Uma em cada quatro cidades não tem órgão de trânsito

Dados do Ministério das Cidades apontam que somente uma em cada quatro cidades brasileiras tem órgãos municipais de trânsito. Dos 5,5 mil municípios brasileiros, 4,1 mil descumprem a determinação do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e não têm agentes responsáveis pela gestão e fiscalização.

Conforme apurado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), parte dos 1,4 mil municípios que cumprem a legislação não tem agentes suficientes. O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) recomenda um fiscal para cada dois mil veículos. Na capital paulista, por exemplo, e média é de um fiscal de trânsito para cada 4,3 mil veículos.

Acabar com a sensação de impunidade de trânsito só será possível mudando esse cenário, na avaliação do diretor-técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária, Paulo Guimarães. “Na capital paulista, de cada dez mil infrações, uma resulta em autuação. Em municípios com ausência absoluta de órgãos de fiscalização, esse índice tende a ser muito pior”, destaca.

Guimarães afirma que os gestores públicos devem estar cientes de que os problemas do trânsito são diferentes em cada localidade. Daí a necessidade de ações diferenciadas nos municípios.

Provocar a mudança de comportamento nos motoristas é o principal fator que vai contribuir com a redução de infrações de trânsito, segundo o coordenador da Operação Lei Seca no Rio de Janeiro, coronel Marco Andrade. Foi com ações dentro deste princípio que houve redução de 13 pontos percentuais no número de condutores flagrados embriagados em blitze realizadas no estado. “Quantos motoristas passaram por nossas ações ao longo desse período, que não sofreram a fiscalização, mas viram a presença do poder público. E isso interfere na percepção do cidadão sobre a existência desse trabalho e provoca essa mudança de comportamento que é necessária”, diz ele. Em seis anos de operação, mais de dois milhões de motoristas foram abordados.

Os especialistas também são unânimes em afirmar que a eficiência do trabalho no trânsito depende da padronização dos procedimentos e da definição de metas e estratégias pautadas em estatísticas. A transparência como forma de dar credibilidade e legitimidade às atuações também é destacada.

O chefe da Divisão de Planejamento Operacional da Polícia Rodoviária Federal, Edson Nunes, afirma que o papel do cidadão também é importante. “Todos querem mudança, mas poucos querem mudar. A sociedade precisa assumir seu papel”, defende. Além disso, destaca a necessidade de um entendimento diferenciado, por parte da população, sobre as ações fiscalizatórias. “O agente não é inimigo da sociedade. Não fiscalizamos para multar. A questão é que, para muitas pessoas, a mudança de comportamento vem quando pesa no bolso”,

O quadro da PRF é formado por 10,4 mil homens para uma malha viária de 70 mil quilômetros e uma frota de 82 milhões de veículos. Na proporção, há um policial para cada 8 mil veículos.

Fonte: Radar Nacional

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