O vírus Zika é a mais nova ameaça à saúde pública no Brasil e em vários países das Américas

Causador de doenças que vão desde infecções simples à microcefalia, o Zika é conhecido da medicina há quase 70 anos, tendo sido identificado pela primeira vez em 1947 na floresta de Zika (daí o nome) em Uganda. No Brasil, foi detectado em abril de 2015 e, atualmente, atinge 21 países do continente americano, com exceção de Canadá e Chile. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa vasta ocorrência já é considerada verdadeira pandemia.

Alguns pesquisadores levantam a hipótese de que o vírus chegou ao Brasil trazido por turistas infectados que vieram participar de dois eventos esportivos recentes – o campeonato mundial de canoagem no Rio de Janeiro e a Copa do Mundo de futebol, ambos em 2014.

O exame capaz de diagnosticar o Zika na fase aguda da doença, quando os sintomas ainda estão se manifestando, é bastante complexo e feito somente por laboratórios altamente especializados. No Brasil, apenas três centros de pesquisa públicos, a Fiocruz, o Instituto Evandro Chagas e o Instituto Adolfo Lutz conseguem realizá-lo e repassam a tecnologia para laboratórios públicos centrais (LACENs) de 11 estados do país. Alguns laboratórios particulares estão preparados para fazer outro tipo de teste, sorológico, que acusa a presença de anticorpos para o vírus. O sangue recolhido do paciente é enviado para laboratórios europeus e os valores cobrados pelo serviço variam de 900 a mais de 3.000 reais.

Por lei, os planos de saúde particulares contratados a partir de 01/01/1999, ou os anteriores adaptados à Lei 96 56/98, não precisam cobrir o teste sorológico mencionado acima, mas são obrigados a oferecer procedimentos, exames e tratamentos de uma série de doenças infectocontagiosas, congênitas e até mesmo epidêmicas constantes do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, da Agência Nacional da Saúde (ANS). De acordo com a modalidade e termos definidos no contrato, os cuidados médicos e laboratoriais relacionados aos sintomas do Zika e aos casos de microcefalia vinculados às infecções provocadas pelo vírus são cobertos pelos planos de saúde.

Ter todo o atendimento médico e laboratorial garantido às gestantes e aos bebês que nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal - habitualmente abaixo de 32 cm - representa um alívio para quem tem plano de saúde. A gravidez pode ser mais bem acompanhada e aumentam as chances de certos bebês com a anomalia terem as mesmas expectativas de vida das outras crianças que não possuem a doença. Além de atendimento médico permanente e dispendioso, o tratamento da microcefalia exige sessões de fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional para lidar com sérias dificuldades como o atraso mental, alterações físico-motoras, problemas de fala, hiperatividade e convulsões.

Para a prevenção e proteção no combate ao Zika, o Ministério da Saúde lançou recentemente uma cartilha com orientações básicas para o público em geral, especialmente mulheres em idade fértil e gestante. A publicação recomenda que a população utilize telas em janelas e portas, use preferencialmente calças e blusas compridas e aplique repelente nas áreas expostas do corpo. Quem observar o aparecimento de manchas vermelhas na pele, olhos avermelhados ou febre, deve buscar atendimento de saúde, evitando tomar qualquer medicamento por conta própria.

Mulheres que desejam engravidar devem pedir orientação a um profissional de saúde e tirar todas as dúvidas para avaliar a decisão. Já as gestantes devem iniciar o pré-natal logo que descobrirem a gravidez, comparecer às consultas médicas regularmente e tomar todas as vacinas necessárias.

Para superar a situação grave gerada pelo Zika, é necessário contar com os esforços redobrados dos setores públicos e privados de saúde e a participação de todas as pessoas. É só imaginar a dificuldade de combater o vetor – o mosquito Aedes Aegypti, o mesmo vetor da dengue e da chikungunya – cuja larva pode se desenvolver em pequenos espaços de água parada, como o interior de uma flor.

Baixe a cartilha aqui.

Fonte: SindsegRS