Um longo caminho até o usuário blindado
Os crimes digitais representam uma grave ameaça para empresas e pessoas. Mesmo assim, os cuidados mais elementares com segurança da informação continuam a ser negligenciados, eventual ou frequentemente, pelos usuários da internet, facilitando a vida dos criminosos digitais. A expansão dos crimes praticados via internet, como furto de identidade; fraude eletrônica (com uso de dados bancários ou cartão de crédito); estelionato digital; golpe de loja online fantasma, de boletos ou aplicativos falsos; pedofilia e pornografia infantil, vazamento de dados, crimes contra honra, racismo, ameaça...até Uber falso criado por quadrilhas especializadas em roubo.
No campo corporativo, dois deslizes podem abrir as portas para as fraudes: o compartilhamento de senhas, algo que a biometria promete encerrar; e o ato de enviar mensagem eletrônica para pessoa errada, tendo o risco do vazamento de informações privilegiadas, sigilosas ou estratégicas.
Justamente para dar uma ideia dos riscos que todos, empresas e indivíduos, estão submetidos ao ligar seu computador pessoal, seu notebook ou seu celular que a especialista Patricia Pinheiro, uma das maiores especialistas em Direito Digital, apresentou palestra a convite da CNseg, nesta terça-feira, 21, assistida por mais de 100 profissionais do mercado segurador. A abertura do encontro foi feita pela superintendente jurídica da CNseg, Glauce Karine Carvalhal, para quem a informação é matéria-prima das sociedades modernas e, na indústria de seguros, algo essencial para o seu bom funcionamento.
Na palestra "Segurança da Informação e Crimes Digitais", Patricia Pinheiro avaliou os riscos das trocas de informações na era da sociedade digital, as perdas potenciais e algumas soluções possíveis para mitigar os prejuízos. Para ela, mudanças de hábitos e um estado de alerta permanente do usuário durante sua navegação são importantes para mitigar os riscos que rondam a internet.
Ela deixou claro que as empresas e pessoas devem ser diligentes em relação à segurança da informação para tentar barrar as fraudes digitais, porque existe uma perspectiva de endurecimento do marco legal no País, ao lado do risco de reputação e de perda dos ativos intangíveis, quando se vira vítima de crimes digitais.
Mas há um longo caminho a ser trilhado até atingir o estado de arte nesse campo, ou seja, o usuário blindado às fraudes. Antes, é mais provável que, nessa seara, as empresas convivam com grandes turbulências, sobretudo com o acesso ao mercado de trabalho da chamada geração millenium nos próximos anos. Estes jovens, hoje com 16 anos, poderão alcançar o poder nos próximos 14 anos, mas, em lugar de prudência e discrição, são adeptos do excesso de exposição, algo perturbador para quem, como ocorre no campo corporativo, precisa manter dados confidências ou sigilosos. Como poderemos convencer esse jovem que hoje é adepto do snapchat, certo de que não terá seu login capturado e seus dados sequestrados, tornando-o mais uma vítima das quadrilhas digitais? “Os hackers invadem computadores e celulares e sequestram dados (uma das principais ameaças de 2015); e as quadrilham usam repositórios digitais, em vez de e-mails, para armazenar grande quantidade de dados”, afirma ela, repetindo que maiores cuidados devem ser sempre adotados na navegação na internet.
Fonte: CNseg