Conhecimento científico deve constar da agenda política já
| Fábio Feldmann, especialista em sustentabilidade e desenvolvimento sustentável |
A construção de um grande pacto social para incluir o conhecimento científico relacionado a questões ambientais ou de saúde pública na agenda política foi a principal proposta apresentada pelo jurista Fábio Feldmann, um dos maiores especialistas em sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Ele fez a palestra de abertura do segundo dia de debates da 4ª Conferência de Proteção do Consumidor de Seguros, realizado em São Paulo, discutindo “Mudanças à vista- que tipo de desenvolvimento queremos?”. Coube à diretora-executiva da CNseg, Solange Beatriz Palheiro Mendes, dar as boas-vindas ao palestrante, destacando suas contribuições na área ambiental e de relações de consumo
Na palestra, ele cobrou responsabilidade e senso de urgência da atual geração na questão de sustentabilidade para evitar que os riscos se agravem ainda mais nos próximos anos. Feldmann deixou claro que, sem mobilização liderada por empresas e sociedade, os temas relacionados à sustentabilidade vão continuar ao largo das discussões do Legislativo, porque seus impactos são de médio e longo prazos e há uma tendência entre os parlamentares de só jogarem luzes sobre questões mais imediatistas.
Essa inércia poderá comprometer seriamente a qualidade de vida da atual e futura gerações. Já há sinalizações nebulosas, lembra ele. “Quem acreditaria, há cinco anos, que haveria escassez de água em São Paulo, levando a uma séria disputa com o Rio de Janeiro para ter acesso à agua que atende o estado vizinho?”, exemplificou
| Solange Beatriz, diretora-executiva da CNseg |
Além dos riscos já conhecidos de alagamentos, inundações, desmoronamentos, em virtude do aquecimento global, alguns temas emergentes já deveriam estar na pauta de discussão, como a poluição dos oceanos e a questão da obesidade. Para ele, está claro que o sistema de saúde público e as operadoras de saúde suplementar vão conviver com novas pressões de custos gerados pelas consequências da obesidade, caso não se adotem iniciativas para racionalizar o grave problema.
Além de leis, o governo pode ter um papel crucial nesses debates. Como exemplo, recorrer à tributação mais severas de produtos que utilizam sódio e açúcar em excesso, optar por licitações sustentáveis, o que seria uma sinalização importante ao mercado. No plano social, o consumo consciente é outra arma relevante. Isso porque, ao fazer opções por produtos sustentáveis, o cliente contribui para uma verdadeira transformação das práticas comerciais, incentivando as mais corretas e punindo aquelas sem compromisso socioambiental.
Fonte: CNseg