Salva pelo capacete

BLUMENAU - Ainda sob efeito dos calmantes que tomou para dormir, uma moradora do Testo Salto relembrou ontem de manhã dos momentos que viveu frente a frente com criminosos. O relógio marcava poucos minutos para as 22h de domingo quando a secretária de 46 anos foi vítima de assalto, na frente de casa, na Rua Jorge Wagner.

Ao chegar da visita a um colega, desceu da moto Honda XRE300 que conduzia para abrir o portão. Não tirou o capacete. De repente, viu dois homens pararem uma moto Honda CG pouco antes da casa dela. Naquele instante percebeu que seria assaltada. Minutos antes, ao sair da BR-470 e acessar a Rua Alice Ferreira do Santos no caminho de volta, observou pelos retrovisores se era seguida, como faz de costume, mas não percebeu nada anormal.

Ela tentou abrir o cadeado que trancava o portão para entrar rápido em casa, mas não conseguiu. Um dos bandidos se aproximou e disse a ela, em tom de voz normal:

– Só quero a tua moto.

Numa reação condenada pela polícia, ela reagiu e o criminoso atirou. O tiro acertou o capacete e causou apenas um arranhão na cabeça dela.

Ao ouvir o anúncio do assalto, a secretária jogou a moto em cima do ladrão. O homem se desequilibrou, mas não chegou a cair. A mulher gritou para pedir ajuda e ele foi até o meio da rua. Foi aí que ela viu que ele tinha uma arma na cintura. Ele voltou e, a menos de dois metros de distância, apontou para a cabeça dela e atirou. O disparo acertou o capacete, perto do olho esquerdo. Com o impacto, a mulher caiu no chão. O homem andou calmamente até o local onde o comparsa o aguardava, sem levar a moto dela, e subiu na garupa de outra motocicleta para fugir. A secretária se levantou e apertou a campainha de casa, gritando por ajuda.

– Ele atirou à queima-roupa, se eu estivesse sem capacete, não estaria aqui agora – conta.

O pai dela estava na sala e ouviu o disparo enquanto assistia à televisão. A cadelinha que estava com ele saiu correndo, latindo. Ele imaginou que fosse um rojão. Só se levantou quando a filha tocou a campainha, porque imaginou que ela tinha esquecido a chave. A mãe afirma que tinha receio de que acontecesse algo com a filha:

– Eu já tinha falado pra ela, pra ele (o marido) que tinha medo que ela fosse assaltada aqui no portão. Já aconteceu em outras casas por aqui.

Em fevereiro de 2012, o Santa publicou reportagens sobre a onda de assaltos nos bairros ao Norte da cidade. Na época, a polícia reconhecia a região como área crítica.

Domingo, após o crime, a Polícia Militar fez rondas, mas não localizou nenhum suspeito. A vítima, que preferiu não se identificar, lembra apenas que o criminoso que atirou tinha cerca de 1,70m de altura, era forte e usava jaqueta bege

Polícia orienta a não reagir
Comandante do 10º Batalhão de Polícia Militar, o tenente-coronel Cláudio Koglin orienta que a população não reaja em caso de assalto:

– A gente nunca sabe se tem algum comparsa escondido, nem qual vai ser a atitude de um criminoso quando a vítima reage. Na maioria dos casos, quem reage não tem êxito. Nem mesmo policiais, quando não estão em trabalho, devem reagir.

Ontem, a secretária que foi abordada no portão de casa por um homem armado tinha uma pequena marca na lateral da cabeça, perto do cabelo, causada pela bala e reconhecia que a atitude foi incorreta:

– Foi uma reação de indignação, não fiz certo. Tive muita sorte. Já fui assaltada, fiquei com arma na cintura e não reagi. Desta vez, não sei o que aconteceu.

BO deve ser registrado mesmo se o prejuízo for pequeno
A maioria das pessoas que assalta e furta, expõe Koglin, usa a moto, devido à facilidade em se livrar dos congestionamentos e por causa do capacete. O item de segurança dificulta a identificação de suspeitos.

Coordenador da Central de Polícia e da Divisão de Investigação Criminal (DIC) da Polícia Civil, o delegado Bruno Effori alerta para a necessidade do registro de Boletim de Ocorrência (BO), por menor que tenha sido o prejuízo. Ele salienta que o criminoso pode ter cometido mais crimes e que o documento facilita na identificação.

– O registro do boletim permite que, ao cumprir mandados de busca e apreensão, sejam localizados objetos roubados e que se possa devolvê-los aos donos – explica.

Evite assaltos

- Quando estiver chegando em casa, se observar a presença de estranhos, não pare e passe pelo local ao menos duas vezes para se certificar que não estão a sua espera. Na dúvida, ligue para o 190

- Evite fazer sempre o mesmo caminho

- Se a iluminação da rua está com problemas, peça o reparo. A pouca luz facilita a ação de criminosos

- Se houver alguém em casa, telefone antes de chegar e peça para que as luzes sejam acesas.

Se for assaltado

- Não reaja e mantenha a calma

- Siga as orientações do criminosos

- Grave características que podem ajudar na identificação, como tatuagens, roupas e sotaque

- Se o criminoso estiver de moto, grave o modelo, a cor e o capacete

- Registre Boletim de Ocorrência

Fontes: Polícia Militar e Polícia Civil

 

 

 

 Fonte: Jornal de Santa Catarina