ENA: Novo modelo auxilia na estimativa dos riscos climáticos
Na manhã desta quarta, durante o painel sobre Modelagem de Riscos Climáticos, no “3º Encontro Nacional de Atuários – Novos Desafios Atuariais – Em busca de Serviços e Soluções”, que teve como debatedor Lauro Faria, economista da Escola Nacional de Seguros (Funenseg), a palestrante Patrícia Diehl Madeira, diretora de metrologia da Climatempo, explicou o comportamento do clima no planeta e a perspectiva de aumento da gravidade dos eventos climáticos, notadamente na zona urbana.
Segundo ela, o aquecimento ou o resfriamento na zona do Oceano Pacífico determina a ação do El Niño ou da La Niña sobre o Brasil, ocasionando estações mais quentes ou mais frias, mais secas ou mais úmidas, conforme a região. No entanto, como salientou, os dois fenômenos não se manifestam atualmente, ocasionado um período de neutralidade que deve perdurar ainda por mais seis ou oito meses. “Isso torna mais comum a ocorrência de eventos climáticos mais severos, como tornados, tempestades, geadas, nevascas, enchentes, como os verificados, especialmente em julho e setembro passados, no Sul e no Sudeste do país”, esclareceu.
A impermeabilização do solo, causada pela urbanização, assinalou, é outro fator que “deverá tornar esses eventos ainda mais severos nas cidades, já que estas se tornaram ‘ilhas de calor’, que concentram os extremos, como muito calor e muito frio, grandes precipitações de chuva em poucos dias e ar excessivamente seco”.
Patrícia Madeira relatou as previsões divulgadas recentemente no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), como aquecimento de 0,3 a 4,6 graus na temperatura global no século XXI e listagem das cidades mais suscetíveis a enchentes no mundo (entre as quais não se encontra nenhuma brasileira), e também no Painel de Mudanças Climáticas do Brasil. Neste último, foi apontado o aumento das precipitações no Rio Grande do Sul e elevação das temperaturas no Sul, Sudeste e parte do litoral nordestino, entre outros aspectos.
Por fim, a palestrante apresentou o sistema desenvolvido pela Climatempo – uma empresa de meteorologia que atua há 25 anos no mercado – para auxiliar as empresas seguradoras na avaliação de riscos climáticos. Segundo ela, o trabalho se baseia em modelos hidrodinâmicos norte-americanos – que são compostos por cerca de 30 mil equações – adaptados e aplicados aos cenários brasileiros e permite a visualização das previsões por região, por microrregião e até mesmo por Código de Endereçamento Postal (CEP). “Oferecemos o sistema a empresas e estamos abertos a negociações com as entidades do setor”, assegurou.
Fonte: CNseg