Nem todos os caminhos que levam ao mercado de seguros começam nas grandes cidades ou nos escritórios tradicionais do setor. Alguns têm origem no interior, mas que ainda assim, encontraram seu espaço no mercado de seguros e marcaram seu nome na história do SindsegSC – Sindicato das Empresas de Seguros Privados, de Resseguros e de Capitalização no Estado de Santa Catarina.

A vida de Paulo Luckmann começou em meio à simplicidade do campo, onde até os 19 anos, dedicou-se ao trabalho na área rural e na serraria de seu pai. Contudo, movido pelo desejo de enfrentar novos desafios, em 1977, decidiu mudar-se para São Paulo, em busca de novas oportunidades. Sua primeira tentativa na metrópole foi marcada por dificuldades e desilusões, especialmente com cursos preparatórios que prometiam mais do que entregavam. Depois de 10 dias, com o dinheiro esgotado, Luckmann viu-se obrigado a retornar a Petrolândia, mas não por muito tempo.

Após um mês, com mais recursos e o apoio de seu pai, Luckmann retornou a São Paulo, onde sua sorte começou a mudar. Foi contratado como office boy na Koch Corretora de Seguros, uma empresa de pequeno porte, mas de grande significado em sua vida. Sob a tutela de Darci dos Santos, o proprietário, Luckmann encontrou um mentor: “Um grande professor, aprendi muito”.

Um acidente com o dono da corretora abriu-lhe a porta para se tornar motorista, inclusive levando os filhos do Sr. Darci para a escola.

Logo depois, o encarregado da carteira de automóveis também sofreu um acidente e ele assumiu a função.

Em três anos, Paulo Luckmann alcançou a gerência da corretora, um feito notável que pavimentou o caminho para sua próxima oportunidade, na Vera Cruz Seguradora, onde foi encarregado de cuidar da área alemã, em São Paulo. A área foi criada porque a seguradora Aachen & Munchen havia adquirido 5% das ações da Vera Cruz, na época.

Nos três anos que permaneceu na empresa, casou e teve filhos.

No entanto, ele tinha um desejo de fazer um estágio na Alemanha. A HDI soube desse interesse e o convidou para ir para aquele país. Foi morar em Mainz, próximo a Frankfurt, porque as pessoas do centro-sul da Alemanha eram mais receptivas.

Contudo, um imprevisto no Brasil o fez retornar mais cedo que o planejado: a saída de Antônio Penteado Mendonça, gerente da Hannover, em São Paulo. Luckmann foi convidado a assumir aquela gerência, uma posição que exigia sua especialização no atendimento a empresas alemãs no Brasil.

Após dois anos na Hannover, Luckmann encontrou-se novamente em um ponto de reflexão. Embora tivesse alcançado sucesso profissional, seu desejo por uma melhor qualidade de vida o levou a reconsiderar suas prioridades e trajetória futura.

Foi quando ele foi presenteado com uma oportunidade única pelo presidente da Hannover: a liberdade de escolher um local para a abertura de uma nova filial. Sua escolha, Blumenau, em 1990, marcou o início de uma expansão significativa para a empresa, que logo estenderia suas operações para Porto Alegre e Curitiba.

Sob a liderança de Paulo Luckmann, a região Sul não apenas viu a inauguração de novas filiais, mas também experimentou um crescimento sem precedentes, tornando-se a região número um do país.

Ficou administrando os 3 estados até os anos 2000, quando houve a troca de presidente, assumindo o Sr. João Francisco: “Um profissional fantástico, que me ajudou bastante, me deu liberdade de atuação”.

Nesse período os estados do sul já ostentavam grande crescimento e houve a necessidade de um diretor para cada estado. Luckmann ficou com Santa Catarina, mantendo-se na posição até sua aposentadoria, em 2017.

A aproximação com o Sindicato foi em 1990, quando associou a Hannover à entidade.

Além de suas conquistas corporativas, Luckmann também desempenhou um papel fundamental no Sindicato. Sua chegada coincidiu com um período de grandes mudanças, marcado pela desregulamentação do mercado de seguros: “Antes o preço era igual para todas as seguradoras. Com a mudança, cada seguradora podia estabelecer o seu preço”.

Inicialmente, enfrentou resistências devido às suas ideias inovadoras e sua origem externa. Conta que os profissionais se viam apenas como concorrentes e não havia um bom relacionamento. Gradualmente conquistou seu espaço, contribuindo significativamente para a indústria de seguros, chegando à vice-presidência, na chapa que elegeu Sérgio Passold, em 1998, e à presidência, em 2005.

Uma de suas iniciativas mais notáveis foi a criação da Comissão de Estudos e de Registro de Sinistros Especiais – CERESE. Este grupo tinha como objetivo melhorar a qualificação das oficinas que prestavam serviços às seguradoras, promovendo um ambiente de trabalho colaborativo entre os gerentes de sinistros de diferentes companhias. A iniciativa não apenas melhorou o relacionamento entre os profissionais do setor, mas também desenvolveu soluções conjuntas, beneficiando o mercado como um todo.

Luckmann também manteve a aproximação entre o Sindicato dos Corretores de Seguros e as seguradoras, um movimento que resultou na identificação e exclusão de grandes quadrilhas de fraudadores: “Isso ajudou muito o mercado catarinense”. Essa colaboração, embora tenha colocado ele mesmo e outros em risco – evidenciado por ameaças de morte – fortaleceu o mercado de seguros catarinense, promovendo um ambiente mais seguro e confiável para todos os envolvidos.

Um dos pontos altos da gestão de Luckmann foi a realização do CONSEGUROSC, a primeira Conferência de Seguros em Santa Catarina, em 2006. Este evento, considerado um marco para o setor no estado, só foi possível graças à participação ativa das prestadoras de serviço, que ajudaram a viabilizar os custos. O CONSEGUROSC não apenas ofereceu palestras enriquecedoras e debates sobre temas relevantes, mas também incluiu uma Exposição de Produtos e Serviços, ampliando o conhecimento e as oportunidades no mercado de seguros.

Em 2007, sob a liderança de Luckmann, a sede do sindicato passou por uma reforma significativa, visando a otimização do espaço e a melhoria da comodidade para colaboradores, diretoria e associados.

Além das mudanças físicas, Paulo Luckmann manteve um forte compromisso com as ações sociais, dando continuidade às iniciativas da gestão anterior. A mobilização do sindicato durante a tragédia de 2008 no Vale do Itajaí destacou-se como um momento particularmente gratificante para ele, demonstrando seu compromisso não só com o setor de seguros, mas também com a comunidade em geral: “Eu tinha uma caminhonete grande e fiquei quase uma semana distribuindo cestas básicas e outras doações para as comunidades que foram atingidas. Isso sempre foi muito gratificante”.

Em um movimento para democratizar o networking e o desenvolvimento profissional no setor de seguros, Luckmann fundou o Clube da Pedrinha, em 2017. Havia o Clube da Bolinha, onde participavam os gerentes e diretores. O Clube da Pedrinha serviu para possibilitar a participação dos outros profissionais. Os encontros também ajudaram a melhorar o relacionamento entre os profissionais, promovendo um ambiente de trabalho mais inclusivo e colaborativo.

Após uma carreira distinta e impactante, Luckmann decidiu retornar às suas raízes. Atualmente, vive em Bom Retiro, na região da Serra catarinense, onde se dedica à plantação de soja e à criação de gado para corte. Essa mudança de vida reflete seu desejo de voltar às origens, fechando um ciclo que começou na área rural de Petrolândia. Luckmann expressa uma sensação de realização plena, vivendo uma vida que equilibra o sucesso profissional com o retorno à simplicidade e às suas raízes.

Paulo Luckmann deixa um legado de inovação, liderança e compromisso com o bem-estar social, tanto no setor de seguros quanto na comunidade mais ampla.

Seu desejo para as futuras diretorias é que “continuem a elevar o nome de uma entidade tão importante para o mercado de seguros em Santa Catarina, um estado que sempre foi uma referência na área, graças ao seu robusto polo industrial.

Luckmann, agora afastado dos holofotes do setor, permanece uma figura inspiradora, cuja história de vida serve de exemplo para muitos.

Esta entrevista foi realizada em 12 de março de 2024.

Este texto faz parte da Revista Bem Seguro 11ª Edição, uma edição especial e comemorativa dos 100 anos SindsegSC, que está repleta de curiosidades e homenagens a quem fez parte dessa trajetória desde 1924. Ficou interessado em conhecer mais sobre a nossa história? Acesse o site do SindsegSC e confira o conteúdo completo: https://www.sindsegsc.org.br/novidades/publicacoes/33/revista_sindsegsc. Não perca tempo e boa leitura!

A Revista Bem Seguro 11ª Edição - Especial 100 anos SindsegSC foi desenvolvida em parceria com o jornalista responsável Joelson dos Santos. Trabalhou em várias emissoras de rádio AM e FM, em Florianópolis, como Atlântida FM, União FM, Antena 1 FM, Rádio Guararema AM. E, em Blumenau, Rádio Nereu Ramos AM, União FM e 90 FM.

Foi apresentador de telejornais, na TV Barriga Verde e TV Cultura, em Florianópolis, e em Blumenau apresentou o Jornal do Almoço, da RBS TV, e o Balanço Geral da ND TV.

É advogado e também atua como Mestre de Cerimonial em vários eventos, como congressos, seminários, formaturas e eventos corporativos.

O SindsegSC – Sindicato das Empresas de Seguros Privados, de Resseguros e de Capitalização no Estado de Santa Catarina, com um século de história, reúne as principais empresas do setor de seguros catarinense. Como entidade líder, desempenha um papel fundamental no desenvolvimento econômico do estado e no fortalecimento do sistema de seguros privados. Além de representar suas associadas, o SindsegSC promove a disseminação da cultura do seguro, contribuindo para o progresso de Santa Catarina. Para a gestão 2025/2028, a entidade é presidida por João Amato.

Fonte: SindsegSC – Sindicato das Seguradoras