Os presidentes do SindsegSC: ANTENOR VASSELAI (1984/1986)

É impossível contar a história do mercado de seguros em Santa Catarina sem destacar aqueles que foram protagonistas na sua construção. No caso do SindsegSC – Sindicato das Empresas de Seguros Privados, de Resseguros e de Capitalização no Estado de Santa Catarina –, esse protagonismo tem diversos nomes e sobrenomes.
Entre tantos nomes, está Antenor Vasselai. Conversar com o profissional é como fazer uma viagem pela história do seguro em Santa Catarina. São 67 anos dedicados ao mercado segurador. Vasselai conta que começou a trabalhar com seguro, aos 17 anos, porque tinha uma bicicleta. Se diverte com a lembrança. Trabalhava em uma fábrica de camisas, lá onde é hoje a Unimed, na rua das Missões, em Blumenau. E estudava no Colégio Pedro II, à noite.
Um dia, na hora do recreio, um colega perguntou se alguém queria o lugar dele na AJAX, uma corretora de seguros, porque ele iria para Florianópolis, para frequentar a escola militar.
Conta que nem sabia o que era seguro, mas se interessou, foi até a empresa e fez o cadastro para a vaga.
Dias depois foi chamado e informaram que ele havia sido aprovado. Foi quando perguntaram se ele tinha uma bicicleta. Ele respondeu que sim. Então, por causa disso, foi admitido, porque era para ser office boy, e precisaria da bicicleta para se deslocar até as empresas como Garcia, Hering, Teka, para entregar correspondências.
Ele conta que quase ninguém fazia seguro naquela época, não havia essa cultura. As pessoas diziam: “Ah, eu vou fazer seguro para deixar para minha esposa casar com outro quando ficar viúva?”.
Já as empresas de descendentes de alemães, segundo ele, faziam seguro: “O descendente de alemão, o anglo-saxão, a cultura deles é outra, muito diferente”.
Vasselai conta que quando começou na AJAX, o Banco do Brasil, que era um banco de fomento, tinha uma carteira chamada Carteira de Crédito Industrial, mas os bens dados em garantia não tinham seguro. Foi então que a AJAX fez um convênio envolvendo todas as seguradoras do país e a Corretora fazia o seguro desses bens dados em garantia ao Banco.
Viajava pelo estado: “Eu entrei com 17 anos e já com 20 anos eu estava viajando, fazendo inspeções nos riscos do Banco do Brasil, eu era inspetor de risco”.
Para se ter uma ideia, ele conta que quando viajava para o oeste, ficava três, quatro meses, sem voltar para casa, porque as estradas eram muito precárias. Para ir a Chapecó, por exemplo, ia de Blumenau a Lages, de Lages a Joaçaba, e de Joaçaba a Chapecó.
Ele ficava fazendo inspeção nessas indústrias que tinham contrato com o Banco do Brasil: “Tinha muita serraria naquela época, lá no oeste era tudo madeira”.
Antenor Vasselai lembra que havia muita dificuldade, por exemplo, com a cláusula de rateio. Não se explicava ao segurado que se ele segurasse apenas metade do valor do prédio, em um seguro de incêndio, na hora do sinistro ele receberia apenas metade da indenização. Ele diz que “O mercado segurador sofreu um desgaste violento por causa de negócios como esse. Ninguém explicava isso para o segurado, com medo de perder o seguro”.
Ficou na AJAX de 1957 a 1968.
Em 1968 foi trabalhar na filial da Companhia Piratininga de Seguros, em Blumenau. Era gerente de produção do estado.
Em 1970 foi promovido a superintendente da região sul.
Conta que fez um trabalho muito grande no Paraná e no Rio Grande do Sul e por isso foi transferido para São Paulo, para ser superintendente geral de operações.
Só que ele não gostava de São Paulo, e todo fim de semana recebia uma passagem aérea para voltar para Blumenau. Vinha na sexta-feira à noite e voltava no domingo à noite. Ficou assim durante três anos. Mas, em 1974, casou-se com uma blumenauense e decidiu regressar para a sua cidade.
Em 1975 foi para a Companhia Paulista de Seguros. A empresa, apesar de seus 90 anos, ainda não operava em Santa Catarina. Foi ele quem iniciou as operações no estado, começando por Blumenau. Fez a opção por uma empresa que ainda não tinha presença local, para fazer do jeito que ele queria.
Começou a trabalhar num pequeno escritório, na casa dele, sozinho, sem telefone (porque na época não tinha). Ele lembra que para se conseguir um telefone pagava-se quase o valor de um carro e tinha que esperar até cinco meses.
Para falar com a empresa, em São Paulo, ia até a telefônica, no bairro Ponta Aguda. Às vezes, levava até uma hora para conseguir a ligação. Mas depois de três meses conseguiu um telefone.
Começou a visitar os corretores, que ele considera o grande cliente das seguradoras. Ele já conhecia todos os profissionais e eles começaram a lhe dar contratos.
Com o tempo, foi admitindo funcionários e pôde alugar um escritório.
Como era muito bem relacionado e obteve sucesso em Blumenau, começou a abrir escritórios regionais, como Criciúma, Florianópolis, Joinville, Joaçaba, Chapecó e Lages.
Pelo excelente trabalho, foi promovido a diretor da região sul. Até que a Companhia Paulista foi vendida para um grupo americano, a Liberty, em 1995.
Nessa época, o Paraná e o Rio Grande do Sul já estavam bem desenvolvidos no seguro e a empresa decidiu constituir um diretor para cada estado.
Então, ele passou a ser diretor para o estado de Santa Catarina.
Em 2002, novamente a Liberty decidiu colocar apenas um diretor para a região sul e o convidou para o cargo. Como ele já tinha mais de sessenta anos, não aceitou. Foi quando se afastou da operação da Companhia.
Mas, devido ao excelente trabalho, manteve um contrato de assessoria com a empresa, que posteriormente foi vendida para a HDI, que também renovou o seu contrato de assessoria.
Um registro importante destacado pelo senhor Vasselai, foi o Decreto-Lei nº 73, de 1966, que tornou obrigatório 20 seguros, no entanto, cada seguro dependia regulamentação. Foram logo regulamentados o seguro contra incêndio, transporte, e responsabilidade civil obrigatória contra terceiros, em seguro de automóveis, que cobria um valor para danos materiais e um valor para danos pessoais. Porém, quem fazia esse seguro eram os despachantes, não os corretores. E havia, segundo ele, uma concorrência predatória. Enquanto uma seguradora oferecia 5% de comissão, outras ofereciam 10, 15 e até 20% de comissão, pelo mesmo seguro.
Nas palavras de Antenor Vasselai, “esse seguro contra terceiros praticamente quebrou o mercado segurador brasileiro, porque se costumava inverter a culpa, nos boletins de ocorrência, e as seguradoras eram obrigadas a pagar sempre os valores mais altos, no acidente”.
Então, nos anos 70, se criou o DPVAT, que só cobre danos pessoais. E foi criada uma seguradora para administrar, a Seguradora Líder.
No entanto, ainda hoje, alguns desses 20 seguros obrigatórios não foram regulamentados.
Ele destacou também a regulamentação da profissão de corretor de seguros, em 1995.
Para os corretores que já atuavam, na época, bastava que comprovassem o recebimento de comissão antes da sanção da Lei, para que a Susep os habilitasse como corretores oficiais.
Mas para os novos, foi criada a Escola Nacional de Seguros, no Rio de Janeiro. O senhor Vasselai, já no Comitê, começou a trabalhar para que se realizassem cursos de corretores, em Santa Catarina. “Só que, como não era capital, eles não queriam fazer, queriam começar pelas capitais”, ele conta.
Naquele momento ele explicou que, apesar de Florianópolis ser a capital política, a capital econômica era Blumenau. Assim, se conseguiu o primeiro curso para corretores de seguros, no interior do Brasil.
Depois disso, foram realizados cursos em Florianópolis, Criciúma, Joinville, Joaçaba e Chapecó.
Ele mesmo deu aula em matéria de incêndio.
Com relação ao Sindicato, ele lembra que Santa Catarina, nos anos 80, era o único estado que não tinha representação na Fenaseg, a Federação das Seguradoras: “A Federação não aceitava a representação de Comitês”.
Então, quando ele assumiu a presidência do Comitê, em 1984, começou a trabalhar para transformar o Comitê em Sindicato. Mas a Fenaseg exigia que houvesse pelo menos cinco seguradoras com matrizes em Santa Catarina. No entanto, havia somente três: a Companhia Catarinense de Seguros, em Blumenau; a Pátria, em Itajaí, que pertencia ao Banco Inco; e a União do Comércio e Indústria, em Joinville.
Apesar disso, depois de seis anos, a Fenaseg aceitou a transformação do Comitê, para Sindicato.
Atualmente, Vasselai considera que Santa Catarina se destaca no mercado segurador, devido à cultura de seu povo, com fortes raízes germânicas e italianas e, principalmente, ao trabalho realizado pelo SindsegSC.
Esta entrevista foi realizada em 28 de fevereiro de 2024.
Este texto faz parte da Revista Bem Seguro 11ª Edição, uma edição especial e comemorativa dos 100 anos SindsegSC, que está repleta de curiosidades e homenagens a quem fez parte dessa trajetória desde 1924. Ficou interessado em conhecer mais sobre a nossa história? Acesse o site do SindsegSC e confira o conteúdo completo: https://www.sindsegsc.org.br/novidades/publicacoes/33/revista_sindsegsc. Não perca tempo e boa leitura!
Sobre Joelson dos Santos - Escritor Responsável
A Revista Bem Seguro 11ª Edição - Especial 100 anos SindsegSC foi desenvolvida em parceria com o jornalista responsável Joelson dos Santos. Trabalhou em várias emissoras de rádio AM e FM, em Florianópolis, como Atlântida FM, União FM, Antena 1 FM, Rádio Guararema AM. E, em Blumenau, Rádio Nereu Ramos AM, União FM e 90 FM.
Foi apresentador de telejornais, na TV Barriga Verde e TV Cultura, em Florianópolis, e em Blumenau apresentou o Jornal do Almoço, da RBS TV, e o Balanço Geral da ND TV.
É advogado e também atua como Mestre de Cerimonial em vários eventos, como congressos, seminários, formaturas e eventos corporativos.
Sobre o SindsegSC
O SindsegSC – Sindicato das Empresas de Seguros Privados, de Resseguros e de Capitalização no Estado de Santa Catarina, com um século de história, reúne as principais empresas do setor de seguros catarinense. Como entidade líder, desempenha um papel fundamental no desenvolvimento econômico do estado e no fortalecimento do sistema de seguros privados. Além de representar suas associadas, o SindsegSC promove a disseminação da cultura do seguro, contribuindo para o progresso de Santa Catarina. Para a gestão 2025/2028, a entidade é presidida por João Amato.
Fonte: SindsegSC – Sindicato das Seguradoras