Mercado de seguros deve crescer 8% em 2026
A CNseg projeta que o mercado segurador brasileiro deverá crescer em torno de 8% em 2026, desempenho bem acima do PIB estimado em 1,95% para o período. A previsão foi apresentada nesta quinta-feira (11), em São Paulo, pelo presidente da Confederação, Dyogo Oliveira, durante coletiva de imprensa de fim de ano. Segundo ele, o setor inicia “a segunda fase do filme”, momento em que passa a enfrentar de forma mais objetiva as causas da baixa proteção no país.
De acordo com as projeções consolidadas pela entidade, o mercado sem Previdência Aberta — métrica usada para neutralizar a forte volatilidade recente desse segmento — deve registrar alta nominal de 8% em 2026, após expansão de 8,5% em 2025. Só o segmento de seguros (excluindo Saúde e Previdência Aberta) deve avançar 8,5% no próximo ano. “Mesmo com incertezas, especialmente na Previdência Aberta, o setor mantém uma trajetória de crescimento consistente”, afirmou Oliveira.
A ausência de projeções para a Previdência Aberta decorre das mudanças no IOF. “Ainda não há como prever o comportamento do consumidor diante da nova regra, que passa a considerar o agregado de aportes em todas as seguradoras. Sem parâmetros estáveis, não é possível fazer uma estimativa responsável”, explicou.
O cenário macroeconômico projetado pela Confederação combina inflação sob controle (IPCA de 4,08%), câmbio médio de R$ 5,38 e queda da taxa Selic para 12% ao fim de 2026. Nesse ambiente, Oliveira afirma que o mercado tende a seguir em expansão. “O setor segurador cresce quando a economia cresce, mas também cresce quando a economia oscila, porque as pessoas buscam proteção. É por isso que seguimos acima do PIB”, disse.
Entre os ramos com melhor desempenho projetado para 2026 estão Automóvel (+7,7%), Habitacional (+10,2%), Garantia (+12,1%) e Transportes (+6,6%). “No automóvel, a entrada de veículos elétricos e híbridos tem reforçado a demanda. No habitacional, o mercado imobiliário vive um ciclo positivo. E, no Garantia, o país tem um volume importante de obras e demandas judiciais que impulsionam o produto”, detalhou.
A exceção ao cenário otimista é o Seguro Rural, previsto para crescer apenas 2,3%. “O rural enfrenta dois desafios simultâneos: inadimplência elevada e incerteza orçamentária”, afirmou.
Apesar das projeções positivas, Oliveira reforçou que o país segue distante de uma cultura ampliada de proteção. Apenas 28,5% da frota de automóveis é segurada; 26% da população conta com assistência médica; 17% das residências possuem seguro; e apenas 7,7% da área cultivada está protegida. “Existem dois mundos: o de quem tem seguro e sabe usá-lo, e o de quem nunca foi alcançado pelo setor. É com esse segundo grupo que precisamos falar mais”, disse.
O presidente da CNseg também citou um episódio pessoal para ilustrar a importância do seguro. “Ontem tive meu carro roubado aqui em São Paulo. Estava segurado. É nessa hora que a gente vê, de forma muito concreta, o valor da proteção”, relatou.
De janeiro a setembro de 2025, o setor pagou quase R$ 200 bilhões em indenizações, resgates, benefícios previdenciários e sorteios de capitalização — alta de 9,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, excluindo Saúde. Para Oliveira, isso reforça o papel social do seguro. “Estamos falando de famílias e empresas que foram amparadas. Seguro é proteção, é estabilidade e é retomada”.
Taxonomia dá base comum para produtos sustentáveis
Além das projeções para 2026, a diretora de Sustentabilidade da CNseg, Claudia Prates, apresentou a Taxonomia Sustentável do Mercado Segurador, um sistema de classificação que define, com critérios objetivos, quais produtos e serviços podem ser considerados sustentáveis. A ferramenta se alinha à taxonomia brasileira recém-lançada e a referências internacionais, oferecendo um arcabouço metodológico comum às seguradoras, reduzindo riscos de greenwashing e padronizando a forma como o setor reporta e desenvolve soluções ASG.
Entre os impactos esperados estão a redução de assimetrias de informação, maior segurança e integridade na oferta de soluções rotuladas como sustentáveis e ampliação da proteção em setores críticos como agro, florestas, cidades e infraestrutura. “A taxonomia torna claro o que é um produto sustentável e dá às seguradoras critérios uniformes para inovar com responsabilidade”, explicou Claudia.
Ela citou exemplos de produtos potencialmente elegíveis: microsseguros de vida voltados a populações vulnerabilizadas; seguros rurais com foco em eventos climáticos extremos e boas práticas ambientais; seguros de automóveis para veículos elétricos e híbridos, com critérios específicos para descarte de baterias e uso de peças recondicionadas; e títulos de capitalização com métricas claras de impacto social.
Fonte: JRS