Os presidentes do SindsegSC: SÉRGIO PASSOLD (1998/2005)

A história do SindsegSC – Sindicato das Empresas de Seguros Privados, de Resseguros e de Capitalização no Estado de Santa Catarina é também a história de pessoas que, com dedicação e visão, ajudaram a construir o mercado de seguros em Santa Catarina. Cada presidente deixou sua contribuição única, refletindo os desafios e avanços de seu tempo.


Sérgio Passold começou a trabalhar em 1968, aos 15 anos, como menor aprendiz, na Schrader Companhia Comercial, que representava a Boa Vista Seguros e a Santa Cruz.

"Eu fazia tudo que mandavam. Vai lá, faz cópia, faz isso, faz aquilo", Sérgio relembra de sua dedicação inabalável.

Nos anos 60, a tecnologia ainda não tinha moldado o escritório moderno. O mimeógrafo a álcool era uma ferramenta comum, e lidar com ele, uma tarefa indesejável, devido à sujeira que causava. No entanto, para ele, era uma oportunidade de aprendizado: "Sempre o estagiário, o aprendiz, ele começa pegando essas coisas de baixo. Daí que eu comecei a aprender", compartilha ele, destacando a importância de cada experiência na construção de sua expertise.

Seu caminho evolutivo o levou a lidar com a documentação de sinistros, uma área onde o papel e a caneta eram os instrumentos primordiais. "Era tudo manual", recorda ele, ressaltando a era pré-digital da indústria de seguros.

Mas sua determinação e competência não passaram despercebidas. Logo, ele assumiu o papel de chefe de departamento de sinistros. Sua ascensão continuou, e ele se tornou o gerente do departamento de seguros da Schrader, agora integrada ao grupo Atlântica Boavista após mudanças na estrutura do setor.

Aos 23 anos, quando se casou, ele testemunhou um marco pessoal: "Antigamente, os executivos, os diretores, os donos de empresas valorizavam muito as tuas atitudes", ele

destaca, apontando para os valores tradicionais que guiavam as decisões de contratação e promoção na época.

O reconhecimento não era apenas baseado no desempenho profissional, mas também nas escolhas pessoais. "Quando você realmente mostrasse que trabalhava direitinho, tá casado ou está quase casado, quer dizer que está realmente na linha de família", explica ele, revelando a mentalidade corporativa da época.

Seu compromisso com o trabalho e sua vida pessoal foram vistos como indicadores de estabilidade e confiabilidade, abrindo as portas para oportunidades de crescimento.

Ali ficou até 1981, quando foi convidado para assumir a filial de uma pequena companhia de seguros, na época, de origem japonesa, a América Latina Companhia de Seguros. Começou sozinho, exercia todas as funções. 

Aos poucos foi crescendo e chegaram a ter mais de 40 colaboradores.

Lembra que na época os gestores tinham autonomia, “tinha caneta com tinta”. E com os bons resultados, conseguia autorização para as mudanças necessárias ao crescimento.

Em 1986, seu excelente desempenho foi reconhecido com uma premiação única: uma viagem ao Japão, onde teve a oportunidade de conhecer a matriz da Tokyo Marine. Encantado com a cultura japonesa e a dedicação ao trabalho, essa experiência ampliou sua visão e inspirou novas abordagens em sua carreira.

Lembra que o escritório era na rua Curt Hering até 1984, quando sofreram grandes perdas por causa das enchentes. E aí mudaram para o nono andar do Edifício Catarinense, onde já funcionava o Sindicato das Seguradoras. Depois, foram para o Master Center, na rua XV de Novembro. E em 2000 foram para as salas externas do térreo do Shopping Neumarkt.

Ao longo de seus 25 anos na empresa, Passold desempenhou papéis essenciais, ascendendo de gerente a superintendente e, posteriormente, a diretor regional Paraná/Santa Catarina. Quando a Tokyo comprou a operação da Real Seguradora, do Banco Real, fizeram um acordo e ele se desligou da companhia.

Foi aí que fundou a América Latina Serviços e Assessoria em Seguros, em 2005, preenchendo uma lacuna no mercado e estabelecendo um novo padrão de operação.

O surgimento das assessorias é lembrado por Sérgio Passold como uma necessidade de redução dos custos das seguradoras, que passaram a ter nas assessorias um braço comercial, oferecendo os seus produtos, e gerando uma despesa administrativa muito menor. Foi a terceirização do trabalho comercial.

No entanto, enfrentaram resistência inicial, tanto ao nível nacional quanto em Santa Catarina, onde as tradições e a concorrência regional apresentaram desafios únicos.

Sérgio Passold justifica o fato por causa da grande concorrência que sempre houve, devido à força econômica das várias regiões do estado: “Blumenau é um polo econômico, Joinville, Chapecó, Criciúma, então os gerentes de cada região preferem fazer o trabalho, sem a participação das assessorias.”

No entanto, nos últimos anos, com o fechamento de filiais das seguradoras, abriu-se oportunidade para o crescimento das assessorias em Santa Catarina.

A aproximação do Comitê Local Catarinense de Seguros foi ainda na Schrader, que representava a Companhia Boa Vista de Seguros, que era filiada ao Comitê, quando surgiu o convite para as reuniões e ele, como gerente, foi indicado para participar. “Eu era a mascote. Eu me lembro que era muito novo e ficava muito mais prestando atenção do que falando”.

Logo depois, na América Latina, continuou indo às reuniões, representando a seguradora e começou a participar de comissões.

Chegou à presidência em 1998, com a saída de Ademir Francisco Donini, terminando o mandato dele. Foi reconduzido à presidência para a gestão 1999/2002.

Ele credita seu sucesso não apenas à sua própria determinação, mas também ao apoio de uma equipe coesa e comprometida. "Era uma família", ele recorda, destacando a importância do trabalho em equipe e da colaboração mútua.

Desde as primeiras reuniões, Passold enfatizou a importância de uma presença pública do sindicato. Era necessário “botar a cara pra fora”. Reconhecendo a necessidade de uma maior conscientização da comunidade sobre os serviços oferecidos, ele e sua equipe desenvolveram uma série de iniciativas para aumentar a visibilidade do SindeseSC, na época. Isso incluiu a disseminação de informações sobre a gratuidade do seguro DPVAT e a participação em eventos como a Feira da Amizade, na Vila Germânica, em Blumenau, onde o sindicato instalou um estande para fornecer orientações e esclarecimentos.

Esses esforços não passaram despercebidos. O SindeseSC, em 2002, foi honrado com um prêmio nacional da Academia Nacional de Seguros Privados, na categoria Prestadores de Serviços, com o case “Trânsito amigo e Cultura do Seguro”, reconhecendo seu compromisso com a transparência e a educação do consumidor.

Outro aspecto significativo da gestão de Passold foi sua abordagem proativa na relação com os corretores de seguros. Trabalhando em estreita colaboração com o Sindicato dos Corretores de Seguros (SincorSC), eles estabeleceram uma Comissão Intersindical de Ética, que resolveu questões importantes e promoveu a cooperação entre as partes interessadas.

Deixou o sindicato em 2005, já que havia se desligado da Tokyo Marine, e Paulo Luckmann assumiu.

Com relação ao mercado, Passold conta que, atualmente, as companhias de seguros estão muito seletivas em aceitar riscos, devido ao relaxamento do consumidor pela manutenção dos seus bens. “A sinistralidade cresceu muito”.

E vê a mudança no perfil dos segurados. Para o automóvel, por exemplo, há a geração daqueles que fazem questão do contato com o corretor. “Mas a geração mais nova, a geração do celular, eles fazem tudo rápido. Então, são mais adeptos dos produtos vendidos pela internet”, ele comenta.

Ainda sobre essas novas plataformas, Sérgio pondera que para o corretor existe receio de que, na hora da renovação, ele seja deixado de lado, e a própria plataforma faça o contato com o segurado.

Passold também reconhece o surgimento de startups focadas em segmentos de mercado negligenciados, como seguros para idosos (60+, 80+). Isso faz com que as grandes seguradoras precisem se adaptar e acompanhar esse movimento, se renovar.

Olhando para a trajetória do SindsegSC, Sérgio Passold aplaude os resultados conquistados por todos os personagens que participaram dessa história. E sobre tudo o que ainda precisa ser feito, diz que o futuro reserva muitas oportunidades para os profissionais do mercado, devendo-se valorizar sempre as boas relações com todas as áreas da sociedade.

A jornada de Sérgio Passold não é apenas uma história de sucesso individual, mas é uma narrativa de comprometimento, visão e colaboração, um testemunho do poder da perseverança, inovação e colaboração na construção de uma carreira significativa e impactante em um dos setores mais dinâmicos e desafiadores da economia.

Esta entrevista foi realizada em 8 de março de 2024.

Este texto faz parte da Revista Bem Seguro 11ª Edição, uma edição especial e comemorativa dos 100 anos SindsegSC, que está repleta de curiosidades e homenagens a quem fez parte dessa trajetória desde 1924. Ficou interessado em conhecer mais sobre a nossa história? Acesse o site do SindsegSC e confira o conteúdo completo: https://www.sindsegsc.org.br/novidades/publicacoes/33/revista_sindsegsc. Não perca tempo e boa leitura!

 Sobre Joelson dos Santor - Escritor Responsável

A Revista Bem Seguro 11ª Edição - Especial 100 anos SindsegSC foi desenvolvida em parceria com o jornalista responsável Joelson dos Santos. Trabalhou em várias emissoras de rádio AM e FM, em Florianópolis, como Atlântida FM, União FM, Antena 1 FM, Rádio Guararema AM. E, em Blumenau, Rádio Nereu Ramos AM, União FM e 90 FM.

Foi apresentador de telejornais, na TV Barriga Verde e TV Cultura, em Florianópolis, e em Blumenau apresentou o Jornal do Almoço, da RBS TV, e o Balanço Geral da ND TV.

É advogado e também atua como Mestre de Cerimonial em vários eventos, como congressos, seminários, formaturas e eventos corporativos. 

Sobre o SindsegSC

O SindsegSC – Sindicato das Empresas de Seguros Privados, de Resseguros e de Capitalização no Estado de Santa Catarina, com um século de história, reúne as principais empresas do setor de seguros catarinense. Como entidade líder, desempenha um papel fundamental no desenvolvimento econômico do estado e no fortalecimento do sistema de seguros privados. Além de representar suas associadas, o SindsegSC promove a disseminação da cultura do seguro, contribuindo para o progresso de Santa Catarina. Para a gestão 2025/2028, a entidade é presidida por João Amato.

Fonte: SindsegSC – Sindicato das Seguradoras