurador em profundidade e tem clara ideia das contribuições que podemos dar para atenuar as atuais dificuldades”. “Estamos vivendo um momento ímpar e importante para o fortalecimento do mercado, por ter um secretário com profundo conhecimento de nosso setor. É uma demonstração de que o governo considera nosso mercado relevante”, disse.

Em sua fala, o secretário deixou claro que gostaria de ampliar a utilização das reservas financeiras do mercado segurador, alocando-as em investimentos federais e, com isso, aumentando o papel de seguros. Isso porque, além de cuidar da proteção de pessoas e das empresas, os projetos com eventual participação de recursos das seguradoras contribuem para a busca do equilíbrio fiscal.

O secretário, contudo, ratificou que a medida mais importante do ajuste fiscal é a aprovação da CPMF, mecanismo para alcançar mais rapidamente o equilíbrio das contas públicas. Para ele, a CPMF, ainda que “machuque” a curto prazo, é fundamental para a retomada do crescimento mais à frente. O governo não tem um plano B para recuperar a economia que não se inicie pelo ajuste fiscal, admitiu ele. Ou seja, “receita menos despesa é o nosso ajuste fiscal. Não é mágica, é aritmética. Qualquer outra coisa significará mais impostos para os mais pobres”, afirmou Tarcísio Godoy, durante o talk show.

Para ele, a conclusão do ajuste fiscal é o passo mais relevante para recuperar a confiança dos investidores e, na sequência, a partir da melhoria do cenário macroeconômico, haver redução dos juros, gradual aumento da oferta de crédito e recuperação da demanda.

Ao mesmo tempo, o secretário destacou algumas outras ações para criar um ambiente mais amigável para os investimentos. Citou a retomada da reforma do ICMS e os acordos bilaterais de livre comércio.

Há ainda um esforço para reduzir o nível de proteção da indústria, uma das fontes de desequilíbrio. Na agenda de produtividade, estuda-se um programa de infraestrutura e logística que atraia investidores, incluindo-se aí concessões para aeroportos e a venda de outros ativos.

Ele sublinhou a necessidade de maior segurança jurídica para os investidores, o avanço do processo de simplificação tributária, além de um amplo programa de revisão de gastos públicos. Tudo para melhorar o ambiente de negócios. Nesse sentido, lembrou a chamada agenda Brasil, com mais de 60 itens, inclusive o segmento de seguros, citando a aprovação do VGBL Saúde e diversas reformas em vários segmentos econômicos.

Outro participante do talk show foi o superintendente da Susep, Roberto Westenberger. Ele reconheceu que o quadro econômico é mais difícil para um crescimento muito elevado. Mas afirmou que uma atitude mais proativa dos corretores é fundamental. “A metáfora de que o corretor é a linha de frente de um exército de venda, que luta para conquistar novos territórios, é muito oportuna nesse momento. Ou seja, ele deve deixar de lado aquela postura reativa, de ficar limitado às fronteiras já conquistadas”.

Nesse sentido, pede aos corretores que discutam com maturidade a figura do agente de seguros. Para ele, esta opção pode ser uma arma para proteger o mercado da ação das vendas piratas, por exemplo.

Afirmou que a educação continuada do corretor é outro ponto importante. Isso porque, mesmo havendo proatividade, o mundo torna-se cada vez mais complexo, as surpresas no campo tecnológico não param, exigindo produtos de proteção mais sofisticados e um distribuidor de seguros mais bem preparado para identificar mercados potenciais. Sobre a autorregulamentação dos corretores, ele garantiu que a Susep apoia a medida, reconhecendo que a credibilidade desse profissional pode ser afetada por uma ação desleal isolada. “Um em 80 mil não tendo um comportamento ético pode afetar a reputação de toda uma classe. Daí porque os corretores é quem devem proteger-se. Essa vigilância profissional que interessa a classe é bem-vinda, porque a Susep não tem estrutura para olhar todos. Mas só deve existir uma autorreguladora, que possa atuar como auxiliar da Susep, e não várias”, acrescentou ele.

Outros participantes do painel foram os vice-presidentes da CNseg, Jayme Garfinkel (Porto Seguro) e Patrick de Larragoiti Lucas (SulAmérica) e o presidente da Fenacor, Armando Vergilio. Os dois dirigentes de seguradoras concordam que o mercado segurador vai manter a evolução. “Somos uma indústria privilegiada, na qual 75% dos clientes continuam renovando seus contratos”, afirmou Garfinkel.

“O caminho do crescimento é simples, mas desafiador - menos pelos aspectos macroeconômicos do que pela dedicação necessária ao relacionamento com o cliente. O contato próximo é fundamental para conhecê-lo bem e assim poder oferecer os melhores produtos e serviços”, destacou Larragoiti.

A capacitação e o aprendizado constante têm papel fundamental na ampliação dos horizontes do corretor, acrescentou Larragoiti, para que este profissional possa expandir sua atuação aos diversos segmentos de seguros e ofertar um amplo leque de produtos para a proteção completa do cliente e de sua família.

O presidente da Fenacor, Armando Vergilio, assinalou que neste momento as pessoas precisam mais ainda de proteção e de garantias, e os corretores devem aproveitar as oportunidades trazidas com este cenário. “Nós precisamos consolidar nossa base de representação, de conhecimento, e apoiar o fortalecimento da Susep, que deve ter melhores estruturas. Isso porque a autarquia hoje só consegue fazer a supervisão punitiva, mas não a preventiva, o que seria ideal”, destacou ele, que também cobrou a aprovação do seguro popular de automóvel.

Fonte: CNseg